Capítulo Oito
Esplendor
A varanda estava a minha espera. Levantei o vestido para evitar qualquer desastre que me colocasse com moral baixa demais. A lua me encarava com seus olhos invisíveis ao meu ver, sua cor me julgava até os pecados mais antigos até as mortes mais recentes que concretizei com minhas mãos carregadas de crimes. E ao pensar que sou julgada todo dia por mim mesma, isso praticamente é alto-tortura.
Observava a festa de longe, todos estavam se divertindo e dançando bastante. Mas sem mim é claro, minha melhor sensação era observar os passos dos outros ao invés de focar a atenção em mim. Aqueles sapatos brilhantes das quais eu estou usando, este vestido elegante, esse penteado com essa presilha são de alto preço. Nada aqui é meu, eu posso estar cercada de pessoas agora, mas, isso não é nada.
Sempre serei destinada a ficar sozinha até os piores momentos de minha vida.
Meu parceiro de dança já estava conversando com outra mulher. Quem vai mexer as cordas daquele homem esta noite serei eu, vou manipula-lo da melhor maneira possível, ele mal pode imaginar que estou armando algo assim, pois ele só vê um rosto bonito e delicado sem defeito algum.
Abandonei a taça de vinho e fui até as danças onde eles estavam. Pareciam conversar bastante e riam bastante também, é bom saber que na noite de sua morte ele estava praticamente na melhor delas. Sorri ao ver eles e me aproximar, meus olhos indicavam ironia, mas sem tirar o sorriso irônico do lábio.
A mulher era loira, usava um vestido verde barato que nem é digno de considerar da realeza, tentei ser o mais educada possível, o que já não é uma missão fácil para mim desde que cheguei aqui.
– Pode devolver meu par, por favor? – Perguntei como se fosse uma brincadeira de criança, mas algumas pessoas parecem não ter amadurecido mentalmente para perceber tal ato.
– Você é cega? Estamos dançando.
Ela era bonita, também era sua única qualidade. Nem inteligente era, até uma porta saberia raciocinar melhor.
– Pelo contrário. Consigo enxergar tão bem que consigo ver as falhas de costura nesse seu vestido de tecido pobre.
Afastei-a de Henrry que da qual acabara de se tornar meu par novamente após uma bela resposta que dei em sua companheira. Ela mereceu, pois fui educada em pedir Henrry de volta de sua adorável mão de "moça".
A música tocava e meus pés se movimentavam. Tudo ao meu redor estava girando; meus pés pensavam por mim, meus olhos serviam apenas para entrar em contato com os de Henrry.
Eles me lembravam de August, mesmo que não sejam de cor semelhantes, eram parecidos. Meus sentimentos estavam mergulhando em meu coração que parecia uma piscina de emoções de arrependimento e perda.
Minha mão estava ao ombro de Henrry, e em minha luva havia o Anel que Jackson havia me dado de casamento. Segurei as lágrimas e as emoções repentinas que poderiam vir à tona agora. Concentrei-me no que eu realmente tinha que fazer, no que fui contratada profissionalmente para fazer com os herdeiros da família Cortez.
Em cima de uma mesa havia um desenho de August sentado em um trono. Sua pintura estava rodeada por velas que simbolizavam a perda e a morte trágica que aconteceu há muitos anos atrás da qual me arrependo profundamente de fazer. Ele era meu irmão, mas, mesmo assim eu o matei a sangue frio... Será mesmo assim meu coração tão podre quanto penso?
Eu matei a única família que restava para mim nesse mundo perdido em sombras. Mas as minhas únicas trevas agora eram meus próprios termos de tentar convencer a mim mesma que posso sobreviver sem família ou algo do tipo. Sei que tenho Ian, mas quando ele não está me sinto tão só... Deve ser porque eu sou apenas uma alma que não consegue achar um rumo, se é que tenho uma.
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Pétalas em meio ao caos (livro 2)
Romantizm( SE NÃO LEU A PRIMEIRA TEMPORADA, NÃO LEIA A SEGUNDA) (2ª TEMPORADA) Eu cheguei a pensar que minha alma era destinada a ficar entre o sofrimento, e descobri que era somente a pura verdade. Obter o perdão de uma alma que já se foi não é tão fácil a...