23. O inferno da Família dos Sheiks

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Abla andava dum lado para o outro no seu quarto, com as mãos suadas e o corpo trémulo, ela não consegui nem pensar direito. Não conseguia imaginar como pode Haroub planear um casamento pelas suas costas. Ela pensou que a relação deles estivesse a crescer, com confiança e compreensão.
Algumas vezes ela pensava que estava amando de novo; e que talvez este fosse um lugar seguro para se apaixonar, sem risco de ter o coração quebrado mais uma vez.

'...seremos como irmãs.' A voz de latifa fazia eco nos seus pensamentos. 'Ti vejo.... no dia do casamento.' Claro, Rahma queria esfregar isso na cara. Só que Latifa não fez nenhuma afirmação directa.

'Eu não tenho nada para dizer...sou apenas uma servente aqui.' Claro que Halima sabia, e mais uma vez não a disse o que acontecia.
Claro que Rahma não estaria a ser tão boazinha assim do nada. Ai vinha a grande bomba para detonar sobre a cabeça de Abla.

"Abla!" Ela ouvi uma voz familiar lhe chamar, enquanto olhava para o chão com lágrimas nos olhos. Halima batia na porta com insistência, mas Abla não a responde. Preocupada ela fez-se no quarto mesmo sem autorização. "Café esta a ser servido no jardim." Halima diz mas logo fica preocupada com a moça que não se mexia ou dizia algo engraçado. "O que se passa?" Ela mal intendia que naquele momento havia um tumulto na cabeça de Abla que nem ela própria dona percebia.

Abla levanta o rosto com um olhar mortal em Halima. "Estás bem?" Halima insiste.

"Bem?" Abla pergunta retórica. "Pode alguém ficar bem numa casa cheia de cobras e aranhas venenosas?"

"O que aconteceu?" A senhora pergunta, preocupada, mas já com um sensação de medo, imaginava o que fora. Cedo ou tarde ela viria a saber; adiar não adiantou de nada.

"Você sabe o que acontece, de facto todo mundo sabe o que acontece." Abla exaltasse fazendo Halima assustar-se com a repentina mundanca de tom. "Porque não me disseste?"

Halima gageja ao tentar responder, tentando arranjar uma forma de manter a mulher calma. "Antes de saltares para conclusões, deixa-me adiantar que ela faz isso de propósito." Halima tenta. "E Haroub, eu duvido que ele saiba o que acontece por aqui."

"Ya Allah, pára de mentir, por favor. Pelo amor de Deus." Abla diz tentando se manter calma. "Ele ia se divorcear de mim, caramba. Por alguma razão ele quiz se divorciar de mim, e eu não sabia qual depois de ter me obrigado a ficar. O que podia ter mudado. Mas esta ai claro, na minha cara, mas eu fui tão burra. Não intendia nem que eu não sou nada nesta casa."

"Abla, por favor pensa." Halima tenta ainda gagejando."Você não acha estranha essa viagem repentina de Haroub! Eles fizeram de propósito-"

"-Vocês são todos farinha do mesmo saco, todos, desde o Sheik até os serventes, todos a mesma porcaria de gente. Eu eu pensei que o podia amar." Abla diz andando em circulos frustarda. "Eu sou tão burra. E você ai fazendo-se de amiginha. Amiga da onça, você é."

"Eu não era a pessoa mais indicada para ti falar. Abla eu não sou nada nesta casa."

"Por favor, desaparece da minha frente. Você me enjoa. Nunca mais olha para mim." Abla ordena, sem se importar com nada.

"Eu sei que estas muito nervosa-"

"Pàra de agir como se importasses com algo. Você não se importa, são todos iguais. Todos me criticaram tanto, mas não são nada melhor do eu. Eu prometo, prometo mesmo, que farei da vossa vida um completo inferno. Eu não tenho nada a perder. Não tenho de me preocupar com a minha reputação. Mas a reputação deles é mais importante, não é? E eu tentei respeitar, mas não. Ele brincou com os meus sentimentos." Abla diz tentando conter as lágrimas. "Eu pensei que ele foi atrás de mim porque me amava, mas era somente para provar que ninguém o humilha, que ele é o principe das arábias."

"Não faça nada que vá se arrepender mais tarde." Halima tenta manter a ferra mansa.

"Você deveria ter usado esse conselho com a vossa majestade Rahma."

"Fala com Haroub antes de mais nada. Ele nunca aceitou essa ideia. Os pais dele é que vivem pondo ele sob pressão ." Halima tenta explicar.

"Ele nunca disse que não queria, disse? E nunca me falou sobre essa maldita proposta."

"Talvez não fosse tão importante para ele."

"Por favor, Halima. Eu não nasci ontem." Abla diz rindo-se. "Faça-me o favor de multiplicar-se por zero. Some das minhas vistas." Abla diz no topo da sua voz para a mulher que não teimou em ficar. Logo perde todas as forças , e com os joelhos fracos põem-se no chão , enquanto as lágrimas fazem-se o seu rosto como cascatas.
Ela não imaginava que teria o seu coração despedaçado tão cedo. Quase havia se esquecido como era ter o seu coração partido. Com as mãos sobre o seu estômago ela fica de cocras escondendo-se da luz que tinha no quarto. Só lhe dava vontade de sumir duma vez por todas daquele lugar. Ele não tinha o direito de ir lhe buscar, a perseguir por meses só para a fazer sofrer. Ele não era ninguém para lhe tratar assim. Ela estava longe de ser uma mulher qualquer que cairia sobre seus pés assim.
Durante o seu casamento ela esteve tão agoniada e pertubada com o pensamento de que ia se casar com um homem que mal conhece, que esqueceu de pôr no contrato que devia ser ela e somente só ela...mas não era a intenção dela ficar por muito tempo ao seu lado.

Abla desejava apenas acordar daquele pesadelo, mas sempre que abria os olhos, tristeza era tudo a sua volta. Justamente quando ela já estava a sentir-se segura, feliz; fazendo gosto do silencio após a tempestade.
Ela pega a primeira coisa que vê ao seu lado e joga contra a parede. Não queria sentir aquela raiva, mas se sentia traída. Ele pediu para que ela deixa-se tudo para trás, apenas para trazer um segunda mulher em sua vida.

MIL E UMA NOITES no deserto (inter-racial)Onde histórias criam vida. Descubra agora