XXXVIII. O SACRIFÍCIO

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Música indicada: Let it go (James Bay)

- Você deveria ter me contado - El disse. Eles estavam sentados na porta do restaurante, ambos não que riam entrar.

Enzo estava aliviado por saber que os outros dois haviam lhe contado sobre a participação dela em sua liberdade e ela permanecia ali, falando com ele.

- Não sabia muito bem onde encaixar o assunto - riu. - Sempre acontece alguma coisa que nos impede de ter uma conversa decente.

- Você tem razão - sorriu. Ele a admira um pouco mais. Ela sentia os olhos dele nela e sentia sua pele queimar.

Ela suspirou. Deveria estar com frio, mas a presença dele a aquecia. Estava tão nervosa que podia sentir seus neurônios fritando.

- Você... - coçou a garganta - sabe tudo mesmo?

- Sei... - sussurrou.

Eles estavam a apenas alguns centímetros de distância. Ela virou seu corpo para ele de forma que seus seios tocaram o braço de Enzo. Ele inclinou a cabeça e seus lábios ficaram a um suspiro de distância. Ela sentia o coração dele pulsar e ficou feliz em saber que ele tinha um realmente. Ela queria. Ele queria. Queriam-se. Enzo olhou a boca dela tão próxima da dele e fechou os olhos, sentia que poderia desmaiar em êxtase a qualquer instante. Com um simples gesto, ela encostou completamente seus lábios nos dele, pressionando seus corpos. Ele retribuiu e, quando ela pensou em se afastar, Enzo recusou a ideia, puxando seu rosto com a mão direita para mais perto de seu beijo. As bocas se encaixavam com tanta convicção que até parecia que eles já se beijavam assim há meses, anos... séculos. Se sentiram solitários quando as bocas se desgrudaram, mas as testas estavam escoradas uma na outra. Ela sorriu. Ele respirou fundo.

- Eu gosto de conversas decentes - disse, encostando mais seu rosto do dela, fazendo os narizes conversarem e as bocas ficarem lado a lado. Ela sentiu seu sorriso se abrindo e beijou sua bochecha.

- A gente pode ir agora? - o anjo questionou acima de suas cabeças. - Caramba! Vocês vão molhar todo o meu carro - disse com uma voz enjoada.

Enzo olhou para cima, a garota piscou para ele. Colocou-se de pé e ajudou El a se levantar, passando a mão sobre seus ombros logo em seguida.

- Onde está Pitt?

- Ele não vai voltar com a gente - informa. Enzo olha o garoto, que o encarou de dentro do restaurante e retira o braço de El.

- Vou falar com ele... - Enzo começou a ir em direção à entrada, mas Lupita o impediu.

- Enzo... ele te desejou boa sorte - disse, segurando seu braço. Ele olhou novamente para o restaurante, mas o demônio não estava mais lá dentro. Balançou a cabeça negativamente. Abaixou a cabeça e tentou dizer algo a El, mas não a encontrou.

A garota partiu levada nos braços de Pitt pelo céu.

Eloísa havia escutado tudo com atenção antes de decidir que precisava fazer o ritual. Aquilo não era sobre ela, era sobre a ordem do mundo inteiro. Todas aquelas almas condenadas ao inferno precisavam ser libertadas antes que tudo mudasse de novo. Ela era a chave da porta do inferno e já era hora de abri-lo.

- Vocês não tinham esse direito - gritava enquanto dirigia loucamente - ela vai morrer tentando abrir. Você mentiu para mim!

Lupita apenas se mantinha calada, ele sabia que o anjo discordava. Foda-se que foi escolha dela, ele pensava. Não iria deixar a garota se sacrificar. Ele dirigia com pressa, mas não sabia se seria suficiente. Aquela noite seria de lua cheia.

- Pare o carro - Lupita ordenou. Ele ignorou - pare o carro ou eu vou obrigar você a parar.

Enzo a encarou antes de começar a frear o carro. Estava ofegante e ansioso. Suas mãos suavam e ele temia pelo que estava para acontecer. O fim do ciclo.

- Desça - ordenou ele. - Por que ainda está aqui? - gritava - Você condenou ela.

- Não vai conseguir chegar lá de carro - informou o que os dois sabiam. - Você não vai conseguir, Enzo, porque é o destino dela. Sempre foi e você sabe.

Ele levou as mãos à cabeça e depois esmurrou o volante, gritando em fúria:

- Eu confiei em você, Lupita! - A noite já tinha se posto e a lua logo apareceria.

Olhou para o anjo, mas ele não estava mais dentro do carro. Enzo soltou o cinto e começou a sair. Queria matá-la. Deu dois passos para trás, assustado, quando viu suas asas abertas. A mulher estava séria e o encarava.

- O que está fazendo? - perguntou confuso.

- Você quer ir até ela ou não? - questionou - Esse corpo não vai aguentar por muito tempo.

Enzo não pensou duas vezes antes de correr até o outro lado do carro e segurar nos ombros do anjo não muito mais baixo que ele, que começou a bater suas asas brancas imensas nos ar e a voar com velocidade até El. Ele torcia que ela aguentasse até o local, mas sabia que aquele corpo iria definhar depois de ocupar tanta glória, como da outra vez. Ele tinha que estar no chão quando isso acontecesse. Lupita ultrapassou as cidades por cima com velocidade até o sangue começar a sair de sua boca e sujar a camisa de Lorenzo. Ela começou a descer e colocou Enzo no chão em um ponto que não conheciam. Lupita estava ajoelhada enquanto cuspia sangue e tentava, em vão, respirar.

- Você precisa estar lá - contou, ele não entendia. - Corra - ordenou, apontando para seu lado esquerdo. O anjo se deitou no chão com as mãos sobre o peito. As asas brancas se incendiaram porque ela não teve forças para guardá-la. Enquanto ela definhava no chão, Enzo começou a correr.

Ele já sabia onde estava, mas não sabia se chegaria lá a tempo. Por favor, não faça. Pedia.

FUGITIVOS DO INFERNO 01 - Ciclo Da Era [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora