Algumas semanas depois daquele dia constrangedor chegou o tão esperado dia em que eu iria de fato me mudar. Era a semana de adaptação para os calouros, precisávamos ter todo nosso quarto arrumado com todas os nossos pertences pessoais e descobrir se de fato era aquilo que nós queríamos, muitos desistem nessa semana e assim surgem vagas para aqueles que realmente querem poderem ingressar nos cursos. A maior parte das minhas coisas já estavam empacotadas há alguns dias e preenchendo a mala e todos os outros bancos do carro, menos o do motorista é claro. Apesar de animada fiquei um pouco triste porque meu pai não pôde ir pra me ajudar e eu senti que seria a única pessoa lá que não teria ajuda dos pais.
-Se fosse no meu sonho o Nicolas estaria aqui comigo agora.- Murmurei trancando a porta ao sair e entrei no carro sem olhar pra trás. Pois é, não consegui esquecer ele.
Três longas horas depois...
Eu estava no campus novamente e dessa vez tinha mais gente ainda, haviam famílias inteiras lá e acho que se fosse possível teriam levado até mesmo os bichos de estimação da casa. Dessa vez estacionei perto do prédio onde meu dormitório ficava, na verdade era bem atrás. Mesmo assim iria levar um ano só pra conseguir colocar todas as coisas em meu quarto e acho que eu era invisível porque ninguém se ofereceu pra me ajudar quando me viu carregando duas caixas enormes que estava tapando completamente minha visão. Era mais do que esperado que aquilo não iria dar certo. Quando tentei subir na calçada acabei pisando em falso, mas apenas a caixa de cima caiu no chão porque alguém me segurou. Fiquei gelada no mesmo instante e disse cheia de esperanças:
-Nicolas?- Dei um sorriso imenso.
-Sim... Como você adivinhou?- Ele me pôs em cima da calçada e pegou a outra caixa que havia caído, então eu vi que não era o Nicolas de quem eu estava falando.
-Ah! É só você...- Murmurei desanimada.
-Como?- Ele franziu a testa.
-Nada!- Refiz meu sorriso- Obrigada pela ajuda.
-Não há de que.- Ele sorriu também- Você ia se machucar feio.
-Não conta pra ninguém, mas esse é o meu superpoder.
Nós dois demos risada.
-Veio sozinha?- Entramos no prédio subindo pela escada pois os elevadores estavam lotados.
-Sim...
-A família não apoia sua decisão de curso também?
-Meu pai precisou trabalhar e a minha mãe faleceu há um tempo.- Respirei fundo.
-Nossa... Eu sinto muito. Me desculpe por perguntar.
-Não tem problema.- Dei um meio sorriso- E quanto a você?
-Quer saber por quê estou sozinho... Bom, eu nunca conheci minha mãe. Fui criado pelo meu pai e meu irmão mais velho. E eles não estão aqui pois meu pai está sempre ocupado pras minhas "coisas bobas", ele meio que venera meu irmão porquê está servindo ao exército desde os dezoito anos.- Nicolas revirou os olhos.
-Acho que você ganhou de mim.- Tentei quebrar o clima chato.
Ele sorriu.
-Você é bem engraçada...
Poupamos o fôlego para conseguir chegar vivos até o quinto andar e fomos até o fim do corredor onde ficava meu quarto. Ele estava vazio e pelo que vi Sarah foi mais rápida e já tinhas suas coisas arrumadas, devia estar andando pelo campus com a sua família, coisa que Nicolas e eu não iriamos fazer naquele dia.
-Será que você pode entrar aqui?- Entrei colocando a caixa em cima da minha cama.
-Hoje é dia livre.- Ele disse ofegante fazendo o mesmo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como perdi minhas ASAS
RomancePLÁGIO É CRIME! (Art. 184 - Código Penal) Nicolau, ou Nicolas, é um jovem anjo que acaba de ganhar suas asas ao completar seus dezoito anos. Seu pai Kamael é um antigo anjo guerreiro que abriu mão das batalhas para cuidar de sua família, sendo subst...