24. O Melhor dos Planos

2K 279 13
                                    

"Alô !" Halima diz logo que Haroub atende o telefone.

"Alô . Halima!" Ele exclama.

"Assalam Alleikum, vossa Majestade." Halima cumprimenta, gaga.

"Walleikum Salam. Tudo bem? A Abla está bem? Soas meio nervosa." Haroub diz, ele não sabe da metade do que se passava, e não vira a cara da Halima.

"Vo... Vossa." halima tenta.

"Halima, assim me pões nervoso também. O que se passa?"

"Ya Sheik,  Eu devia ter falado antes, mas a senhora sua mãe me chantageou para não dizer nada." Halima começa por se explicar mesmo antes de dizer o que realmente acontecia.

"Dizer nada sobre o quê?"

"Eu só vou falar agora porque Abla já sabe e está inconsolável." Halima diz ainda inquieta.

"Até agora ainda não me deste nenhuma informação sólida, Halima."

"Ela já sabe sobre o casamento. Vossa Majestade deveria ter dito a ela."

"Halima do que é que estas a falar?" Haroub pergunta confuso. "Que casamento?"

"O teu casamento com Latifa, esta sexta." Halima explica já o sentido tenso.

"Eu nunca disse que aceitava."

"Mas também nunca disse que não aceitava. E eles continuaram com os arranjos."

"Com quem estas a falar?" Halima e interrompida por Rahma. A senhora fica paralisada quase sem acção imediata. "Com quem falas? Eu perguntei." Rahma repete andando até Halima.

"Eu tenho de ir." Halima maneja dizer antes que Rahma tire o telefone dela.

"Tenta manter ela calma, estarei aí logo que eu puder." Ele diz e Halima desliga logo a chamada.
A senhora engole seco ao ver o olhar maléfico de sua patroa mas não podia se deixar abalar, ela ficou calada por tempo suficiente.

"Eu falava com a Vossa Majestade Sheik Haroub." Halima diz sem olhar directo nos olhos de Rahma. "Abla já sabe sobre o casamento e esta uma fera."
Halima esperava de tudo vindo de Rahma naquele momento, mas não um sorriso.

"O que a levou tanto tempo, aquela hipócrita."

"Ela está muito zangada e abalada com tudo. Eu tive que o informar."

"Você." Rahma diz apontando na cara da servente. "Devia aprender a fazer o teu trabalho e não se meter na vida dos patrões."

*******
Abla ouvi o suave bater na porta antes de ver uma figura de mulher fazer-se no seu quarto. "Oi." rahma diz com um sorriso de vitória nos lábios.
Abla tira o rosto da almofada e olha para a presença indesejada de Rahma.
"Você está com uma péssima aparência." rahma comenta ao ver a mulher que parecia que chorava o dia inteiro. "Sinto muito que tiveste de descobrir desta forma, eu pensei que Haroub tivesse te falado algo. Afinal de contas ele não ti considera tanto assim como devia." rahma abana cabeça e sentasse confortável no sofá a uma distância de Abla.
Se olhar matasse, talvez Rahma já estaria morta naquela altura, mas como não , Abla ainda tinha de ter o sabor amargo de a ver no seu quarto. "Eu sempre soube que no fundo, você era apenas uma picuinha. Haroub sempre foi muito mimado, sempre teve o que quis e você não foi excepção. Uma vez que ti teve aos pes dele, perdeu o interesse. Como toda criança faz com os seus briquedos." rahma ri abafadamente.
"Agora ele vai se casar com uma mulher de verdade, linda, casta, uma muçulmana de boa conduta, um background impecável e uma familia honrada."

"Muito obrigada pelo aviso." Abla diz esboçando um sorriso tão falso quanto as intenções de Rahma no rosto. "Eu agradeço que a senhora tenha se dado o tempo de vir aqui só para me dizer isso. Apenas digo que, o teu filho pode se casar com quem ele quiser. Eu autorizo, mesmo que ninguém tenha se dignando em me informar. Eu não me importo de dividir o meu marido."
Abla mentia e isso doía ainda mais.

"Soa tão segura." Rahma comenta feliz que tenha devastado a moça daquela forma.

"Eu estou, Rahma." Abla diz num tom firme. "Será aquilo que o meu casamento não pôde ser. A nora que sempre quis, mas Haroub sempre terá a esposa que ele sempre quis, e eu farei de tudo para lhe ver feliz. Faça o que fizeres, eu estarei aqui como uma sombra. Irás me ver por detrás de cada sorriso que Haroub der. Faça bom proveito da sua nova nora. O marido ainda continua meu."

"Será seu sim, noite sim, noite não." rahma se ri. "Eu vou ti deixar com a sua própria miséria." rahma diz levantando-se. "Eu ainda tenho muitos detalhes que cuidar." Abla da um sorriso falso, e Rahma devolve outro.
Rahma marcha para a porta, saltando os cacos de vidro e porcelana no chão, e vira-se para Abla. "E presta atenção no que vai quebrar, pois tem muitas peças aqui que valem muito mais do que tu." Rahma diz e logo sai. Abla respira fundo quando sente a vontade de matar a mulher.

"Allah tem o melhor plano." Ela tenta se consolar. Olhando para trás, nada saiu como ela queria na sua vida.

*Não pode ir a sua festa de graduação.

**Ela queria tanto fazer uma festa enorme no seu aniversário .

***Queria tanto ter a férias de verão com as suas amigas.

****Entrar para a universidade e ir estudar fora do país com as amigas.

*****ser a lenda da dança.

Ela nunca imaginou que ia se casar e passar por tudo o que ela passou. Perder o amor da sua vida para a sua pior inimiga, ter uma desilusão amorosa. Mover-se para um pais que mal conhece a língua e a cultura, viver de baixo do mesmo tecto com um estranho que ela deve chamar de marido.
Como bónus, a sua tia fica doente, ela própria ficou doente, apaixonou-se novamente e teve a sua segunda desilusão amorosa, e agora tem de dividir o marido. Nunca passou pela sua cabeça que fosse ter de fazer isso.
Logo ela se apercebeu que não é dona nem sequer do seu próprio mundo. Ela remove as almofadas da cama, e mete-se de baixo dos lençóis para tentar dormir. Mas o cheiro dele esta impregnando em todos os cantos do quarto.
Ela fechou os olhos e logo a manhã chegou. Depois da primeira reza ela sentasse com o Alcorão (Livro sagrado no islam) e tenta esquecer do mundo e encontrar algum conforto.
"Ya Allah, me dê forças." Abla sussura.

Pouco depois do por do sol (Maghrib) Halima entra no quarto com uma bandeija de comida para Abla.
"Assalam Alleikum." Halima tenta, mas não recebe cumprimento algum. abla não imaginava o quao Halima ensaiou aquela entrada. "É bom ti ver mais calma. Estava preocupada que não comeste nada. Se não ficas doente de novo." Halima comenta ainda sem resposta. "Preparei algo que gostas muito-"

"-Mais uma palavra e não respondo por mim." Abla interrompe a senhora.

"Desculpa." Rahma diz engolindo a seco, e começa a andar para fora do quarto.

"Hei." Abla chama e Halima se volta para ela sorrindo.

"Sim."

"Estas a esquecer da tua bandeja." Abla diz levando-se da cama até a janela cruzando os braços, ela olha para fora para não olhar para Halima.
Ela nota o movimento de carros e desta vez não era entrega de arranjos.
"Quem são todas essas pessoas a chegarem?" ABla pergunta.

"Tem um jantar importante hoje. Algumas pessoas vêm para o jantar." Halima diz sem tentar por barreiras.

"São pessoas importantes?" Abla questiona.

"Sim, eu ouvi que o Sheik de Judar estará aqui. Embaixadores e algmas familias importantes." Halima diz num sorriso pensando que já tinha ganhado a confiança de Abla de novo. Abla apenas sorri abafadamente e dá um sorriso esguio. Halima pára de sorrir e já começa a ficar preocupada. "Eu não gosto nada disso. A última vez que sorriste assim, meteu-se no deserto como uma louca."

"Obrigada pela comida, Halima." Abla diz simpática. "Eu acho que já tenho fome." Halima começa já a tremer, pois falou demais. "Um brinde a novos dias." Abla diz pegando o copo de sumo eufórica na sua mao e depois da um gole sorrindo. Esse era o sorriso de mulher ferida prestes a fazer uma loucura.

MIL E UMA NOITES no deserto (inter-racial)Onde histórias criam vida. Descubra agora