-O irresponsável e o intrometido

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Mentalmente acabado, fisicamente esfolado. Não conseguia me sentir de outro jeito, eu realmente não estava preparado para ser um protetor. Cada vez mais eu queria ser um humano e viver livre daquelas responsabilidades.

Pra ficar melhor acordei com outros protetores veteranos tirando sarro de mim por ter dormido ali no chão perto do portal.

-Não tá aguentando?- Um deles disse cutucando o outro.

-Esse é daqueles que não prestam pra nenhuma tarefa. Devia limpar os chãos da A.T.E.P, seria mais útil.- E deu risada.

-Deixem ele em paz!- Uma voz familiar surgiu.

Esfreguei os olhos abrindo com dificuldade.

-Sablo?- Disse surpreso.

-Levante-se irmão!- E estendeu uma de suas mãos para mim.

Agarrei-me nela com toda força que pude e me levantei.

-Obrigado.- Disse mal humorado estalando as costas e sentindo a dor em meu abdômen e braços.

-Noite difícil?

-Noite difícil!? Dia difícil! Vida difícil! Eu não nasci pra isso, Sablo.

-Que mal humor. Deveria tomar um banho, está completamente sujo.

-Tá melhorando meu dia.- Disse sarcasticamente.

-Pegue um pouco dessas uvas.- Ele dividiu o cacho que tinha.

-Obrigado.- Dei um meio sorriso e comi tudo de uma vez- Agora vou lavar as asas antes que precisem de mim.

-E eu preciso voltar ao treinamento.- Ele disse envergonhado- Cuide bem da Amanda.

-Quem?- Perguntei confuso.

Sablo me encarou bravo franzindo a testa.

-Ah! Claro!- Consegui lembrar dela.

Aqueci as asas e voei com rapidez até a cachoeira mais próxima. Todos os lugares eram tranquilos e paradisíacos, muito diferente de onde os humanos se banhavam, deveriam fazer como nós. Enfim, não havia ninguém, com certeza estavam em seus respectivos trabalhos. Tirei minhas vestes, que no caso era apenas a calça branca folgada e removi dela toda sujeira a colocando para secar ao sol em uma pedra, tirei o alarme de meu ouvido e pus ao lado da calça. Depois adentrei na cascata forte daquela cachoeira gélida e me banhei com calma sem preocupações. Assim que terminei fui em busca de alimentos nas árvores por perto enquanto minha calça secava. Senti mais sono e me peguei deitado cochichando um uma casca de banana em cima do rosto.

Por pelo menos duas horas eu me esqueci completamente dos meus afazeres e acordei com um susto pelos gritos de Sablo.

-VOCÊ É UM IRRESPONSÁVEL MESMO, NÃO É?- Era como se seus olhos fossem sangrar.

-Que? Como assim?- Sentei de imediato.

-AMANDA!- Ele disse apontando para um lugar aleatório.

-Oh céus!- Me apressei e peguei as calças vestindo de qualquer jeito.

Corri bem rápido para tomar impulso e voei como uma estrela cadente descendo à Terra direto à casa de Amanda.

Pousei no quarto, ela estava na cama e havia um humano do sexo masculino com ela sentado ao seu lado na cama cuidando dela. Aquela cena me deixou bastante incomodado, cuidar dela era meu trabalho, minha obrigação e por mais que eu desenhasse esse posto ninguém, muito menos um simples mortal, tinha o direito de se intrometer.

Deixando isso de lado logo tentei decifrar o que havia acontecido a ela, o porquê aquele garoto estava ali. Voei para o outro lado da cama para ver Amanda e ela estava com o rosto e o braço "bom" do lado esquerdo ralados. Estremeci. Ele estava acariciando o ombro do braço que ainda estava com o gesso.

Como perdi minhas ASASOnde histórias criam vida. Descubra agora