Em meio a vários drinks, eu enlouquecia junto a descarga de ansiedade que explodia dentro de mim,minha perna tremia fazendo com que eu ficasse ainda mais nervosa que o normal.
Em menos de vinte minutos eu iria estar no mesmo ambiente em que a Layla estava.Borboletas no estômago não são suficiente para demonstrar o que eu estou sentindo nesse momento. Não sei o que pensar sobre isso. Não sei se devo ou não obedecer o meu coração.
A quinta taça de vinho falava por sí só, a coragem que havia em mim se desfez a partir do momento em que me lembrei que fazia onze anos que eu não a via. Eu precisava ser forte, coerente, objetiva e todas essas outras palavras de encorajamento que conheço. Era praticamente banal o esforço mental que eu estava tentando fazer.
Meu rosto estava ardente, queimando. Já não sabia mais se era nervosismo ou o álcool fazendo efeito,o que não fazia nenhuma diferença para mim naquele momento:
- Você está bem? - Perguntou Aaron, colocando a mão em meu ombro.
- Eu não sinto às minhas pernas. -Respondi, olhando para ele.
- Você ta bêbada, Megan?
- Eu pretendia estar, só tomei cinco taças de vinho até agora, mas eu chego lá. - Respondi, enchendo a taça com mais vinho. Aaron imediatamente tirou a garrafa e a taça das minhas mãos, colocando-as em cima da pia da cozinha. Ao voltar para perto, ele agachou ficando frente a frente comigo :
- Olha, eu sei que você está nervosa. Deve ser difícil ter que lidar com tudo isso, mas Megan.. Você é uma garota maravilhosa a qual a vida deu uma enorme reviravolta. Se ela não entender isso, é porque não era para ser.. Ok?
- Ok! -Respondi, abraçando Aaron. - De qualquer forma, eu fico feliz em estar aqui com você. Sei que o papai ficaria muito orgulhoso em te ver noivando.
- Você acha? - Perguntou Aaron, sorrindo.
- Tenho certeza disso.
- Obrigado! - Disse ele, com os olhos cheios d'agua. - Enfim, eu vou indo até o salão de festas. Quer uma carona?
- Eu estou cheirando a bebida, não quero ir para lá nesse estado. Vou tomar um banho gelado, me vestir e ir. Eu pego um táxi, não se preocupe.
- Tudo bem, então. Só não dirija, ok? Vou deixar dinheiro para o táxi.
- Valeu, irmão. Daqui a pouco eu estou lá. Ah.. Só uma pergunta : Não tenho que ir de vestido longo não, tenho?
Aaron soltou uma gargalhada e logo respondeu :
- Não, mana. Fique à vontade. É só uma festa para comemorar nosso noivado.
Após meu irmão ter saído, subi as escadas tirando as roupas até chegar no banheiro, praticamente nua.
Abri o chuveiro e as pequenas goticulas de água se tornaram inúmeras gotas, passeando por todo o meu corpo já molhado. Descarregando a adrenalina e fazendo com que minha bebedeira passasse, minha coragem voltasse à toda força. -Ora, você é uma mulher corajosa, Megan Acaster. Seja forte. - eu dizia para mim mesma, com a maior convicção do mundo.
Ao terminar de me trocar, chamei um táxi por um aplicativo e esperei sentada na garagem. O tempo todo eu ficava olhando para lado, como se eu espera-se ver Layla saindo dali e vindo em minha direção. Meu coração apertava e eu precisava acabar logo com aquele sofrimento todo.
Respirei fundo e logo vi um táxi branco estacionando em frente a minha casa, minhas mãos estavam geladas e eu sentia o medo da rejeição atravessar meus pensamentos. Não importa o que aconteça, daqui para frente eu seria uma nova pessoa. E isso é uma promessa.
Olhando pela janela eu via a movimentação da cidade grande. Carros indo e vindo em várias direções, pessoas correndo, apressadas, ocupadas demais para apreciar o que tem a sua volta.
Ao som de Rise Up, que tocava baixinho no rádio do táxi, eu focava meu olhar para o pôr-do-sol que caia dentre os prédios. A letra me emocionava fazendo com que os ânimos dessem um acalmada. Eu suspirei e logo senti o carro freiando :
- Chegamos! - Disse o motorista - Deu 23 dólares.
- O que? Ata, aqui está! - Disse, entregando o dinheiro. - O troco é seu.
Abro a porta do táxi e meu pés tocam o chão, minha boca está seca, escuto o meu próprio pensamento gritante, meus medos, minha insegurança, minha saudade.
Será que ela conseguia dormir e sonhar e me ver? Por pouco tempo que seja, naquelas imagens pensadas, naquelas imagens prensadas e intocáveis, tocadas apenas pela capacidade de sonhar, mas que ao despertarem serão apenas o que são : Lembranças . - Vai, você consegue, Megan. Um passo de cada vez. -
O Lugar está cheio, olho para o canto e reconheço várias pessoas,mas rezo muito para que elas não me reconheçam.
Aaron está sentado com os pais da Charlotte, rindo, se divertindo. Algumas outras pessoas estão dançando. Minhas mãos estão frias, e eu aperto cada vez mais o meu celular (as vezes tinha a impressão de que ele já estava trincado) :- NÃO ACREDITO! CANDICE BAKER! OH- MY- GOODNESS! - Gritou uma voz, vinda atrás de mim. Aquilo embrulhou meu estômago, todos os rostos viraram em minha direção. Era Dion.
- Dion Parker!! - Disse sorrindo, ao olhar para trás. Ele me abraçou na mesma hora, dava para sentir que ele estava feliz em me ver.
- Vem cá, gata. Vamos sentar ali no fundo. Meu macho ainda não chegou e eu estou sozinho. - Disse ele, me puxando para perto de uma mesa vazia. Nos sentamos e ele não parava de me olhar. - Meu Deus eu não acredito que você está aqui, Can.
- Senti saudades de você, também. - Disse, sorrindo. - Mas cara, como é que você me reconheceu?
- Amiga, você pode até estar mais alta, mas ainda continua se vestindo da mesma forma. E esses cabelos ruivos também, são inconfundíveis. - Respondeu Dion, dando um tapinha na minha perna. Ele estava mais viado do que o normal.
Sempre achei Dion um rapaz bonito, com os seus olhos verdes escuros, bronzeado, cabelos pretos e um estilo totalmente único. Ele é o único cara que eu conhecia que ficava bem de gravata borboleta.
Ele não havia mudado nada, apenas pelo fato da enorme barba que cobria uma grande parte de seu rosto:- Não sabia que você e a Charlotte ainda eram amigos.
- A sua partida deixou todos nós um caco. Mesmo você estando longe, ainda éramos um trio. - Respondeu ele, um pouco sério. - Sentimos a sua falta.
Fiquei feliz em saber que alguém sentiu a minha falta, mas eu não consegui esconder que em meio a conversa eu percorria todo o lugar com os olhos. Esperando encontrar alguém.
- É a Layla, não é?
- Ta muito na cara? - Perguntei.
- Muito, amiga. Da pra ver que você está muito nervosa. Tão nervosa que nem reparou que ela está bem ali.
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Only Wolf 3 - Recomeço
Romance2° lugar no ranking por uma semana (LGBT+) Quando tudo parecer perdido, recomeçar pode ser mais difícil do que imaginam. No último livro da trilogia Only Wolf, conto a história de Candice Baker que é mais uma garota que passa por toda a homofob...