O Ataque do Corvo

Livro 10: Operação Epíthesi

A viagem para Luxor durou três horas exatas. Eles pararam em um posto de gasolina na beira da estrada a poucos quilômetros da cidade para almoçar e abastecer. Não havia muito o que conversar, portanto passaram a maior parte em silencio. Ashley conseguiu um favor de um 'amigo' e o segundo helicóptero estava esperando por eles. Assim que chegou a cidade, Samirah foi direto para o local de partida. A viagem seguiu tranquila, até que a Ashley informou que o helicóptero que eles deveriam estar foi destruído por um míssil antes mesmo de sair do chão para voltar. O piloto estava em estado grave no hospital de Luxor. Mac agradeceu silenciosamente a Ashley e a Samirah por terem salvo a sua vida. Já era a segunda vez que a garota egípcia o salvará da morte em menos de uma semana, e ao que tudo indicava, não seria a última. Seguiram com o plano e foram para as coordenadas cedidas por Abdul. O pequeno Helicóptero egípcio pousou próximo a um vilarejo chamado Bir Gandus, que teoricamente era marroquino. O lugar pequeno facilitaria a busca pela filha do presidente e logo, tanto ela quanto os dois companheiros estariam a salvo e suas casas.
- Ashley, procure por SUV's nessa região. - Pediu Samirah. Ela havia tomado as rédeas da situação, pois era uma excelente estrategista, habilidade adquirida nos anos em que serviu o PKK. Pegou o SVD nas costas de Mac e se preparou para qualquer desventura. Ele ainda tinha a M4A1 usada para eliminar o time de terroristas em Kom Ombo, porem apenas mais um cartucho. Com ele também havia um explosivo plástico, binoculo, granadas, e as duas Glock's 18c com 5 carregadores cheios nos bolsos. Samirah por outro lado apenas tinha a sua USP 9mm, dois carregadores e a SVD apenas um, impossibilitando um ataque frontal contra as forças do Al Gahab.

Enquanto isso, os jornais e nas rádios de Kom ombo e Assuão informavam que Jonatan P. MacMiller e Samarah Lyli Macleod eram procurados, e deveriam ser considerados 'armados e perigosos'. Qualquer informação sobre o paradeiro deles deveria ser dada a polícia o mais rápido possível. Eles eram acusados pelos crimes de roubo, destruição de bem privado, porte ilegal de armas, assassinato e tortura. O Capitão fez questão de não informar aos jornalistas que os mortos eram terroristas e criminosos, para que a população não apoiasse esse tipo de atitude. Ele sentia que logo chegaria ao MacMiller, e quando pusesse as mãos nele, a coisa iria ficar feia. Ele ainda tinha o rosto de Samirah no computador. Mesmo com as informações das câmeras e dos relatórios de pesquisa, ele não podia acredita que aquela era realmente Samirah, a 'sua' Samirah. Quando ambos tinham dezoito anos, eles eram noivos. Por causa de uma doença genética, a garota não poderia ter filhos, ela se tornou triste e melancólica depois disso, fazendo o relacionamento dos dois ruir como um castelo de areia rui ao vento forte do litoral. Apesar de ser a tantos anos, ela continuava muito esbelta, como sempre. De repente ele pegou o telefone, e discou um número. Um número que a muito ele não usava.

Mac esperava a varredura via satélite de Ashley, que resolveu desligar o GPS de Mac, para que ninguém, além dela, soubesse onde estava. O telefone de Samirah tocou em seu bolso, fazendo-a quase pular de susto. "Can't Take My Eyes Off You " tocou timidamente. Ele olhou na tela o número, e atendeu.
- Oi Sammy - Disse alguém pelo telefone. Uma voz masculina. Fazia anos que ninguém a chamava assim. Só uma pessoa a chamava assim.
- Quem é? - Perguntou com um frio na barriga. Apesar de perguntado, ela não queria saber a resposta.
- Não acredito que já se esqueceu de mim. - Em sua voz, havia um falso desapontamento. - Onde você está? Queria te ver.
- Estou em Assuão, próximo ao Lago Nesser. - Deu sua resposta padrão para a pergunta, sem nem ao menos pensar no que estava dizendo.
- Te encontrarei lá então. Como você está? - Mas sem responder à pergunta, Samirah desligou o telefone. Estava pálida, parecia que tinha visto um fantasma. E talvez seja um fantasma mesmo, que voltou do seu passado para assombra-la novamente. Uma voz bem ao fundo perguntou alguma coisa, mas ela estava atônica, não conseguiu entender o que ela dizia. " Quero te ver" ainda ecoava em sua mente, "Por que?" pensou " Depois de tantos anos, por que agora?"
-hei, tudo bem? - Mac finalmente conseguiu tira-la de seu transe. - Quem era ao telefone?
- Ninguém. - Respondeu rapidamente, quase implorando para Mac não insistir em no assunto.
- E como 'Ninguém' conseguiu te deixar tão assustada? - Infelizmente ele insistiu. Sua única opção era revelar a verdade.
- Você lembra quando eu disse que era noiva? - Começou, e sem esperar a resposta, prosseguiu. - Eu descobri que não poderia ter filhos, por causa de uma doença genética e com isso, meu maior sonho foi despedaçado. Para completar meu noivo, Ebrahinm me largou em seguida. Eu estava sozinha, desolada e sem esperanças. De alguma forma, encontrei refúgio no PKK, enquanto Ebrahinm seguiu seu ramo na polícia. A última coisa que soube dele, era que havia se tornado Capitão. - Mac escutou a história em silencio, sem nenhum tipo de julgamento. Quando ela terminou, sua mente se libertou do empasse e retomou ao normal. - Ele sabe o que aconteceu em Assuão e em Kom Ombo. Devem estar atrás de nós. Se voltarmos seremos presos e condenados a execução.
- Então nossa única opção e seguir em frente - Concluiu Mac.
- Gente, desculpe atrapalhar o momento, mas achei algo. A trezentos metros de vocês, seguindo a leste, tem dois SUV's parados em um barracão. Muitas pessoas, entre civil e hostis estão no local.
- Alguma sugestão? - Perguntou Mac.
- Não muitas. Ação furtiva e a melhor chance de vocês entrarem. - Mac pensou, pensou e pensou. Seu tempo estava correndo.
- Quanto tempo temos Ash?
- Trinta horas.
- Eu tenho um plano.
O plano de Mac constituía em entrar na base, se passando por Hasan a trabalho de Iman, com Samirah prisioneira, porem o risco estava muito alto.
- Façamos o seguinte: Você distrai os guardas da frente, enquanto eu entro sorrateiramente, em seguida você entra e a gente procura a garota e o chefe.
- Falando nisso, Mac eu analisei a voz do homem que conversava com Dominico ao telefone e o resultado acabou de chegar. O chefe é Edward Nelson. - Mac já suspeitava, portanto, a informação apenas confirmou suas suspeitas.
- Ashley, saia daí. - Disse ele para ela. - Você precisa cair o fora da base o mais rápido possível.
- Ele não está aqui, estou segura. - Tentou tranquiliza-lo.
- Faça o que eu digo. Vá para longe rápido. Ele pode não estar sozinho.
- Já e a segunda vez que você pede para eu arriscar meu pescoço! - Disse ela, desanimada - Assim que eu sair da base, perderei qualquer contato com você. Estarão sozinhos.
- Tudo bem. A gente se vira - Falou Samirah.