Capítulo 32 - Magda Bosso

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A melhor forma de esconder nossas batalhas internas é sorrindo, poucas pessoas realmente se importam com o que estamos sentindo, então um "tudo bem" e um sorriso faz com que os que não se importam de verdade, acreditem facilmente.

Caminhava pelo centro, visitando as lojas que Robson tinha feito orçamento e a cada detalhe escolhido, tinha ainda mais certeza que estava tendo pressa demais, não estava preparada para tudo aquilo, mas também não queria esperar ainda mais.

- Em que posso ajudá-la? - uma atendente sorriu, enquanto eu olhava as vitrines da loja de vestidos de noive.

- Ah, eu queria dar uma olhada em alguns modelos - sorri, tentando esconder a tristeza.

- Venha comigo! - ela segurou meu braço.

Aquela loja era um sonho para qualquer noiva, além de ser um local aconchegante com todos aqueles vestidos dos mais diversos modelos espalhados, alguns em cabides e outros em manequins. Aquilo era tudo que eu desejava, mas não da forma como estava acontecendo.

- Algum modelo em pensamento? - a atendente me tirou de todo aquele encantamento.

- Quero algo mais simples, um tomara que caia - sorri.

- Na parte de cima tem vários modelos assim - ela apontou a escada.

Subimos dois lances de escadas de vidro, tão lindas e ao longo dela várias frases estavam expostas nas paredes salmon, frases que deixariam qualquer noiva fantasiada sobre a decisão de casar. Chegamos ao enorme ambiente e mais vestidos estavam espalhados, andei ao lado da atendente que me mostrava cada um, explicando tudo sobre os diferentes modelos.

- Esse - apontei para um branco, tomara que caia, mas que tinha um grande decote e modelava a cintura.

- Boa escolha - ela pegou o vestido e apontou para uma sala reservada que era um enorme provador.

Quando fiquei sozinha, aquela tristeza ocupou todo o ambiente e passou a me sufocar. Realmente estava preocupada com aquele casamento, as lágrimas em meu rosto me faziam lembrar de quando estava sendo dura comigo mesma. Estava agindo por impulso, por raiva e poderia não me fazer bem no futuro.

Por um segundo, pensei que quem poderia me esperar no altar no dia do casamento era Pietro e ele estaria lindo de terno, um verdadeiro gato, mas sai daquele sonhos, voltando para minha realidade quando a voz da atendente perguntou se eu estava precisando de ajuda.

- Não, já estou terminando - respondi.

Me vesti cuidadosamente, pela primeira vez estava sorrindo verdadeiramente. Chamei a atendente e ela entrou na sala, estava surpresa em como o vestido tinha se adaptado ao meu corpo, era como eu tinha imaginado para o meu casamento.

- Você está muito linda - ela comentou.

- Obrigada - sorri.

Ela trouxe os acessórios que completariam o vestido, as luvas, grinalda e todo o resto. Quando me olhei no espelho, estava realmente a noiva dos meus sonhos, me olhava, notando cada detalhe do vestido e imaginando ainda mais como seria o dia que entraria pela porta daquela igreja.

- Então, se você quiser esse, poderemos fazer os ajustes, você gostaria de comprar ou alugar?

- Comprar - tinha a mesma mania de minha mãe de querer guardar tudo, sem me importar com o tempo, afinal de tudo que vivemos só fica a lembrança.

Você pode ir no financeiro e acertamos os dias para você vim provar e fazemos a alteração que você desejar no modelo.

Caminhei para o financeiro e depois de acertar o valor base, porque poderia haver acréscimos durante a preparação do novo modelo ao meu gosto. Agradeci a atendente e a vendedora, sai da loja não tão feliz por tudo, mas sabendo que estava cumprindo mais uma parte do meu futuro casamento. Segui dali para um restaurante, onde almoçaria com Robson e contaria a ele da escolha do vestido.

Ele chegou um pouco atrasado e com a cara que não havia dormido muito, me deu um beijo e se sentou sorrindo.

- Trabalhou essa noite? - perguntei, já que ele não tinha me ligado na noite passada.

- Acho melhor não te falar nada - ele abaixou a cabeça, como e o que ele fosse me dizer ia me deixar realmente aborrecida, eu o conhecia muito bem.

- O que aconteceu? - perguntei, forçando-o a falar.

- Não quero que você saiba disso, é melhor você não saber. - ele me alertou.

- Você abe que não suporto jogos, fala logo Robson - ordenei.

- Liguei ontem para Pietro, para ver o lance do casamento, mesmo com tudo que aconteceu, deixei o convite para ele ser padrinho de pé. Mas, você não imagina o que ele me disse - Robson parou e me encarou.

- O que ele te falou Robson? - estava assustada com a fisionomia dele.

- Ele me falou coisas que foram mais difíceis de ouvir e aceitar, do que você me falando da traição.

- O que? - quase gritei.

- Ele falou que já tinha provado você e que era pra mim fazer bom proveito com o resto. Além de dizer que você era uma delícia - ele falou baixando a cabeça.

Aquelas palavras me bombardearam de uma forma que nunca imaginei, como Pietro poderia ter falado tudo isso, ele só estava confirmando o quanto eu tinha sido um brinquedo. Em pensar que realmente acreditei que estávamos nos envolvendo e que não era somente uma brincadeira, um joguinho para ele. Aquilo não ficaria assim, Pietro não ia gostar de encontrar comigo, porque eu não deixaria tudo aquilo barato.

- Robson, não fiquei assim - segurei as mãos dele carinhosamente.

- É difícil - pude perceber uma lágrima escorrendo dos olhos dele - Desde que Pietro chegou, ele só conseguiu destruir tudo que levamos muito tempo para conseguir.

- A culpa é minha Robson, me perdoe.

- Eu já te perdoei meu amor, mas não dá para viver com Pietro fazendo esses jogos para nos separar, tenho medo do que ele pode fazer ou inventar sobre mim.

- Eu não vou deixar ele nos separar, eu te prometo.

Todo o clima para almoço foi por água abaixo, engolimos toda a comida, não queria ver Robson daquela forma, ainda mais por minha causa. Estava disposta a ir até a casa de Pietro, mas desisti no caminho, iria no dia seguinte e ele não gostaria nada. Ele estava sendo duro com Robson e me machucando ainda mais.

RAI-VA

Rendidos de Amor 1Onde histórias criam vida. Descubra agora