11 anos atrás (antes da morte de Rayn):
Acordo com o despertador apitando perto da minha orelha, abro os olhos enquanto bocejo, fazendo um barulho, e logo escuto meu irmão abrindo a porta e jogando a minha própria bola de basquete em cima de mim:
- Acorda, bela adormecida! Hoje eu não posso chegar atrasado no colégio. - disse ele.
- Aaron, você também não tem um carro? - perguntei levantando da cama.
- Eu tinha um, desde ontem eu não posso mais chamar aquilo de carro. Eu bati ele sem querer na garagem.
- Hmm... O papai vai te matar, Aaron.
- Não depois que eu for eleito presidente do grêmio estudantil. Agora se veste e desce logo. Não posso me atrasar.
Meu irmão era daqueles caras bonitões do ensino médio, metido e egocêntrico, namorou todas as garotas possíveis (com exceção de três) e pretendia ser alguém da hierarquia escolar. Ele não era tão diferente de mim.
Me troquei o mais rápido que consegui, escovei os dentes, penteei um pouco o cabelo e desci para pegar as chaves do meu carro.
Ao descer as escadas, me deparei com meus pais sentados à mesa enquanto Frank, o nosso mordomo, servia chá para eles:- Você não tem roupas melhores, querida? Calças não são apropriadas para uma dama. - disse minha mãe, olhando para mim.
- Eu vou para o colégio, e não para a premiação do Oscar. - respondi, dando um beijo no rosto do meu pai e roubando uma maçã da mesa.
Ao entrar na garagem, eu vi o estrago que meu irmão havia feito no Porsche novíssimo que meu pai tinha acabado de lhe dar de presente de aniversário:
- Ele vai te matar! - enfatizei, enquanto olhava para a cara do meu irmão.
- Qualquer coisa, eu ponho a culpa na filha preferida. - disse Aaron, piscando para mim.
Saí em direção à escola, não era tão longe de minha casa, mas eu odiava ter que andar por 20 quarteirões ou até mesmo pegar um ônibus. Aquilo me dava um certo pavor.
Ao chegar na escola, meu irmão desceu logo que viu suas "fãs" e eu fui na direção oposta pra não ser confundida com elas. Ao entrar na sala de aula, meus dois melhores amigos chamaram a minha atenção para sentar-me ao fundo com eles. Charlotte D'Lacrois e Dion Parker eram meus confidentes desde que tínhamos 9 anos de idade e também foram os primeiros a saberem do meu amor platônico e da minha preferência por garotas, além do meu irmão. Claro que meus pais não podem nem sonhar com isso, minha mãe é homofóbica de marca maior e meu pai faz e concorda com tudo o que ela diz.Após as primeiras aulas, Lotte, Dion e eu fomos até a sala de música para ensaiar. Eu toco guitarra e violão e ano que vem pretendo entrar na Juilliard :
- Já contou para seus pais sobre a Juilliard? - perguntou Charlotte, enquanto eu me preparava para começar a tocar.
- Hahaha! - ri ironicamente - Como se eles fossem me apoiar. Você sabe que a única pessoa pra quem posso contar isso é meu irmão.
- Então você vai fugir?
- Fugir não é a palavra certa. Se eu for aceita na Juilliard, eu vou comunicá-los quando eu já estiver no meu dormitório. - respondi.
- Que ótima ideia a sua!
- Gatas, venham ver isso! - gritou Dion, apontando para a janela.
Eu e Charlotte fomos até a janela, que fica no terceiro andar, e olhamos para onde Dion estava apontando. Era uma garota descendo de um carro junto com uma mulher que parecia gritar com ela desesperadamente.
A garota era linda, loira e alta. Era o tipo de garota que parecia que ia estragar a minha vida toda com um só olhar.
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Only Wolf 3 - Recomeço
Romance2° lugar no ranking por uma semana (LGBT+) Quando tudo parecer perdido, recomeçar pode ser mais difícil do que imaginam. No último livro da trilogia Only Wolf, conto a história de Candice Baker que é mais uma garota que passa por toda a homofob...