Fall

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resumo: Louis não está em um bom dia; Harry parece ter (ser) a solução; Pétala e poeminha em folha rasgada.

O tilintar do sino preso à porta do café soou e os olhares curiosos ou apenas assustados lampejaram naquela direção. Fechou a porta, sentindo os olhares queimando sobre sua pele, especialmente em sua bochecha, e caminhou com a cabeça baixa até o caixa. O moletom ensopado pesava em seu corpo, a franja grudava em sua testa e uma expressão levemente irritada e envergonhada emoldurava o seu rosto. A atendente lhe perguntou com uma voz entediada qual era o seu pedido e ele ergueu o olhar até o letreiro com o cardápio, umedecendo os lábios enquanto o encarava, uma ruga de dúvida cortando sua testa.

Duas mesas longe do balcão, um par de olhos verdes curiosos e quase encantadores o observava por cima do livro aberto em frente ao seu rosto. Ele assistiu a atendente perguntar com o mesmo tom de tédio se o garoto já havia se decidido e ele descer o olhar até ela como se pudesse matá-la com seus próprios olhos. Mordendo os lábios para conter uma risada, fechou o livro e caminhou lentamente até o garoto molhado. Ao parar atrás dele, notou o quanto ele era menor e observou-o dar de ombros.

– Você deveria pedir o latte macchiato. – falou e o garoto deu um pulo, virando-se para trás com as mãos no peito. – Desculpe, não queria te assustar. – completou, mordendo os lábios para conter uma risada.

O garoto molhado arregalou os olhos, arrumou a franja e abriu um sorriso tenso que dizia claramente que ele estava muito próximo a um colapso.

– P-por que eu deveria confiar na sua sugestão? – ele gaguejou um pouco, limpando a garganta no meio da frase.

– Você parece estar precisando de uma bebida quente, grande e gostosa. – apontou para as roupas molhadas e o rapaz seguiu o seu dedo, olhando para baixo e logo depois se virando para a atendente que, como esperado, já o aguardava com um olhar irritado.

– Quero um laté matiato. – ele pediu, sentindo uma gota escapar do seu cabelo e pousar em seu nariz.

Non, latte macchiato. – o mais alto corrigiu com o seu italiano perfeito. A atendente revirou os olhos e gritou o pedido para o seu colega no outro lado do balcão.

O mais baixo se voltou para o metido a italiano, uma gota de água fazendo cócegas em seu nariz, e passou a mão nos cabelos, jogando-os para trás.

Perdono, senhor bilíngue. – lambeu os lábios após, ironicamente, se desculpar, gastando o pouco conhecimento em italiano que possuía.

– Harry, meu nome é Harry. – disse o garoto de olhos verdes, como se estivesse o corrigindo, o sorriso convencido e quase pecador desenhando os seus lábios, sua língua calmamente umedecendo-os também.

Levou o seu polegar até o nariz do mais baixo e afastou a única gota em seu nariz.

– L-ouis. – ele respondeu, sentindo o toque queimar a sua pele.

A questão era, L-ouis sabia quem era a personificação do pecado sendo extra galanteador com ele. Ah, Louis o conhecia bem.

– Eu sei, Louis Tomlinson.

Os movimentos da boca de Harry falando o seu nome eram quase sensuais. Lento, calmo, como se ele quisesse aproveitar cada sílaba. Lou-eh Tom-lin-son. Era um espetáculo e tanto observar a sua boca que Louis quase – quase – deixou passar a real pergunta ali: Por que Harry Styles sabia quem ele era?

– O seu latte macchiato, senhor. – a atendente estressada empurrou o copo pelo balcão e com um olhar de confusão, Louis o pegou, sentindo a ponta dos seus dedos se aquecerem.

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