XV. O INFERNO

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Após ajudar o rapaz, Mel e Eloísa voltaram ao local onde a festa já acontecia há algumas horas. Apesar de não estar mais com tanta vontade de entrar ali, El acompanhou a amiga por medo de deixá-la sozinha em meio a desconhecidos. Afinal, antes mesmo de entrarem, já tinham assistido aquele rapaz passando mal. Ela se sentia estranhamente orgulhosa por Melissa, apesar da sensação absurdamente estranha que sentiu ao tocar no desconhecido, como se tivesse pegado em ferro quente.

A menina de mondini era tão atenciosa, caridosa e mostrava sua empatia com tanta naturalidade que Eloísa sabia que tinha escolhido a pessoa certa para conviver. Ela vai ser uma médica excepcional. A garota reconheceu que pelo menos a vinda delas tinha servido para algo real.

Quando entraram no quarto, suas teorias de desastre total foram parcialmente quebradas. Viu que aquela festa não era nenhum bicho de sete cabeças, apesar do espaço ser pequeno para um evento, o quarto era pelo menos o triplo do delas. As pessoas dançavam e se divertiam como em qualquer outra festa que ela já tinha ido em São Paulo. Antes de aceitar de fato ir com Mel, Eloísa falou com Annie e a melhor amiga ficou mais animada que ela... El se sentiria tão melhor se ela estivesse ali. Annie sempre foi aquela que tinha uma rede larga de amigos e Eloísa apenas filtrava aquele montante absurdo para se relacionar. Ali, ela não tinha como filtrar nada. Não conhecia ninguém e muito menos a conheciam. Era legal e assustador ao mesmo tempo.

Encostou-se em uma das três caixas de som e sentia uma energia estranha naquele espaço que o fazia familiar e confortável. Melissa foi ao pequeno freezer ao lado do grande guarda-roupas branco, idêntico ao delas, e pegou duas garrafas de cerveja nacional. As duas concordaram antes de sair do quarto que era mais confiável beber algo que estivesse lacrado. Paulo tinha lhe entregue um copo com bebida assim que os três entraram, mas El não beberia nada aberto por ali. Ela já tinha visto muitos casos de garotas abusadas por caras com aquela mesma carinha de anjo e conta bancária. Claro, ela gostava dele, mas isso não significava que confiava. Eloísa não confiava em muitas pessoas no mundo para falar a verdade.

Ela lembrou de Tomas quando abriu sua cerveja... era a que ele mais gostava e ficaria surpreso de vê-la bebendo. Suspirou, mas não sabia se era de tristeza ou felicidade. A garota que ele tinha namorado não existia mais, mas ela ainda sim sentia falta. Talvez mais do sentimento de conforto e confiabilidade que Tomas trazia do que dele em si.

Mel e Eloísa tinham feito um acordo que incluía a segunda beber algumas cervejas e a primeira parar de falar de Max por algumas horas. Mel sorriu para algo exatamente à esquerda e El não entendeu de imediato. Mas, quando olhou para sua esquerda, viu que o rapaz loiro se aproximava. Ele ficava realmente muito bonito com aquela camiseta gola V preta. Menos montado e robótico, pensou Eloísa.

— Você me deu um vácuo — riu. Ela ergueu as sobrancelhas e sorriu de volta, lembrando da mensagem que ignorou. Na verdade, ela só não estava com cabeça para responder o garoto de forma gentil e preferia não mostrar seu lado mais babaca.

— Desculpa — deu um gole em sua cerveja e a ofereceu para ele. Paulo recusou.

— Você quer ir lá fora comigo? Aqui está muito barulho — Quis saber Paulo, ela cerrou os olhos e balançou a cabeça negativamente alguns segundos depois. — Então, dançar, talvez?

— Eu não danço — informou. Ele suspirou e ergueu a cabeça enquanto sorria.

Aquele certamente era o sorriso mais bonito que ela já tinha visto saindo dos lábios de alguém... foram só uns goles, mas ela sabia que a cerveja estava a deixando animada por esse tipo de pensamento. A garota tinha conhecimento de que não tinha superado seu ex o suficiente para aquele tipo de flerte, mas ao mesmo tempo aquilo a divertia.

FUGITIVOS DO INFERNO 01 - Ciclo Da Era [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora