>>>Chapter 25
POV Theo
Coma.
Ela tinha entrado em coma.
Não consegui captar muita coisa desde que essas palavras saíram da boca do médico. Só conseguia ouvir os soluços dos presentes e minha própria dor. Eu não consegui fazer nada. Fiquei sentado encarando o jaleco branco do médico sem ao menos olhá-lo no rosto.
Ele esperou que a Senhora Brontë se acalmasse em silêncio. Ele não havia ido embora, e isso queria dizer que tinha mais coisa. Me forcei a ficar sentado, apesar de cada célula do meu corpo gritar para que eu saísse dali. Agora eu entendia o que a pintora quis dizer com "branco demais". Todo aquele branco estava me sufocando. Eu precisava sair dali, subir na minha moto e sumir. Entretanto, fiquei exatamente onde estava para ouvir o resto.
-Sr e Sra Brontë... Vocês estão cientes de que Annie tinha um tipo raro de Tumor de Wilms.
Os dois assentiram e eu fiquei mais atento a cada palavra dita pelo Dr Dawson. Precisa saber cada detalhe do que estava acontecendo com ela.
-Que é a neoplasia renal primária. Os tumores unilaterais são tipicamente diagnosticados no quarto ano de vida, mas o dela só apareceu aos 6, correto? -John assentiu ainda abraçando a esposa. -E isso já é algo um pouco preocupante. Ela queixava-se de dor abdominal, hematúria maciça, que é presença de sangue na urina, e febre? -John assentiu novamente. -Ela chegou a ter hipertensão arterial sistêmica, HAS? -Ele negou. -O caso dela é bem estranho. Ela não possui alguns sintomas característicos da doença. Ela fez quimioterapia? -Meggie assentiu desta vez.
-Quando tinha sete anos... Logo depois que deixamos Minneápolis. -Ela disse com a voz ainda embargada pelo choro recente. -Mas o tumor diminuiu bastante...
-Mas voltou a crescer... Porém ela não fez a cirurgia na época. Porque?
-Dessa vez, quando voltou, estava junto ao estômago. -Explicou John. -Os médicos não queriam arriscar... Ela tinha 7 anos!
-Eu entendo Senhor Brontë... -Disse a loira. -Desculpe as perguntas, mas precisamos saber sobre o quadro da paciente pela família.
Eles assentiram e o Dr Dawson continuou.
-Mas a cirurgia estava marcada para amanhã certo? Porque depois de 10 anos?
-Os médicos dela sabem... Os que trouxemos de Seattle... -Disse Maggie enxugando as lágrimas. -Ela estava fazendo um tratamento teste... Estava dando certo. Ela passou um tempo livre dele. Mas à alguns anos, o tratamento parou de fazer efeito e os médicos disseram que estava crescendo mais rápido...
-Foi aí que decidimos pela cirurgia. -Retomou John. -Annie já estava grande e não corria mais tanto risco. Entretanto o tumor já estava tomando o estômago dela. Estava se alastrando... Quase um câncer. Então foi preciso adiar para fazer um tratamento para redução do tamanho para efetuar a cirurgia.
Phillip Dawson ficou em completo silêncio depois da narrativa dos pais de Annie. Ele e a loira se entreolharam e suspiraram.
-Sua filha é uma lutadora. Ela é muito forte.
-Com um quadro desse... É admirável que ainda esteja viva. -Declarou Phillip, mas não houve espanto. Todos sabiam que Annie era especial. -E por isso eu sei que ela vai sair do coma.
-Não há nada que possa fazer, doutor?
-Infelizmente não... Não foi induzido, não se sabe ao certo porque acontece, mas ela precisa sair por conta própria. Não há remédio que a ajude agora. -Ele suspirou. -Só nos resta esperar.

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Um Soneto de Amor
Roman d'amourAnnie é artista. Theo mecânico e guitarrista. Ela se esforça. Ele não está nem aí. Pelo acaso do destino tornam-se vizinhos, um a cada lado da cerca, assim como seus pensamentos e ações. Porém, às vezes, onde tem ódio, tem amor. Afinal, qual a me...