COMPRADA

Temperamento

Sophia

Quando o funeral acabou, fomos pra casa dos Collins, e estabeleceu-se uma rotina. Comecei a morar com eles, nada foi dito, parecia o certo. Mas eles voltariam para a cidade, e eu teria que começar a me virar.

- O que está fazendo princesa? – Tia Elena, entrou no quarto uma tarde em que estava pesquisando na internet.

-Estou procurando algum parente da mamãe, logo vocês irão e não quero voltar a morar com o bêbado do Richard. - No momento em que falei, James e tio John chegaram.

- Mas você vai permanecer com a gente. – James falou, comecei a perceber, que embora ainda fosse um adolescente, ele era bem dono da situação. Os pais apenas faziam os gostos dele.

-James, eu não posso me aproveitar da família de vocês assim. Já me ajudaram mais que qualquer pessoa poderia. Fizeram muito por mim.

-Tolices. Você vai continuar com a gente. - Ele disse sem pestanejar.

Os pais concordaram prontamente, e começaram a me tratar como a filha querida. Quando viajamos pra Seattle, passei a ter uma vida de verdadeira princesa. Roupas de grife, sapatos, passeios luxuosos ao lado de James. Me senti em um verdadeiro conto de fadas. Fiquei impressionada, pensei que por mais que Richard me odiasse, iria atrás de mim, mas ele não ligou, não mandou recado, não fez sinal de fumaça. Nada. Fiquei sem sinal dele por mais de um ano. Até que descobri tudo, e o que eu descobri, me quebrou.

James

- Ei, já podemos ir. – Chamei atenção da Sophia que estava a muito tempo estava fora de orbita. – Vamos fazer mais umas fotos.

- Ok. – Ela disse com a voz embargada. Droga, ela estava remoendo essa merda de compra novamente. Sempre que ela ficava remoendo isso, ficava assim.

- Trouxe algumas coisas pra você. – Falei a observando.

-Que legal. – Ela falou sem um pingo de emoção. Tudo bem, artilharia pesada.

- Trouxe muito chocolate. – Pronto, consegui fisgar sua atenção. – Da Suiça. - Ela deu o maior sorriso desde que eu cheguei. - Você é tão previsível baby. – Falei rindo com ela.

- Vamos socializar logo, e ir buscar meus chocolates. – Falou me puxando pra onde meus pais estavam conversando com o reitor.

Quando chegamos perto, pude ver que a garota que encurralou a Sophy no banheiro, estava conversando com eles também. Hora de agir.

- Boa tarde. – Cumprimentei os presentes. Quando ela levantou a mão para mim, ignorei automaticamente.

- Lembra-se dos Wilson? – Meu pai apontou a senhora e o senhor que estavam no grupo.

- Infelizmente não. Mas mesmo assim é um grande prazer vê-los. – Fui simpático, pois o alvo da minha antipatia era loira esquisita.

- A mas ele não deve se lembrar, as vezes que nos vimos ele ainda era um pequeno garoto. – Sr. Wilson disse com cordialidade. – Hoje está um homem feito.

- E muito bonito por sinal. – Foi a vez da Sra. Wilson falar. – Essa é nossa filha, Mellany. - Que beleza. Hora de atacar.

Como até então eles tinham ignorado a presença da Sophia, eu a puxei mais pra perto, passando meu braço em seu pescoço e dando um beijo em sua cabeça. Nem se quer olhei em direção a loirinha sem graça.

- E essa é minha noiva. Acredito que não viram ela aqui ao meu lado.

Meu pai automaticamente entrou no modo apaziguador, ele sabia que quando eu confrontava alguém, eu ia com tudo. Foi assim, toda minha vida.