"O que acabou de acontecer aqui!?" Foi a primeira coisa que me perguntei depois de ver Amanda sair correndo daquela maneira. Foi um processo lento até que eu finalmente assimilei que ela estava chateada comigo e que eu poderia perder todo e qualquer contato com ela. Logo a única garota que chamou minha atenção em toda minha vida. Mesmo que atrasado saí correndo para tentar encontrar ela na rua, em um ponto de ônibus ou qualquer coisa, mas era tarde demais e o idiota aqui nem ao menos pensou em pegar o carro.
-Estúpido!- Murmurei a mim mesmo.
Algumas pessoas na rua ficaram me olhando, como se estivessem pensando "por quê ele está sem um guarda-chuva?". Queria respondê-los, mas não tive tempo pra isso. Voltei pra casa imediatamente pra não pegar um resfriado, tomei um banho e pus roupas secas. Fiquei jogado no sofá tentando relembrar de tudo que Amanda me dissera, mas era impossível achar alguma que não se encaixasse perfeitamente na categoria "insanidade mental". Mesmo pensando assim eu não poderia deixar Amanda daquele jeito, eu sentia uma coisa muito forte por ela e era algo que eu ainda não compreendia.
No dia seguinte já acordei pensando no mesmo assunto do dia anterior e parecia que Amanda acreditava demasiado em tudo aquilo que me contou, mas não deixava de ser loucura. Como eu poderia ser um anjo? Um anjo que morre e vira humano?! Não tinha o minimo de cabimento, ao meu ver. Eu precisava muito conversar com ela de novo, era impossível deixar as coisas como estavam. Então peguei o carro e voltei pro campus. Estacionei atrás do prédio de Amanda, estava quase fixando uma vaga cativa de tanto estacionar ali, depois subi até la sem me importar se poderia ganhar uma advertência ou não. Mas claro que subi pela escada de serviço, era melhor evitar.
Bati na porta umas cinco vezes seguidas e sua colega de quarto, Sarah, foi quem abriu a porta.
-Amanda não está.- Sarah não estava mais simpática e não abriu completamente a porta.
-Onde ela foi?!- Perguntei preocupado.
Ela não respondeu de imediato, ficou pensando... E então percebi que Sarah estava mentindo. Olhei por cima de seu ombro ligeiramente e vi Amanda na cama.
-Com licença.- Passei por ela rudemente e fui até a cama.
-Amanda.- Sussurrei perto deu seu ouvido.
Ela não se mexeu, obvio que não me ouviu, parecia bem cansada.
-Olha, eu não sei o que você fez, mas ela está muito cansada e não conseguiu dormir ontem.- Sarah cruzou os braços- Acabou de pegar no sono.
-Vou ficar aqui e esperar ela acordar, então.- Disse olhando para Amanda e acariciando seu cabelo.
-Tira a mão dela.- Sarah me afastou- Deixa ela em paz, por favor.
Olhei Sarah e franzi a testa.
-Olha, você não sabe o que aconteceu, então não se meta.
-Eu vou chamar o segurança!
-Faça o que quiser. Não vou sair de perto dela até conversarmos melhor.- Olhei para Amanda novamente.
-Pelo menos espera até ela acordar, eu te aviso quando.- Ela me olhou- Tenho certeza que a última coisa que ela quer ver quando acordar é você e isso pode piorar tudo. Quer mesmo isso?
Respirei fundo me sentindo sem saída.
-Ok, vou esperar ali fora.- Me levantei e fui até a porta.
-Obrigada.- Ela revirou os olhos e fechou.
Sentei ao chão do lado de fora, bem ao lado da porta. Eu sabia que os seguranças trabalhavam reduzidos aos domingos, que era o dia de porre pros festeiros, e que ninguém me pegaria ali.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como perdi minhas ASAS
RomancePLÁGIO É CRIME! (Art. 184 - Código Penal) Nicolau, ou Nicolas, é um jovem anjo que acaba de ganhar suas asas ao completar seus dezoito anos. Seu pai Kamael é um antigo anjo guerreiro que abriu mão das batalhas para cuidar de sua família, sendo subst...