Desejo ardente

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O quarto de Lari era o quarto mais feminino que eu já vira em toda minha vida – a cama arrumada com lençóis e travesseiros rosa, a coberta pink, o papel de parede rosa claro, a estante de livros, também era rosa.

Todos os livros eram enfileirados por ordem alfabética, e os CD'S eram enfileirados de acordo com os anos de lançamentos.

Suspirei tentando me lembrar se já havia visto tamanha organização — e distribuição da cor rosa — já que aqui não havia carência da cor. Eu, particularmente, não tenho nada contra a cor rosa, mas prefiro azul.

Passara quatro dias desde a festa e a última vez que falei com Rafael, não que ele fosse aqueles tipos de cara que sufocam a menina. Ele não era o tipo "Olá, como vai? Estava olhando o céu e lembrei de você". Eu não sei se queria que ele fosse assim.

Mas também não quero um insensível, que não repara nem no vestido novo, isso é intolerante. Não precisam me dar flores, sou alérgica. Me dê uma tarde tranqüila com direito a muitas risadas; só isso.

Eu não quero que meu relacionamento seja igual os outros, mas cheguei à conclusão; nenhum é exceção.

Saí do devaneio após Lari aumentar o tom de voz.

— Alice?! – gritou aparentemente nervosa. — Você ouviu o que eu disse?

— Não, desculpe. – olhei para o colchão e vi meu celular vibrando. Na pressa de atender, nem prestei atenção ao numero. Ouvi uma voz masculina dizendo "Alo Alice?", eu sabia exatamente quem era agora. — Pensei que eu deveria ligar. Mas então, o que gostaria?

— Você não sabe? Acho que fiquei esperando uma resposta sua. – disse Eduardo, tentando soar despreocupado. — Se tiver ocupada, tudo bem. Ligo mais tarde, ou amanhã.

Hesitei.

— Eduardo... eu ainda não sei.

— Alice. – a voz dele ficou fria. — Você tem até sexta-feira. Tchau.

E desligou.

— Alice. – disse Lari.

Fiquei pensando por que diabos ele quer tanto que eu vá trabalhar para essa empresa.

— Lari – falei. — Ele foi muito rude.

Larissa pareceu muito confusa, então, tratei de explicar tudo. Desde a promoção á ter que sair do país.

— Eu não sei se devo aceitar.

— Acho que você deveria aceitar. – disse ela, colocando a mão no meu ombro. — Alice, pensa bem, quando vai aparecer outra oportunidade dessas? Eu preferia que você ficasse. Mas é seu futuro, meu amor. Não sou tão egoísta a esse ponto.

— Nunca mais encontro, suponho. – suspirei, deitando no colo dela. — Mas há uma possibilidade de encontrar outra oportunidade como essa ou melhor. Eu fiz amigos aqui... vou sentir sua falta, aliás.

— Eu sei – respondeu —, mas eu prefiro sentir sua falta á deixar você perder essa oportunidade. E outra você poderá levar sua mãe.

— Essa é a parte boa. – sorri. — Você está começando a me convencer.

Lari enrolou meu cabelo com os dedos e esboçou um sorriso.

— Sabemos do meu poder de persuasão, não é?

Balancei a cabeça. Se ela continuasse a mexer no meu cabelo, eu dormiria aqui mesmo. Fiquei pensando no que ele disse "você tem até sexta-feira.".

Me dê amorOnde histórias criam vida. Descubra agora