>>>Chapter 19
O avião voava no céu com leveza. Por entre as nuvens e as correntes de ar. A visão que se tinha dali de cima era esplêndida: somente o céu e o mar.
Já haviam se passado várias horas de vôo e várias pessoas estavam dormindo em seus bancos reclináveis confortavelmente. Lauren e Trent estavam dormindo tranquilamente em um das poltronas e Alek também cochilava com Nathan ressonando suavemente com a cabeça em sua perna. Annie, por outro lado, não conseguia dormir. Ela desenhava vorazmente no papel a paisagem que se mostrava em sua janela, já havia feito diversos desenhos, mas não queria parar, estava sem sono, e não tinha nada para fazer. Sim, é verdade, vôos internacionais tem TV individual, mas a Brontë não quis ligar a dela com medo de atrapalhar o sono dos outros.
Passadas horas nesse mesmo estado, Annie resolveu levantar e andar para esticar as pernas. Só quem já teve a oportunidade de voar em um vôo longo pra saber como é terrível a dor nas pernas por falta de movimento.
Theo estava na ultima poltrona da ultima fila, sozinho. Braços cruzados e rosto escondido por um capuz, faziam qualquer um acreditar que estava dormindo, mas na verdade estava olhando para a janela sem nada ver. Pensando. Porém, quando viu um vulto andando por entre as cadeiras ficou curioso para saber quem, também, estaria acordado. Tal sua surpresa ao reconhecer touca e cachecol róseo da pintora. Olhou em volta pra ter certeza que todos dormiam, e levantou-se ajeitando sua roupa e bagunçando os cabelos tentando parecer o mais normal possível.
Theo colocou as mãos nos bolsos e foi até onde ela estava, em pé olhando a paisagem por uma janela maior que ficava próxima aos banheiros. Ali o espaço era grande e permitia melhor qualquer movimento.
O Clarence ficou olhando-a até que sorriu de canto e ficou atrás dela e se abaixou levemente, até que sua boca ficou ao lado do ouvido da castanha.
-Passeando?
Annie tomou um susto enorme enquanto Theo gargalhava baixinho, para não acordar os outros. Depois que o reconheceu fechou a cara e cruzou os braços.
-Não tinha coisa melhor pra fazer do que ficar enchendo o saco dos outros!?
-Na verdade não. -Deu de ombros e sorriu de canto vendo a pintora bufar.
-Também não consegue dormir? -Perguntou mais calma dando um pequeno sorriso.
-Não fico muito à vontade num pássaro de metal.
Annie riu e voltou sua face para a paisagem.
-Sei lá... Eu já desenhei, já ouvi música... São quase 2h da manhã e não consigo dormir. -Disse claramente chateada. -Só queria tirar um cochilo... Estou muito cansada.
-Pois é! Eu também estou me sentindo como se tivesse corrido uma maratona, mas dormir em avião... Não é uma opção.
-Medroso.
-Não é medo, é prevenção. Se for pra morrer, quero estar bem consciente.
-Uhum ta... -Disse rindo sem olhá-lo. -Se pelo menos a Lauren estivesse acordada...
-Eu estou. -Annie virou somente o rosto olhando-o como quem diz "você não é uma opção benzinho". -Sei que as coisas tem estado meio ruins entre a gente... Mas só faltam 4h pra pousarmos... Você não vai morrer, vai?
Annie ponderou por um tempo enquanto mordia o lábio, até que suspirou.
-Espero mesmo que não.
Theo sorriu e mostrou o corredor que levava à sua poltrona. O mecânico fez questão de fazê-la sentar na janela e ele no lado do corredor. Annie havia pegado um cobertor e cobriu as pernas, porque o avião estava muito frio, ela se recostou na poltrona de lado para olhar de frente para o rapaz.
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Um Soneto de Amor
RomansaAnnie é artista. Theo mecânico e guitarrista. Ela se esforça. Ele não está nem aí. Pelo acaso do destino tornam-se vizinhos, um a cada lado da cerca, assim como seus pensamentos e ações. Porém, às vezes, onde tem ódio, tem amor. Afinal, qual a me...