Capítulo 43 - "Oponentes"

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Dona Marta levou apenas alguns minutos para fazer Igor e Patrícia dormirem novamente. E não deixou de alertar que eles logo acordariam.

Por fim, depois de Angelina rever sua vida como poucas vezes havia feito, era hora de fazerem os preparativos finais para enfrentarem os Perpétuos.

Fernanda iria ficar na casa cuidando dos desacordados Patrícia e Igor. Dona Marta lançou alguns feitiços e encantos protegendo a casa dos Perpétuos ou, de qualquer outra criatura que pudesse invadi-la, para impedir que algo de mal acontece a Nanda.

– Aonde vamos? – perguntou Angelina a Gabriel enquanto saiam de casa.

– Para um lugar longe da cidade.

Angelina sabia perfeitamente o motivo daquilo.

Os Perpétuos podiam ser seres malignos e cruéis, no entanto, sabiam que era primordial manter segredo sobre a existência do mundo magico em que viviam. Sabiam que o número de seres mágicos é muito inferior ao de humanos normais, e caso eles chegassem a descobrir tudo, um pandemônio podia se instaurar. Como na época da Caça às Bruxas, aonde algumas bruxas tentaram se sobrepor aos humanos e foram queimadas vivas mesmo com todos os poderes.

– Mais que lugar é esse?

Gabriel e ela caminhavam sozinhos pela rua. O restante havia tomado outro caminho para não chamar muita atenção aquele monte de pessoas andando pelas ruas.

– Já que sua ansiedade é tão grande assim. Segure firme minha mão – pediu Gabriel ao parar e se voltar para ela com uma das mãos estendidas.

Sem pensar duas vezes Angelina segurou em sua mão.

– Siga-me – disse ele antes de tudo se acelerar.

A cada novo passo dado a velocidade que atingiam era maior e maior. Livres, sem nenhum empecilho. Para Angelina, aquele momento foi libertador. O vento batendo em seu rosto, Gabriel ao seu lado e um mundo de possibilidades a sua frente. Tudo ao seu redor não importava, nem mesmo para onde estavam indo, confiava no seu amor e o deixaria guia-la para o infinito.

Tudo foi perfeito até a realidade reaparecer e eles chegarem ao local marcado. A felicidade no coração de Angelina se sessou por um momento e seu sentido de predadora se alertou instantaneamente.

Os ouvidos aguçados dela não conseguiam ouvir carros, crianças na rua, ou construções. Indicando que estavam bem longe da cidade. As coisas que ouvia era o barulho do silencio em meio àquela área cercada pelo verde da natureza.

Eucaliptos esparsos tentavam manter o alto do moro onde estava escondido, mas era inútil. Olhando ao redor, via-se ao longe um rio serpenteando para um mar distante. Olhando para o outro lado, via-se, em um terreno caído, uma verde plantação de soja recém-brotada. O cheiro daquela natureza fez Angelina relembrar as plantações que seu pai cultivava na infância.

Um sentimento acolhedor a fez bem, ao mesmo tempo em que um sentimento de vingança a incentivou.

– Finalmente chegaram – disse Miguel saindo de trás de alguns eucaliptos acompanhado por Maria e Rafael.

– Já estávamos pensando que havia acontecido algo com vocês – acrescentou Rafael.

– Aonde estão meus pais?

– Foram mais seu tio levar a bruxa para um lugar seguro – falou Maria.

– Angelina... – surgiu seu tio Rodrigo pouco atrás deles –, esquecemos de pegar seu sangue e o do Gabriel para o feitiço.

– Qual feitiço? – perguntou ela.

Todos se olharam sem entender.

– O feitiço que bloqueia o poder de absorção dos Perpétuos. – Explicou Rodrigo a olhando intrigado.  

– Hum... – resmungou quando se deu conta do quão boba estava sendo. – Tinha me esquecido.

– Tudo bem.

– Vamos andar logo com isso, logo eles chegaram aqui. Enviei a carta a horas, eles já devem estar por perto. – Interveio Miguel sem muita paciência.

– Dona Marta disse que uma gota de sangue já é o suficiente – falou Rodrigo retirando das costas uma adaga.

– Está certo.

O corte feito em sua mão não foi profundo e seu tio guardou as gotas de sangue em um pequeno recipiente que tinha trazido. O mesmo ele fez com Gabriel.

Angelina não sabia, mas a capacidade de cicatrização de Gabriel era igual a sua. Assim poucos segundos após o corte, tanto sua mão, quanto a de Gabriel, estavam totalmente cicatrizadas. Tendo coletado o sangue, Rodrigo partiu, rápido como uma flecha.

– Pelo que me lembro, para o feitiço funcionar a bruxa não precisava do sangue de um Perpétuo? – questionou Maria coçando o ombro com uma das mãos.

Gabriel e Miguel se entre olharam até Rafael falar:

– O pai da Angelina pediu para eu me encarregar dessa tarefa. Caso entremos mesmo em combate.

Como se todos ali tivessem sentido o mesmo frio na barriga, pela vida de Rafael, ninguém soube o que dizer. Maria foi a única que conseguiu uma maneira de se expressar.

– Tome cuidado, meu irmão.

Em menos de minutos, seu pai, sua mãe e seu tio se juntaram a eles.

Passados alguns minutos o peito de Angelina foi sendo tomado por uma sensação ruim, não sabia o que, mas não gostava dela e teve a vaga impressão de já tê-la sentido antes.

– Olá, Número 8.

A voz fria, calma, aguda e profunda, entrou em sua mente e arrepiou sua alma. Conhecia e temia profundamente aquele ser. Lúcios.

(Porque Angelina teme tanto Lúcios?)

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Até daqui a pouco!

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