Pétalas em meio ao caos (livro 2)

Capítulo 01 - Velhos laços.

 Capítulo Um

Copas, Ouros, Espadas, Paus e a Ordem.

Acordei com o barulho da chuva, minha cama estava totalmente confortável ao acordar de manhã que mais parecia uma tarde chuvosa. As nuvens carregadas de Raios e trovões estavam tomando conta de Nova York. A enorme janela de vidro me dava uma bela vista da cidade nublada. O tempo estava agradável, pelo menos para mim que gosta de tempos chuvosos. Bocejei e m espreguicei na cama, eu dormi como um anjo dorme em cima de sua nuvem fofa e macia, acordar cedo era uma das coisas que eu menos gostava de fazer enquanto morava em são Francisco.

Levantei-me e andei até a janela, descalça. O piso gelado me fazia ter uma sensação boa, coloquei o cabelo ondulado para trás e observei a vista. O sol estava escondido em meios as nuvens escurar e carregadas de água. Eu estava de pijama, provavelmente o mais confortável que eu teria comprado. Passava a mão pela cabeça esquecendo tudo em volta e me concentrando apenas na paisagem que estava em minha frente. Era tudo tão perfeito e planejado que dava vontade de largar tudo e ficar aqui para sempre, pena que não tenho um lugar fixo para ficar.

Havia um anjo caído voando pelos céus, mas não era Ian. Ian tem licença para voar em meio as cidades dos ciclos, mas era um anjo caído qualquer. Ao ver aquela cena me lembrei do passado, quando tudo era mais difícil sem ter a tecnologia que tenho hoje, quando os reis e rainhas colocavam tudo a baixo de seus pés e pisavam com toda a autoridade que tinham. Confesso que sinto faltas de muitas coisas. Entre elas eram Blair e Jackson, minhas únicas razões de ficar em pé naquela época.

Blair foi uma pessoa incrível, quase uma irmã ou algo além. Ela sofreu o que eu sofri, ela intendia minha dor que me consumia de dentro para fora, como uma doença, mas aquilo dificilmente poderia ser curado com um simples "vai ficar tudo bem". Eu não podia fazer nada, eu ó tinha dezoito anos. Ter mais que duzentos anos transforma sua mente por completo.

O anjo tinha lindos cabelos loiros, olhos azuis como os meus. Sua pele era pálida como a lua, por incrível que pareça a chuva não atrapalhava seu voou, só o fazia ficar mais veloz. O ciclo de Ouros ainda não fez a pesquisa para checar se a cidade está livre de pessoas que possuem o olhar. O olhar é um ser humano que consegue ver as coisas sobrenaturais do submundo, como demônios, lobisomens e etc. Mas provavelmente não existem, é extremamente raro.

Os assassinos das almas, os combatentes dos ciclos não possuem a visão, porém, são aplicadas dez doses mensais em seus organismos. Essas doses são poções feitas por bruxas, que permitem que um ser humano possa ver o mundo sobrenatural por certo período.

Alguns assassinos preferem manter os filhos afastados, outros seguem o legado dos pais. Era exatamente o que Lisbeth tinha a intenção de fazer... Ou não.

O dia estava chuvoso e triste, mas meu humor não estava tão alterado assim. Tive uma boa noite de sono, e isso garante um ótimo resultado quando amanhece em relação a meu humor.

Peguei em uma mecha do cabelo ondulado e me recordei daquela noite, da noite da qual eu abandonei tudo de importante para mim. Uma lágrima ficou em volta de meus olhos, mas eu a não deixei cair, pois jurei para mim mesma que não deixaria mais nenhuma lágrima se derramar pelos meus arrependimentos, mesmo que eles sejam absurdamente errados.

Um tempo atrás deixei meu cabelo liso, mas não combinava. Não me via do mesmo jeito que via hoje. Então eu o deixei ondulado, ele me lembrava mais da minha aparência de duzentos e quarenta anos atrás.

Caminhei até a porta e girei a maçaneta. Segui pelo corredor e fui até a cozinha que estava praticamente do lado da sala. A chuva fazia o dia ficar sombrio e quieto. Não intendo a mente humana, eles detestam tudo aquilo da qual eu tenho gosto.