Capítulo 9: Eu quero mais

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Vou desvendar seus mistérios, desfrutar da sua presença.

Entramos na casa que era feita de madeiras de pinho escuro. A porta de entrada dava para a sala de estar, com dois imensos e confortáveis sofás pretos de couro, que ficavam em volta de um tapete de pelos. A sua frente uma estante que combinava com as paredes, em cima dela havia uma televisão de 45 polegadas, e do lado um home theater pequeno. Na parede havia uma janela pequena. Já do outro lado da sala uma parede dividia os outros cômodos da casa. Mais a frente havia a cozinha. No centro uma mesa branca de vidro, com quatro cadeiras. Uma janela se estendia do teto ao chão que dava vista para o mar, e em suas bordas havia uma cortina pesada vermelha. Ao redor da cozinha de tamanho médio, havia armários de diversas formas, brancos e pretos, uma geladeira, fogão e a pia de mármore escuro. Eu estava parado pouco à frente da porta de entrada admirando a casa. Ela me puxou pela mão. Passamos primeiro por um banheiro que dava acesso para o corredor. Depois por uma pequena biblioteca, com duas prateleiras do teto ao chão recheadas de livros, no centro uma mesa com duas cadeiras confortáveis, e no final do cômodo um pequeno sofá de dois lugares e pouco acima uma singela janela. Continuamos até chegarmos a um quarto no final do corredor, ela o abriu para mim, e com um sinal pediu para que eu entrasse, coloquei a minha bolsa na cama de solteiro que ficava encostada na parede e com um criado mudo ao lado. Era um quarto até pequeno em comparação com a casa. Na parede contrária, havia um armário de duas portas e, no final do quarto uma janela pequena com cortinas brancas, para combinar com a colcha da cama.

- Bela casa. - Disse a ela por fim.

- Obrigado, acho ela muito aconchegante. - Ela sorriu. - Você vai dormir aqui por uns dias, então se sinta em casa. - Ela brincou. - E aquele ali no final do corredor, é o meu quarto.

- Ok. - Sorri para ela, meio extasiado com tudo aquilo.

- Logo farei o almoço. - Disse ela me dando as costas.

Desfiz as malas e decidi que merecia um banho. Então vasculhei o armário até encontrar uma toalha. Peguei roupas limpas e me dirigi para o banheiro do corredor. Depois de ter tomado banho, me sequei e vesti uma calça de moletom cinza, e uma camiseta de mangas longas confortáveis. Sai pelo corredor ainda secando os cabelos. Chegando na sala, lá estava ela. Com os cabelos presos em um coque meio desfeito, deixando alguns fios soltos em volta do rosto. Thamy mexia nas panelas e senti um cheiro maravilhoso de estrogonofe.

Coloquei os pratos e os talheres na mesa e nos sentamos. Ela me serviu com uma grande concha de arroz branco e estrogonofe, e depois se serviu.

- Espero que goste. - Ela sorriu e logo começou a comer.

- Eu amo estrogonofe. - Sorri animadamente enquanto pegava uma grande garfada do prato.

Comemos em silêncio. Assim que terminei estiquei os dedos para me servir novamente e nossas mãos se tocaram. Ela olhou para mim, mas logo desviou o olhar e se serviu. Eu fiz o mesmo. Depois de comermos ajudei-a a lavar a louça e arrumar a cozinha.

- Fique à vontade. - Disse ela ao se retirar para seu quarto.

Passei o restante do dia assistindo TV, e quando o sol começou a se por, fui até a janela e a abri. Sentindo o vento úmido soprar minha pele, encostei-me no vidro e contemplei a vista do sol refletindo no mar. Senti a presença dela e a olhei de canto de olho. Thamy se apoiou no vidro ao meu lado, aparentemente incomodada com meu olhar.

- Esse lugar lembra tanto minha infância. - Ela disse fitando a vista a sua frente. - Sempre brincávamos na praia, como uma família comum e feliz.

Por impulso, eu a peguei pela mão e puxei em direção a porta, com passos apressados. Saímos e fomos para aquela imensa praia, descemos uma escada de pedra. Sentamos na areia um ao lado do outro, ela se encolheu abraçando os joelhos.

- Sinto tanto a falta deles. - Ela apertou mais os joelhos. - Às vezes me sinto tão sozinha. - Ela baixou a cabeça encostando o queixo nos joelhos.

- Eu também sinto falta dos meus. - Me aproximei mais dela. Passei o braço esquerdo em volta de seus ombros e apertei-a contra meu corpo. Thamy encostou a cabeça em meu ombro e fechou os olhos.

Apertei os lábios sobre sua testa, em um sinal de carinho. Voltei a olha-la e ela retribuiu meu olhar. Admirei seu rosto na luz amarelada do sol, que só valorizava seus lindos e delicados traços. Desviei os olhos para seus lábios vermelhos e senti um desejo imenso de beija-la. Antes que eu pudesse ter qualquer reação, ela enterrou a mão em meus cabelos e me puxou para mais perto dela, unindo nossos lábios. Beijou-me ferozmente, cheia de desejo. Deslizei a mão sobre suas costas e a aproximei mais de mim, rocando nossos corpos. Com a outra mão peguei sua nuca intensificando nosso contato. Ela parou de súbito afastando-se de mim. Me olhou com uma mistura de ódio e paixão, ou talvez fosse frustração, não sei dizer ao certo; mas ela levantou e correu para a casa. Sem saber ao certo o que fazer, continuei ali sentado, vendo-a partir e tentando entender aquilo. Eu tinha feito alguma coisa de errado?

Eu me sentia feliz por tê-la beijado, mas não intendia sua reação. Resolvi dar um tempo a ela. Então me deitei na areia, com os braços atrás da cabeça. Logo anoiteceu, e o céu se encheu de estrelas. Fique por um tempo ali pensando em como minha vida tinha mudado desde que encontrei aquela linda garota. Sorri sozinho, uma coisa era certa, ela não queria demonstrar seus sentimentos por mim, mas via em seus olhos que ela gostava de ficar comigo, e isso por hora já me bastava.

Eu não me importo de passar todos os dias, do lado de fora.

O Sabor da PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora