Capítulo 11 - "Amizade"

1.3K 161 45
                                    

"Você precisa de alguém?

Eu preciso de alguém para amar

Pode ser qualquer um?

Eu quero alguém para amar

Você acredita em amor à primeira vista?

Sim, tenho certeza que isto acontece toda hora

O que você vê quando apaga a luz?

Eu não posso te contar, mas eu sei que é meu"

(The Beatles - With A Little Help From My Friends)

Angelina estava perdida...

A macieis de seus lábios, a ardência de seu ser a envolvendo e a sua insaciável sede de ter Gabriel para si.

Suas mãos percorriam suas costas, a unhas quase rasgando a camisa branca, enquanto seu rosto era aquecido e controlado pelas mãos firmes de Gabriel. Seus corpos pareciam se fundir em um só. Nada mais ao redor existia, ninguém mais ao redor existia. Somente o que existia era o prazer.

Quando o ar começou a faltar em seus pulmões e a realidade voltar a ter sentido, Angelina e Gabriel se separam.

Ela arfava enquanto sua boca estava completamente úmida e levemente dolorida, seu corpo suava mesmo o lugar estando fresco.

"Quero mais!"

Sua sede em tê-lo somente para ela continuava muita viva e agora parecia mais intensa e insana.

- Isso não podia ter acontecido – disse arfante enquanto sua testa se mantinha ligada à dele e suas mãos agarradas em suas costas, assim como as dele tinha escorrido para sua cintura.

A racionalidade de sua mente começava acorda-la.

- Porque não podia? – Gabriel perguntou, arfante. – Isso foi ótimo! – Falou ao mesmo tempo em que levou as mãos em seu rosto novamente e o segurou como a joia mais preciosa do mundo.

- Não, não posso... – escapou Angelina quando ele se preparou para beija-la novamente.

Mesmo relutante, se libertou do domínio tentador de Gabriel, não podia continuar aquilo! Não devia!

- Paty!

Assim que o sonho terminou, Angelina se deparou com uma Patrícia chocada e chorosa em sua frente, com copos de bebidas que caíram e se quebraram no chão assim que se enfrentaram cara a cara. Nanda estava ao lado da amiga, sem reação.

- Não – pronunciou Paty enquanto as lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, que logo adquiriu um rancor em seus traços suaves.

- Patrícia eu posso explicar – pediu ela indo de encontro a amiga. – Não é nada disso...

- Nada disso! SAI! – O semblante de Patrícia foi dominado pela irá e suas palavras gritadas tiravam qualquer dúvida de seu sentimento.

- Patrícia...

- Você não podia ter feito isso comigo... – as lágrimas agora corriam livremente, a fúria se misturava a tristeza e tudo parecia se transformar em uma coisa só. – Sai! Fora daqui!

Todos estavam olhando a cena quando Angelina percebeu. A música tinha parado e elas tinham se tornado o centro das atenções. Ela tinha se tornado o centro das atenções. Todos a olhavam com certo desprezo, como se assumissem as dores de Patrícia.

- É melhor você ir Angelina – aconselhou Nanda, saindo do lado de Paty e se aproximando dela. – Amanhã vocês conversam, hoje só vai piorar as coisas. – Nanda segurou docemente em seu ombro e a olhou com toda a gentileza que pode existir em um ser.

Não conseguiu dizer ou fazer nada, a culpa começava a sufocá-la de tal maneira que era impossível suportar. A força que "aquilo" produzia sobre a situação era suprema, maior do que a sua real força de vontade, intensa e pulsante.

Resolveu seguir o conselho de Nanda, era o melhor que podia fazer e a única solução para se recompor e estabilizar-se. Patrícia mantinha-se chorosa em sua frente, a fitá-la melancolicamente e furiosamente quando a olhou pela última vez.

Foi saindo da pista de dança, da festa, da casa de Patrícia. Alguns a olhavam de esguelha e outros assustaram-se quando Patrícia pareceu sair correndo aos prantos para dentro de casa.

"O que eu fiz?" – perguntava-se a cada passo perdido que dava em direção a lugar nenhum. – "Ela não merecia isso".

Paty, apesar de espalhafatosa, sempre esteve ao seu lado em todas as situações. A apoiando, defendendo, a ajudando. Sua culpa a fazia relembrar quão boa era Patrícia.

"Porque beijou ele? Porque deixou ele te beijar?".

A realidade voltava a Angelina e a fazia perceber que seu romance com Gabriel nunca seria possível, "aquilo" nunca deixaria acontecer. Assim, aos poucos foi percebendo que aquele beijo tinha sido um mero capricho de seu desejo, que algo maior nunca iria existir. "Aquilo" logo a faria fazer o pior, logo ela poderia perder o controle e causar muita dor. Morte.

- Angelina? – A voz dele soou em meio ao escuro da rua mal iluminada em que perceberá está. Logo sentiu seu toque suave em seu ombro.

"Você?!"

Virando-se de impulso, viu um Gabriel preocupado.

A luz do poste próximo tinha força somente para clarear um lado de seu rosto. O cabelo dourado parecia ainda mais vivido. Os olhos estavam apagados como se nunca tivessem brilhado, apesar das sobrancelhas estarem erguidas e tensas.

Apenas o silencio foi ouvido por alguns segundos. Angelina não tinha chorado, nunca conseguia, mas tinha certeza que devia estar horrível.

"Por que estou pensando nisso?"

- Não queria causar tudo isso. Eu sabia do sentimento dela, mas...

- Para! – exclamou Angelina ao fixar o olhar em seu rosto hipnotizante e estender as mãos em sua direção, como forma de defesa. – Por favor para! – Abaixou a cabeça e levou as mãos para o meio dos cabelos. Tinha que resistir a ele e se lembrar da culpa, a única que naquele momento poderia ser mais forte do que aquele sentimento corrosivo.

Houve outro momento de silêncio.

- Não precisa ser assim.

"Não mesmo"

Enquanto ele guardou as palavras, um gato correu de um lado para o outro na rua. Angelina respirou o ar que não cabia em seus pulmões e disse:

- Realmente não precisa ser assim.

Ele serrou as sobrancelhas ao olha-la desconfiado.

- Não entendi?

Por mais difícil que fosse dizer aquelas palavras, elas deviam ser ditas, aquela situação começava a sair do controle, ela tinha que ser controlada e Angelina devia voltar a realidade.

- Vamos esquecer a dança, o be-i-jo e que nos conhecemos um dia. – Decretou quando voltou a olha-lo, a encara-lo com o mais firme olhar que conseguiu sustentar naquele momento.

Desculpa por meus erros.
VOTEM E COMENTEM o que estão achando. Isso me ajuda muito! Obg!
Até daqui a pouco!

PROMETIDOS (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora