Capítulo 39 - Robson Gama

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Como eu tinha deixado tudo aquilo acontecer, como Pietro estava ganhando aquela guerra, me sentei no carro e depois de discutir com ele pelo celular e Magda, percebi que naquele momento não tinha como falar com ela, mas não desistiria nunca, ela era o grande amor da minha vida, tudo que eu fiz, foi pensar em nosso futuro, me olhava no espelho. As marcas que ela fizera em mim, ainda ardiam, mas a dor maior vinha do meu peito, aquilo era uma loucura, como fui tão burro e cai no joguinho de Pietro?

Liguei o carro, agora a brincadeira começaria, acelerei pela cidade, sem me importar com nada, nem ninguém. As sinaleiras vermelhas não eram nada, passava correndo, tinha um único destino, um antigo celeiro da minha família, em uma fazenda no interior da Bahia. Acelerei o carro, o máximo que eu pude e quando avistei aquela imensa fazenda, sorri satisfeito.

Desci do carro e coloquei minha arma na cintura. Olhei para os lados e estava vazia como sempre, o caseiro deveria estar em outro lugar ou só aparecia ali aos finais de semana. Abri a porta do celeiro e encontrei o que eu desejava, ainda continuava amarrada, amordaçada e encolhida com medo.

- Então, voltamos ao início de tudo – sorri e ela se encolheu.

Retirei a mordaça que estava em sua boca e a venda de seus olhos e olhei em sua cara, minha vontade era acabar com ela ali mesmo, ninguém sentiria falta de uma vagabunda que tinha tantos inimigos.

- O que você vai fazer comigo? – ela quase gritou.

- Calma – limpei a lágrima que forçava a sair de meu olho – vamos conversar e dependendo do rumo da nossa conversa, decido o que faço com você.

- Deixa de ser louco, eu prometi sair da cidade.

Ao ouvir aquilo, me aproximei dela, segurando seu maxilar firmemente, ela ainda reclamou que estava machucando, mas não queria saber. Por mim quebrava-o, sem nenhuma culpa. Como ela tinha sido tão cínica, ela acabou com toda a minha história.

- Por sua culpa, Pietro conseguiu acabar com meu casamento.

- Por minha culpa – ela falou com dificuldade – eu apenas fiz o que você mandou.

- Deixa de ser cínica – bati a cabeça dela contra a madeira que ela estava amarrada.

- Filho da Puta – ela gritou, urrando de dor.

- Eu só quero saber uma pergunta para te deixar ir.

- O que você quer seu miserável? – ela gritou, ainda sentindo muita dor.

- Me diz onde está o dinheiro que você ganhou! – ordenei.

- E você vai me deixar ir? – ela perguntou com a voz falhando.

- Deixo – concordei.

- O dinheiro está numa caixa em meu guarda-roupa – ela falou nervosa e continuou – agora me deixa ir.

- Você vai – fali zombando dela que arregalou os olhos.

- Você prometeu – ela falou deixando uma lágrima escapulir.

- Eu vou deixar você ir... Ir para o Inferno – apontei a arma e sem pensar duas vezes, dei dois tiros a queima roupa, um em sua cabeça, seguido por um em seu peito.

Agachei-me ao lado do corpo dela e chorei, eu não queria ter feito aquilo, mas Jú tinha me obrigado, agora ela estava pagando o preço pelas suas escolhas. Coloquei-a na porta mala do carro e no meio da estrada parei em um percurso bem abandonado, arrastei seu corpo para dentro dos matos e joguei seu corpo sobre uns matos secos, o garrafão de gasolina serviu para molhar seu corpo e o mato em volta, acendi o fósforo e perdi perdão pelo que eu estava fazendo, mas seria necessário.

Segui ao som de O Rappa para a casa dela, abri com a chave reserva que ficava embaixo do vaso de planta na porta, abri o apartamento e depois de encontrar os dois pacotes, ri maleficamente, agora tinha o que precisava, dinheiro para sumir um pouco, até que Magda se acalmasse, porque no fundo era comigo que ela ficaria, eu sabia disso, era o que ela desejava em seu interior. Depois de contar e colocar em um saco voltei para o carro, agora tinha que encontrar a pessoa que passaria aqueles dias longe comigo, o único com quem eu realmente poderia contar, Vinícius.

Acelerei para o seu apartamento. Um caminhão estava ocupando a entrada para variar, essas cargas e descargas durante o dia, parei em outra rua e subi as escadas sorrindo, alguns objetos estavam saindo do prédio. Não estava acreditando, mas minha certeza veio quando entrei no apartamento e tudo de Vinícius estava sendo levado para fora.

- Tenho uma proposta para te fazer – falei feliz, nem me preocupei para onde ele iria.

- Presumo que meus planos sejam outros – ele falou firme.

- Uma viagem, era o que eu tinha planejado.

- Deixa de ser cínico Robson, não percebe que você destruiu minha vida com toda essa ganância.

- Mas, vamos recomeçar, essa viagem é tudo que precisamos.

- Não – ele pontuou – essa viagem é o que você precisa.

- Então você está indo embora? – perguntei.

- Estou, presumo que estejamos seguindo caminhos diferentes, desejo a você toda a felicidade do mundo, mas não posso me destruir por causa de você, eu te disse que um dia você iria me perder com tudo que vinha fazendo e acho que esse momento chegou, não fazemos mais parte do mesmo universo. Vou ser feliz com outra pessoa e espero que você seja também, ou que você aprenda a respeitar os sentimentos alheios.

- Vinicius – gritei – porque você está fazendo isso?

- Isso, é por mim e por alguém que eu conheci, enquanto você me abandonava.

- Então é assim que vamos terminar?

- Na realidade, essa história só existiu para mim, você nunca se decidiu, nunca se privou de nada por mim e eu que sempre aceitei tudo.

- Vinicius – sussurrei.

- Desculpa – ele pegou sua mala e saiu me deixando vazio como aquela sala estava.

Eu perdi tudo, tudo que eu tinha, tudo que eu desejava e via que todo mundo estava saindo ganhando, Magda estava com Pietro, por pouco tempo. Vinicius estaria feliz com outro homem e eu, com quem eu ficaria? Sozinho?

Entrei no carro e acelerei em direção a qualquer outra cidade, precisava descansar e em breve voltaria, sorri olhando para o retrovisor, estava saindo de cabeça baixa, mas voltaria para conseguir tudo que era meu de volta.

VIN-GAN-ÇA

Rendidos de Amor 1Onde histórias criam vida. Descubra agora