Prólogo dos fugitivos

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Música indicada: A Thousand Years


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México, 1823

Ele estava de bruços na areia quente do deserto fumegante, os grãos excederam os limites de sua pele, mas a dor não era nada comparável àquela com a qual ele havia se acostumado. Seus olhos ousaram se abrir, mas não teve capacidade de mantê-los assim por mais de dois segundos. O rapaz forçou suas mãos no solo e tentou se erguer, mas inevitavelmente caiu. Sentia-se fraco e forte ao mesmo tempo. Na realidade, ele não tinha tanta vontade assim de se levantar. Rolou, voltando sua face contra o sol e pôs seu braço direito frente ao rosto. Sentou-se e suspirou. Estava nu e os raios penetravam sua pele enquanto ele sorria. Seus olhos negros e intensos se abriram calmamente, dando a ele o prazer de enxergar algo que não a escuridão que habitou por intermináveis anos. Ele havia conseguido. Naquele instante, Enzo teve certeza de que realmente havia dado certo. O calor do deserto era desafiador, mas como um nevoeiro se comparado ao lugar onde estivera.

Gritou o mais alto e forte que pôde, sentindo sua garganta fraquejar quando parou. Estava alucinado de felicidade. Jogando-se contra a areia, tapou o rosto com as mãos. Seu coração batia de novo. Como era bom sentir algo que não fosse desespero e dor.

Pobre Enzo, em êxtase, mal sabia que nem tinha começado ainda.

Ouviu passos e virou a cabeça para trás, enxergando a mulher que se aproximava. Também estava despida e seu corpo era tão claro quanto o sol e suas curvas pareciam ter sido desenhadas pelo mais talentoso pintor.

— Lorenzo! — gritou, o corpo dele se contraiu.

Correndo em direção ao rapaz com um sorriso reto estampado e não parecendo se importar com o quanto a areia podia queimar seus pés, ela o alcançou. Ele demorou alguns segundos para reconhecê-la.

— Teo... — sussurrou quando ela fez sombra sobre ele. Estranhou-se, não reconhecia o som da sua própria voz. Teodora estendeu sua mão, o oferecendo ajuda para se levantar.

Lorenzo a abraçou quando ficou de pé, como quis fazer durante tanto tempo. Teo passou os dedos finos por seus cabelos e ele retribuiu o afeto em seus fios vermelhos como sangue. Depois sorriu, segurando o rosto dela entre suas duas mãos e encarando seus reconhecíveis olhos coloridos. Conseguia sentir a euforia da amiga.

— Nós conseguimos — as palavras deixaram os lábios finos da mulher.

— Nós... — Enzo não conseguia falar. Não existiam palavras até então criadas que pudessem ser boas para descrever o que passava dentro dele naquele instante. Apenas mantinha o sorriso.

Após o êxtase inicial, os dois caminharam por horas até encontrar algum lugar no meio daquele deserto, mas não estavam cansados. Descobriram ali algumas vantagens de serem quem são. Adentraram o bar acinzentado que se mantinha como a única estrutura em quilômetros e apenas um homem de cabelos grisalhos e chapéu amassado jazia ali. Ele arregalou os olhos ao vê-los.

FUGITIVOS DO INFERNO 01 - Ciclo Da Era [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora