Que tipo de merda eu tinha feito... Sentada naquela caverna, comecei a pensar que aquilo deveria ser um castigo, porque ficar no frio, numa caverna, racionando alimento e ainda aturando Pietro, é pra enlouquecer qualquer um. Dividimos um lanche e cá entre nós, sinto como se não tivesse comido nada. O sono começa me dominar, mas não tem como dormir num ambiente assim.
Olhei disfarçadamente para Pietro, ele estava jogado sob uma enorme pedra, e parecia estar numa cama. Homens... não se importam com nada, não tem medo de nada e acha tudo normal. No mínimo está pensando em bebidas, futebol e mulheres. Levei a mão aos cabelos, não consegui pensar em passar mais do que uma noite naquele ambiente, tudo era tão grotesco, o cheiro, tudo naquele lugar me fazia sentir muito mal.
- Você não vai dormir? – ele perguntou preocupado, acho que meus olhos já estavam colando de sono.
- E tem como? – perguntei, dando uma olhada naquele lugar.
- Não podemos ficar o tempo todo acordado, temos que descansar e recuperar energia, até por que... – antes que ele terminasse, completei aquela dura realidade – não sabemos por quanto tempo ficaremos aqui.
- Pode descansar, ficarei acordado, para te proteger – ele caiu na gargalhada.
- Não sei se assim fico mais segura, ou com mais medo – comentei, entre risos.
Pela primeira vez desde que estávamos juntos nos últimos dias, nós tínhamos baixado a guarda e esquecido de tudo, talvez o medo, estivesse nos forçando a sermos essências, esquecendo-se do que precisávamos ser no trabalho, o que éramos para agradar os outros.
Ele pegou em minha bolsa a coberta que minha tia tinha dado, e ofereceu a pedra maior para que eu deitasse, não era nenhum colchão, mas ficava mais longe do chão, leia-se dos bichos. Deitei, tentando dormir, mas os sons da floresta no silêncio, não são como nos filmes, são bem mais assustadores. Para minha surpresa, Pietro se sentou na beira da pedra, e passou a acariciar meus cabelos, pensei em reclamar, mas me sentia mais protegida. Ele naquele momento, era como a presença de uma mãe ao filho que chora, era só o que eu precisava.
Aos poucos fui envolvida pelo sono. A noite fora fria e nos castigou realmente, a manhã teceu o céu com o sol, como se fosse um presente. Acordei, mas não consegui me espreguiçar, os braços de Pietro estavam em volta de mim, na realidade, estávamos dormindo quase de conchinha, interessante como aquela pedra ficara tão grande para cabermos juntos, pelo canto dos olhos, percebi que ele dormia profundamente e eu não tinha certeza do tempo que ele passara acordado ali. E como não tinha motivos para reclamar, fiquei ali deitada, envolta por Pietro.
Pietro acordou e pareceu estar surpreso de não ter tomado nenhum empurrão meu. Ele riu e me deu um beijo na bochecha, seguido por um bom dia que respondi positivamente com a cabeça. Queria fazer xixi, então pedi que ele me acompanhasse até um lugar seguro.
- Agora, fica de costas e nem pensa em virar – bradei a uma pouca distância dele.
- Sim, madame – ele riu e me contagiou.
Assim que terminei, ele foi na mesma direção, disse em alto e bom som – Vou mijar. “HOMENS! Sendo sempre homens.”
- Agora, você pode virar se quiser – ele gargalhou.
Ele terminou e voltamos para a caverna, realmente como se estivéssemos voltando para a nossa casa, aquela manhã estava começando a aparecer algumas nuvens carregadas que acabaram preocupando Pietro. Decidimos comer um pouco e sair para procurar frutas e ver se conseguíamos voltar para a trilha principal da floresta.
Pietro subiu em árvores, escalou pedras e me contava de como aprendeu tudo aquilo, enquanto viajava com os pais para um sítio, parecia um verdadeiro menino e o bom é que já tinha perdido aquela pose de homem safado dele e posso afirmar que ficara um tanto misterioso, sexy e aquele corpo sem camisa, somente de bermuda, totalmente suado mexia com qualquer imaginário, principalmente o meu.
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Rendidos de Amor 1
RomanceEmbarque na aventura em que um sedutor canalha, acaba se apaixonando e descubra como será para Pietro aceitar que está amando alguém. Uma confusão de sentimentos o definirá nesse percurso. E Pietro, será capaz de entender o amor? Entre quatro parede...