>>>Chapter 27
POV Trent
A senhora Clarence não pôde ir até o Hospital ver a Brontë naquele dia, então acabou sobrando para mim. Ela insistiu que eu levasse as flores antes de ir para o colégio. Não pude recusar.
Peguei meu carro e fui até o Hospital. Chegando lá, a enfermeira perguntou meu nome, coisa que nunca fazia, e anotou em um papel que eu havia ido fazer uma visita à pintora. Além disso, pediu que eu não demorasse e evitasse falar sobre assuntos sérios. Dei de ombros, podia ser aquelas regras doidas de Hospital.
-Bando de fresco.
Peguei o buquê e subi até o 3º andar. Chegando lá, notei um guarda no final do corredor com uma cara muito mal encarada. Parecia que tinha tido uma noite bem agitada. Mas quem tem "uma noite agitada" guardando um Hospital? O máximo que pode acontecer são os próprios médicos se estranharem ou se algum médico infringisse alguma lei, tipo o Dr House.
"Divo" pensei rindo.
Entrei no quarto e vi que Annie tinha provavelmente piorado. Havia mais uma máquina funcionando e havia mais tubos ligado a ela.
-Oi Annie... -Comecei. -A briga da Mercedes com o Alek persiste, mas o coitado do Roberts só faz aumentar a popularidade dele. É sem querer, eu sei, mas continua sendo hilário de assistir o desespero do coitado. -Sorri e pus o buquê no lugar das flores antigas, que já estavam mortas. -A Sra Clarence não pôde vir, então eu vim no lugar dela. Ela mandou um beijo. -Transmiti o recado, apesar deu achar isso um ato meio bobo. Ela não podia ouvir, certo? -Sem notícias do Theo por enquanto. -Suspirei e pus as mãos nos bolsos. -Mas fica tranquila, ele deve estar por aí enchendo a cara num bar de beira de estrada. -Soltei uma gargalhada imaginando a possibilidade. Nesse ato, notei algo em cima da poltrona, uma jaqueta que eu conhecia muito bem. -Ou talvez não...
Quando peguei a jaqueta, senti o celular tremer no bolso.
"Você sabe bem aonde estou. Preciso falar contigo. Agora."
-Filho da mãe... -Falei meio rindo e sentindo uma ponta de alívio no peito.
Sai do quarto e rumei até meu carro levando a jaqueta, tenho certeza que certo mecânico deve estar praguejando e xingando até os sete infernos achando que a perdeu.
Quando entrei no carro, já sabia exatamente aonde estava indo. O lugar que Theo mencionou, eu realmente sei onde é: a praça onde nos conhecemos.
Esse dia foi ímpar!
O parque estava meio deserto, então aquele brinquedo de girar estava vago. Eu corri como um desesperado para pegá-lo, mas notei que outro menino também corria até ele. Findou que chegamos juntos e depois de muito bate-boca, eu perdi no "pedra papel tesoura" e tive que rodar o outro garoto no brinquedo primeiro. Com raiva, eu girei tão rápido, que ele não conseguiu se segurar, então voou batendo a clavícula no pé do escorregador. Claro que depois fiquei com dó do menino, já que havia feito um corte e estava saindo muito sangue. A minha mãe correu até ele para ajudar e a mãe dele apareceu logo depois. Nós o levamos para o Hospital e ele levou três pontos no corte. Na semana seguinte, encontrei com o mesmo menino, nós nos entreolhamos e ele me mostrou a cicatriz irada que tinha ficado do corte, desde então nunca mais nos separamos e até hoje o Theo tem essa cicatriz.
-Bem como eu imaginava...
Sorri estacionando o carro perto da moto dele na frente do parque deserto e logo vendo o Clarence encostado no brinquedo de girar. Saí segurando a jaqueta dele e vi quando seus olhos brilharam quando notou o que eu estava carregando. Achei que ele pudesse ter deixado de propósito, mas por sua expressão... Já estava marcado até a missa de sétimo dia da jaqueta. Joguei para cima dele e quando ele pegou a jaqueta no ar, acertei um soco de direita bem no queixo.

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Um Soneto de Amor
RomanceAnnie é artista. Theo mecânico e guitarrista. Ela se esforça. Ele não está nem aí. Pelo acaso do destino tornam-se vizinhos, um a cada lado da cerca, assim como seus pensamentos e ações. Porém, às vezes, onde tem ódio, tem amor. Afinal, qual a me...