Capítulo 22 - Pietro Vargas

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Acordei com o despertador e senti uma forte dor de cabeça, levei a mão à cabeça, aquela dor era gerada por ter apertado os dreads na noite passada. Me sentei na cama e olhei para o celular, tinha acordado cedo para não me atrasar, já sabia que Magda não gostava de atrasos.

Depois de um banho demorado frio, peguei uma cueca preta, e tentei escolher uma roupa que no mínimo Magda acreditasse que aquilo era um almoço sério. Vasculhei meu guarda-roupa, odiava escolher roupas, poderia sair pelado, mas não terminaria bem. Olhei várias vezes para as roupas disponíveis e finalmente consegui escolher.

Optei por uma camisa gola v branca, colete cinza, uma calça skinny preta e um tênis casual branco, me arrumei rapidamente e gastei mais tempo passando um creme corporal e o restante dos acessórios: corrente, relógio, lupa, sem contar os minutos que perdi para arrumar um penteado com os dreads que estavam incomodando.

Ia ligar para Magda, mas queria fazer uma surpresa melhor, sai de casa antes do horário combinado, passei em uma floricultura bem perto de casa, não queria parecer um babaca até porque isso era estranho pra mim, levar flores para uma mulher, cara eu tinha sido contaminado algum vírus naquela floresta e é um vírus perigoso. Com ajuda da vendedora, comprei um buquê de rosas que ela falou ser a melhor escolha.

Dirigi mais alguns minutos para chegar à casa de Meg, ela não precisava morar tão longe, do outro lado da cidade. Toquei a companhia com aquele buquê de rosas na mão, me sentindo o maior babaca da face da terra, antes que abrissem pensei em atirá-lo para longe, mas a porta foi aberta, pela cara, era a mãe da senhorita encrenca. Cumprimentei-a e me apresentei, ela pediu que eu entrasse e deu um grito na filha.

Me sentei na sala e passei a observar um pouco da casa, apesar da grana que Magda ganhava, a casa deixava a desejar, mas dava pra ver que tinha tudo que era preciso para se viver bem, talvez eu fosse exagerado por ter nascido e ter tido dinheiro a vida toda, uma realidade completamente diferente da dela.

Ouvi os passos que vinham da parte de cima, ela desceu a escada e estava realmente deslumbrante, os cabelos presos com uma franja arrumada, e um vestido longo com fenda no tom bege – antes que fiquem assustadas com meu entendimento de moda, eu aturei uma irmã em casa por muitos anos – e um salto alto. Levantei-me sobressalto, quando percebi já a esperava na base da escada, entreguei as rosas e ela ficou surpresa me agradecendo com um beijo no rosto.

Despedimos-nos da mãe dela e fomos para meu carro. Abri a porta e deixei que ela se sentasse e fui para o outro lado, no pequeno percurso, me perguntava que bobeira toda era aquela, primeiro rosas, depois ficar babando por ele, receber um beijo no rosto e me sentir perdidamente estranho. Que loucura era aquela.

Entrei no carro e tomamos a estrada para casa dos meus pais. Apontei para ela escolher algum CD, não curtia todo aquele silêncio. Magda me surpreendeu ao escolher um de Roupa Nova, nem se lembrava da existência daquele CD, mas como ela tinha escolhido, acho que daria um caldo naquele percurso.

- E então como tem sido esses dias fora da caverna? – perguntei dando play no rádio, deixando um som ambiente.

- Estranhos – ela revelou – mas têm ocorrido bem e os seus? – ela se virou para me olhar.

- Apesar de bem, tenho sentido a falta de você deitada do meu lado – confessei.

- Eu também, aqueles dias foram diferentes, pude ser eu mesma – ela comentou olhando para frente.

- Sabe... Às vezes gostaria de voltar àquela caverna e me perder novamente com você.

- Ninguém acreditaria – ela gargalhou.

- Mas, ninguém precisaria saber – argumentei.

- Acho melhor nos preocuparmos com esse almoço – quando ela ficou séria, quase gargalhei por saber a verdade.

Rendidos de Amor 1Onde histórias criam vida. Descubra agora