I'm Lesbian

Problemas

Acordei por volta das oito horas, tomei meu café de costume e fui tomar um banho, claro, foi algo bem demorado como sempre, estava tensa e a água dificilmente conseguia tirar essa tensão de meus ombros, estava ansiosa e muito nervosa para o encontro com os pais de Sophia, estava incrivelmente quente hoje, talvez até mais que ontem, portanto, foi mais um motivo para meu banho ser longo e demorado.

Me vesti com algo simples, agora, já próximo as nove e meia, tinha agora mais ou menos três horas no máximo para poder me arrumar, o que seria fácil para mim que não curto me arrumar muito, mesmo que seja um almoço um pouco mais importante, decidi usar hoje algo casual e pouco chamativo, algo que não diria "Me arrumei toda só por causa desse almoço". Até porque, não era essa a impressão que queria dar, estava pensando em ir fazer meu cabelo, mas desisti. Liguei para a cabeleireira pedi desculpas e desmarquei, apenas penteei meu cabelo e fiz um coque meio bagunçado, mas perfeito como sempre, vesti um short curto jeans e uma camisa babylook preta com símbolo da Linkin Park e um vans preto, além de minhas braçadeiras de couro negro.

Acabei fazendo uma maquiagem simples, apenas passei uma base clara em tom da minha pele, deliniador e lapis de olho, tudo muito casual e simples, meu perfume agora, o preferido, de flores de lavanda. Minha sobrancelhas bem feitas e penteadas. Estava simples, mas muito bem arrumada ao mesmo tempo. Coloquei um par de brincos dourados e um colar fino que não tiro por nada igualmente dourado e simples.
Toda essa "produção" durou um hora, já era onze horas, passei um batom vermelho sangue Matt, peguei meu celular e fui, fui em direção a casa de Sophia para poder conhecer seus pais e me apresentar como sua namorada.

Chegando enfrente a casa de Sophia nem precisei bater na porta, ela estava me esperando na calçada pois já tinha mandado mensagem a ela avisando que estava saindo de casa, como morávamos bem próximas ela apenas decidiu me esperar afrente de sua casa, logo adentramos ao hall de entrada de sua casa. Estava indo tudo bem até aí, elogiei Sophia em um cochicho no seu ouvido pelo seu look lindo. Ela estava usando um vestido vermelho curto, salto alto número 10 preto, um batom igualmente o meu, vermelho Matt, brincos prateados longos, pulseiras igualmente prateadas, maquiagem bem feita com sombras escuras, base clara que realçava sua pele e seus traços do rosto, lápis de olhos, sua bochecha rosada, ela estava perfeitamente linda e isso até me fez se sentir mal por não ter me arrumado mais, não ter caprichado mais.
Adentramos a sala e lá estava ela, aquela senhora com pele pálida igual a de Sophia, olhos detalhados e também bem parecido os de Sophia, elas eram muito iguais para ser sincera única diferença é que a senhora era pouco maior e mais robusta, mais velha, seu rosto e sua forma mostrava sua maior idade, mas mesmo assim ela parecia bem jovem, não daria mais que 25 anos para ela, mesmo sabendo que ela tinha pelo menos uns dez anos amais que isso. A comprimentei com um beijo em seu rosto e um 'oi' tímido. Sentamos todas no sofá e até estranhei a falta de presença do pai de Sophia, provavelmente ele ainda não tinha chegado ou estava em algum outro cômodo da casa.

- Então, Sophia, você está namorando uma mulher? - perguntou a senhora meio frustrada com Sophia e ao mesmo tempo feliz ao que parecia.

- Sim mãe, sei que mesmo sem eu nunca ter te contado você sempre soube que eu era lésbica. - Disse Sophia encarando sua mãe.

- Bom, sim, por isso estou feliz por ter tido finalmente coragem de me contar, mesmo que eu tenha a pressionado um pouco.

- Mãe, essa é Manuelle, Manulle essa é minha mãe Sandra. - Sophia nos apresentou sorrindo.

- Muito prazer - Disse estendendo a mão para um segundo cumprimento que rapidamente foi retribuído.

- O prazer é meu. Sophia, logo seu pai chega para tomar seu banho, acho melhor nós irmos preparar a mesa.

- Sim. - concordou Sophia.

Fomos nós para a cozinha, ajudei a Sophia colocar a mesa enquanto Sandra estava terminando de preparar a mesma, era próximo de onze e meia quando finalmente ouvimos o abrir da porta e logo o fechar da mesma, uma voz masculina ecou pela pequeno hall de entrada da casa e passos que subiam a escada, Sophia, sorriu, um sorriso lindo, mas nenhum dos sorrisos que eu conhecia, parecia um sorriso de saudades, satisfação, felicidade, algo que irradiava um calor diferente do que conheço, irradiava algo muito mais que isso.
O senhor tinha uma voz bem masculina, não tão grossa, não tão suave, mas meio termo. Ele não entrou no cômodo da cozinha então não pude vê sua estatura, o que me deixou muito mais nervosa, mas todo o nervosismo passou quando senti o agradável cheio da comida que Sandra estava fazendo, um cheio muito gostoso.

Meio dia em ponto e vejo Sophia correr da cozinha para o hall de entrada onde um homem alto a abraça forte e a gira uma ou duas vezes, seu rosto estava estacionado no pescoço dela o que dificultou minha vista de seu rosto mas ele era um cara alto, com ombros largos e bem musculosos, tinha um tom de pele branco quase pálido mas meio amarelado assim como a minha pele, seus cabelos eram castanhos, pouco mais escuros que os meus em um tom quase preto, pude ver seus olhos de relance, eram verdes, um tom verde escuro, um verde esmeralda no fundo, assim como de Sophia, um verde lindo. Ele parecia bem forte, ou pelo menos, bem malhado.

Me senti triste, queria que com meu pai fosse assim, queria poder sentir um calor e emoção de te-lo em meus abraços, fica feliz por cada vez que ele chegasse do trabalho, mas, não tinha, não tinha nada disso. Abaixei a cabeça e a última imagem que vi de relance foi de Sophia puxando aquele moço para mais perto. Ouvi sua voz se dirigir a mim me apresentando seu pai Hugo, então levantei a cabeça não porque quis mas por educação.
Foi aí que tive um choque, uma corrente elétrica percorreu todo meu corpo, aquele nome, aquele maxilar, aquele sorriso, seus olhos... Ele me parecia um pouco distante, sem entender nada, mas logo olhou mais profundamente em meus olhos e se mostrou surpreso quando Sophia disse meu nome a ele em uma apresentação como fizera com sua mãe, ele olhava trêmulo para mim, sem saber o que fazer eu o olhava igualmente, não poderia acreditar que ele minha vida inteira sempre esteve tão distante e ao mesmo tempo tão perto, Hugo, meu pai, agora diante me mim só que com sua outra família, isso me desconcertou, ele sempre foi próximo delas e de mim e de minha mãe não, ele sempre esteve presente para elas pelo menos duas vezes por mês e para nós, duas vezes acada um ano até minha mãe descobrir a farsa, essa era a nova família dele, a qual ele preferiu ao invés de mim e minha mãe, a qual ele nos trocou.

Sophia e Sandra pareciam não saber o que estava acontecendo, elas estavam desnorteadas, perdidas, sentia raiva, não sabia se deveria odia-lo ou sumir, tudo o que se passava em minha cabeça era referente a ódio, esse homem sempre tirou tudo de mim, minha mãe sempre se mudando para tentar esquecer cada vez mais o passado e as casas anteriores, fugindo dele de certo modo, tentando soterrar o passado com mais e mais lugares novos, vida nova, isso sempre teve me fazendo uma garota anti-social, sem amigos fixos, sem um lar fixo, sem lembranças fixas, por causa dele, sempre tive que conviver e tentar compreender minha mãe e consolar sua dor, sempre tive que correr do passado junto com ela, por causa dele, nunca pude amar pois sabia que teria que me mudar logo, por causa dele tive que viver com a dor de ter outros irmãos e nunca os conhecer, ele sempre tirou tudo de mim e agora estava tirando mais uma vez, só que dessa vez, algo que não me permitiria perdoa-lo, ele estava tirando de mim o meu grande amor, agora que a ficha caiu ficou tudo pior, eu e Sophia não poderiamos mais nos envolver, éramos irmãs, talvez isso explicasse o porque andava tendo sonhos com ela, tínhamos uma ligação sanguínea, mental e espiritual.