16. Quando ela já sente falta dele

2.1K 298 12
                                    

Fazendo um esforço para retirar-se da escuridão na qual ela estava emergida, Abla abre os olhos e tudo que podia ver era a imagem nublada de pessoas se movendo rápido, murmurando em árabe. A sua cabeça doia devido o impacto com o chão. Ela temia pestanejar, com medo que não regressasse mais daquela escuridão.
O cheiro de hospital invade as sua entranhas, e não foi difícil adivinhar onde estava. Mas o que terá acontecido de tão grave para ele estar ali? Ainda estava confuso na sua cabeça, não se reocrdara que desmaiara.

O médico aproxima-se focando uma luz forte na sua retina, ela queria mover-se daquela luz, mas não tinha onde buscar forças. Algo firme segurava o seu pescoço no lugar. Não conseguindo manter-se acordada, ela adormece de novo.

No momento que ela conseguiu abrir os olhos, depara-se com dois berlindes castanhos que a assistiam a dormir. Ele parecia-se muito preocupado, ela abre um sorriso; feliz que ele viera. Sentia o toque dele na sua face, e isso fora suficiente para que ela descansasse em paz, sem preocupar-se em saber se ele viera de onde quer que ele estivesse para lhe ver.
Ela retribui a carícia, acareciando a mão que ele tinha no rosto dela.

"Alhamdullilah. (gracas a deus)" Ele diz e planta um beijo na testa dela. "Descansa." Ele murmura perto dela, e ela estara tão cansada e bêbeda de calmante que fizera-o logo.
***
Abla acorda e dá uma vista de olhos a volta do quarto; depois olha para si mesma e nota a agulha penetrada na sua pele e ligada ao balão de soro. O seu corpo estalava dor, mesmo assim fez um esforço para descer da cama, quando logo de seguida uma enfermeira faz-se no quarto murmurando palavras em árabe. Logo observa a Abla e toma algumas notas. Logo que sai a médica faz-se no quarto para a examinar.

"Como se sente?" A medica pergunta.

"É necessário isto tudo?" Abla pergunta referindo-se ao soro.

"Não tem se alimentado bem ultimamente e tem deficiência de cálcio. A senhora esta anémica."

"Eu não tenho apetite." Abla responde sem vontade de o fazer.

"In sha Allah (se deus quiser) recuperaras
o seu apetite. Tudo vai ficar bem." A senhora diz e retira-se.

"A enfermeira faz-se no quarto com a refeição de Abla e tenta dar de comer a Abla, Abla apenas olha para a senhora sem dizer uma palavra ou abrir a boca. "Estou tão mal assim?" Ela pergunta.

"Fui dada ordens expressas para assistir-a."

"Não tem problema, eu a assisto." Uma voz familiar diz ao entrar no quarto. Abla olha surpresa com a presença do seu tio ali, a enfermeira retira-se logo de seguida.
Ele era a última pessoa que ela esperava ver; mas ela sabia que apesar dos pesares, eles nunca deixaram de a querer bem.

"Assalam Alleikum. (Que a paz de Deus esteja contigo) ." Abla cumprimeta.

"Walleikum salam. (Que a paz de Deus esteja contigo também." Ele responde e cruza os braços gesticulando para que ela não parasse, mas sim voltasse a comer.

Abla termina a bandeija inteira em fracções de segundos e olha para o tio com cara de quem diz já terminei, pode falar. Ela estava ansiosa para saber o que ele queria a dizer.

Ele move a mesa e sentasse na ponta da cama. "Como te sentes?" Ele pergunta e ela olha confusa, queria ouvir algo diferente, aquela pergunta a doctora já fez.

"Estou me sentindo bem melhor agora." Abla diz olhando para os seus dedods das mãos interlaçados. "Eu sinto muito tio, na realidade tenho muitas desculpas que lhe endereçar ."

"Uma desculpa sincera é mais do que suficiente." Ele diz num sorriso.

"Eu não podia estar mais envergonhada." Lagrimas encharcam os seus olhos. "A vossa indiferença outro dia, fez-me sentir como se eu tivesse perdido os meus pais pela segunda vez." Ele não a diz nada, apenas segura os rosto de Abla nas suas mãos e planta um beijo na testa. Ele fez a sua parte como a religião ordenara,  cuidar dos órfãos. Paraíso estara mais perto de quem acareciar a cabeça de um órfão,  mostrar carinho e não aproveitar-se das suas riquezas. Até que atinjam a maior idade e maturidade para tomar conta dos seus bens.

"Nós nunca poderemos tirar-te dos nossos corações. Eu rezei todos os dias para que Allah nos devolvesse a nossa Abla."

"Allah respondeu as tuas presses, espero que ele oiça as minhas e me perdoe."

"Não deixe shaytan (Satan) fazer-te pensar que não es digna do perdão de Allah." Ele diz e Abla sorri junto dele.

"Como é que a tia está?" Abla pergunta.

"Os médicos dizem que ela esta a responder muito bem a quimioterapia."

"Alhamdullilah (graças a Deus) ." Abla diz.

"Alhamdulillah". Ele repete.

"Leva-me a ver a ela?" Ela pede.

"Não, não agora. Você esta doente, como vai visitar outra doente?" Ele diz e logo ouvem uma batida na porta.
Tariq entra no quarto, e Abla fica um puco desapontada que não tenha sido Haroub.
Mas ele esteve lá na noite passada.

Ela recebeu todo tipo de visita naquele dia, menos Haroub. Até mesmo a degenerada da sogra deu as caras. Talvez ele ainda estivesse chateada com ela, não é como se ele não tivesse motivo suficientes. A última vez que se viram a conversa não fora muito saudável, na verdade nunca foi saudável.

"Claro, o príncipe da coroa tem coisas mais importantes por fazer." Ela murmura para si mesma.

Pouco sabia que Haroub se encontrava num encontro de negocios importante quando recebeu a notícia sobre a sua esposa. Ele conseguiu ficar apenas até que a reunião acabasse, mas depois disso cancelou tudo que lhe restava fazer e zarpou de jato devolta a Oman.
Quanto tempo mais podia ele manter uma mulher infeliz ao seu lado. Quando a sua religião indulta que vivera e mantera a sua esposa convenientemente ou a libertara com dignidade.

Ele entrou no quarto dela e lhe viu na cama dormida coma volta dos olhos escuros e o semblante morto, fez o sentir que ele matara aquela rapariga alegre que ele vira em zanzibar tão radiante.

Agora para além de ouvir o sermão do Sheik al Said, seu pai, sobre os negócios que ele deixou descuidados por uma mulher que não vale o chão que pisa, tinha de se manter longe do hospital.

"Eu quero-te aqui em 15 minutos." O senhor esbraveja.

"Sim senhor." Haroub diz antes do telefonema desligar-se. "Coisas que você me faz fazer, Abla." Haroub murmura. "Você não e saudável para mim."

*******
"Assalam alleikum (que a paz de deus esteja contigo)" Abla diz radiante para a sua tia. Depois de tanto implorar a enfermeira para a levar para o quarto da tia, finalmente conseguiu. Tiveram que rolar o hospital inteiro e cruzar o pátio na carrinha de rodas, mas valeu a pena.

"O que fazes por estas bandas? Foste de mal a pior, minha pequena. " A tia pergunta num tom de brincadeira.

"Um pouco."

"O que foi agora."

"Só uma virose nada de mais."

"Sei..."

"O que interesssa e que podemos juntas abrir um clube de pacientes." Abla faz piada.
Depois de longa conversa e sorrisos, a enfermeira a leva devolta ao quarto, quando ela abre a porta e nota a figura que olhava da janela a fora, o seu coração quase pára. Ele voltasse para olhar nos seu olhos. Abla respira aliviada, pois era a unica coisa que faltava.

"Jazakallah Khair (Que Allah ti retribua)." Abla diz para a enfermeira que se retira logo de seguida.

"Wa iyyak." A enfermeira murmura e sai do quarto. haroub aproxima-se dela e o sorriso de Abla reflete nos olhos tristes de haroub. Abla estende a sua mão para ele e ele a ajuda a ficar de pé. Ao em vez de deitar-se na cama, ela envolve os seus braços a volta do pescoço de haroub. Encostando a sua cabeça no peito dele, ela procura conforto, não há outro lugar que ela preferia estar. "Pensei que não viesses mais." Ela quebra o silencio.

Ela sentia ele frio e distante, involuntariamente ele transmite a sua inquietação e faz ela desembaraçar-se dos braços dele a afastar-se.
Ela olha nos olhos de Haroub e não havia calor nenhum, ele nao podia nem evitar franzir a testa. "Eu já estou me sentindo bem, bem melhor." Ela diz, pensando que talvez fosse o seu estado que o deprimia. "Eu não gosto quando eu digo algo e você apenas olha-me em silêncio." Ele tenta esconder por detrás de um sorriso mas ela sabia que algo se passava. "O que se passa?"

MIL E UMA NOITES no deserto (inter-racial)Onde histórias criam vida. Descubra agora