Mês um

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Mês Um

Um legado a herdar ele ou ela possui agora

Minha rosa está florescendo aos poucos

Rainha ou princesa não importa

Minhas histórias e minhas vítimas não podem deixa-lo oco.

Tentava lidar com ideia de que tinha alguém habitando meu útero novamente sem minha permissão. Não vou deixar nada acontecer com quem eu amo novamente. Minha filha morreu nas mãos de uma sociopata que invejava minha coroa de todas as maneiras possíveis. Passei minha mão pela barriga enquanto a outra estava sobre o coque mal feito de meu cabelo.

Os enjoos continuam de uma maneira muito pior à anterior. Minha barriga havia crescido um pouco desde as últimas semanas. As tonturas estavam ficando menos frequentes, mas os enjoos estavam tomando conta do meu organismo. Tudo que eu comia ou bebia me dava vontade de vomitar ou cuspir de tão ruim que parecia.

Podia sentir a essência dele ou dela, não posso determinar o sexo, mas sabia que ele ou ela seria especial de qualquer jeito. Minha preocupação é única: quem é o pai desta criança.

Arrependo-me profundamente de ter tido relações sexuais com Dylan, Ian ficará arrasado quando descobrir, isso se eu der sorte do beber ser de Ian. Algo me diz que estou em conflito com minha mente, o que é verdade. Duzentos e setenta anos de puro conflito.

Meu ódio domina meu coração

Meus lábios vermelhos acariciam os seus

Minha mente age com razão

E meus lábios com os seus.

Fui até a cozinha pegar água para tentar passar a tontura e o enjoou, mas acabei ficando com mais intensidade. Alguém entrou sem minha permissão, era Rachel com sacolas de supermercado.

Fui tentar ajuda-la a desfazer as coisas, mas acabei levando um tapa em minha mão.

– Ai! – Reclamei por meus músculos doloridos.

– Deixe que eu faço tudo, fique ai bebendo ou comendo alguma coisa.

– Só estou grávida, não paraplégica. – Brinquei.

Fui lavar as mãos e me abaixar para pegar o álcool em gel, mas Rachel se abaixou e pegou as coisas para mim rapidamente. Revirei os olhos e lavei minhas mãos.

Andei até a janela para respirar um pouco de ar puro, acabei me deparando com um chuva que molhou praticamente minha roupa. Afastei-me da janela, mas continuei sentindo o vento da chuva.

Rachel estava disposta a me ajudar, mas honestamente eu não estava pedindo por ajuda alguma de Rachel. Eu apenas queria me virar sozinha, como toda mãe grávida faria se eu fosse uma mãe qualquer.

Não pretendo contar nada à minha criança sobre meu passado. Não quero que ela pense que a mãe é uma assassina que mata sem nenhum pingo de piedade ou misericórdia. Não quero dar um futuro desses para ele que tanto amo. Isso é algo que quero deixar fora de cogitação até o nascimento.

Olhei para a mesa e vi tudo completamente arrumado. Comida em meu prato e no de Rachel. Minha visão não queria acreditar que Rachel poderia fazer algo assim por mim.

– Não preciso de uma babá, mas agradeço pela comida. – Brinquei com uma risada até Rachel se levantar.

– Que fique claro uma coisa. – Rachel falou com um tom de voz alto com suas mãos apoiadas à mesa. – Eu não estou aqui por você, eu estou aqui por ele. – Rachel direcionou o olhar para minha barriga. – Eu nunca faria algo assim para uma pessoa que matou várias pessoas por orgulho e vaidade. Você é um nada.

Aquelas palavras pesaram em minha mente de uma forma incrível. Rachel conseguia deixar minha boca calada quando precisava. E o pior de tudo isso, é que era somente a pura verdade de tudo ao meu redor. Eu matava para sobreviver, retirava vidas das outras pessoas para manter minha vaidade.

Calei-me e comecei a comer constrangida pelo comentário de Rachel.

A calamidade de alguém me deixar calada era bem raro. Talvez sejam os hormônios da gravidez me atingindo novamente quanto a tudo isso. Eu realmente estava feliz por ter a oportunidade de ser mãe novamente, mas desta vez, eu não irei deixa-la morrer, não vou abandona-la de modo algum. Vou lutar por ela ou ele.

– Então. De quem é o bebê?

Quando Rachel disse isso apenas faltei cuspir a comida para fora de minha garganta outra vez. Meu corpo gelou ao perceber que Rachel sabia sobre meu encontro com Dylan.

– Como assim? Do Ian é lógico.

– Por favor, Abigail. Sei que você e Dylan tiveram uma visitinha

– Acho que já está na hora de você começar a me chamar de Abby.

– Então, Abigail. – Rachel estava começando a me provocar. – Quando você pretende contar...

Levantei da mesa e fui correndo ao banheiro. Abaixei-me e vomitei no vaso sanitário. Rachel veio correndo para segurar meu cabelo e passar a mão pelas minhas costas, se eu continuar assim, ficarei desnutrida.

Rachel estava sendo uma ótima companhia, uma amiga de verdade. Até mesmo seus maiores rivais possuem amor, não importa a causa. Todos tem uma fraqueza, ela se chama o amor. Eu digo fraqueza, por que o amor nos deixa fracos, sensíveis.

Quem diria, a última pessoa que eu esperava estar ao meu lado está me ajudando a supera a tristeza que me dominou.


Pétalas em meio ao caos (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora