>>>Chapter 29
POV Lauren
Ficamos em silêncio no carro o percurso todo. Eu cruzei meus braços e fiquei olhando pela janela comprimindo toda a minha vontade de ver o que ele estava fazendo, a expressão no rosto ou mesmo para fuzilá-lo e deixar claro que eu não estava gostando daquilo. Estava fazendo birra? Estava fazendo birra. Mas o que você queria que eu fizesse? Ou melhor, o que faria no meu lugar?
"Ah obrigada, Van Tien, por me trazer neste passeio belíssimo por lugar nenhum."
Sentiu a ironia?
Rodamos vários minutos até sairmos de Nashville. Quando vi a placa "Volte Sempre", só conseguia pensar que estava muito encrencada. Victor me olhou de canto procurando ver minha reação, porém fui imparcial. Alguns quilômetros a frente, ele parou em um posto de gasolina, abasteceu e comprou coisas não identificáveis e uma grade de redbull.
Alguns quilômetros depois do posto, ele saiu com o carro da estrada e estacionou no acostamento uns 30 metros de distância da pista. Estava macabro porque estava escuro para cacete, não tinha nada para nenhum dos lados e nem pontinhos de luz de uma possível civilização. Havia somente a luz dos faróis e dos postes iluminando a pista.
Ok. É nessa hora que o sequestrador me estupra, mata e enterra, ou simplesmente me mata e deixa meu corpo ser devorado por coiotes e abutres.
Que foi? É isso que acontece nos filmes de terror.
-Como pode ver não tem muito o que fazer e fugir não vai adiantar nada, então porque não começa me contando a verdade?
-Já contei, Van Tien. -Revirei os olhos. -Precisava mesmo me trazer no fim do mundo para um interrogatório? Um hotel não servia?
-Não, porque hotel pega sinal de celular. Aqui não tem cobertura. Você é esperta, Kingsley, mas eu sou mais. -Ele sorriu e jogou o saco com coisas não identificadas para o meu colo. -Kit sobrevivência da nossa noite. -Explicou.
Abri o saco vencida pela curiosidade e vi várias guloseimas. Parece que ele adivinhou que eu estava morrendo de fome, ou então ele simplesmente ouviu os gritos e barulhos da minha barriga durante a viagem. Por um motivo ou outro, fiquei agradecida, não como nada desde o lanche porque havia dispensado a comida que servem para os visitantes no Hospital. Sorri e peguei uma carne seca arrancando um pedaço generoso.
-Eu não sabia o que você gostava, então acabei pegando um pouco de tudo.
-Obrigada, eu estava mesmo com fome. -Sorri fraco e ele me estendeu uma latinha de redbull recém aberta. Peguei e dei um gole. -Você é um sequestrador legal, Van Tien.
-Não sou um sequestrador. -Resmungou enfiando a mão na sacola e pegando um bife de carne seca também. -Só queria conversar em particular.
-Repito... Um hotel não dava conta? Era só confiscar meu celular.
-A Beverly podia descobrir. Esses Winkler tem olhos em todos os cantos.
-Esses? Você conhece mais de um Winkler? -Perguntei interessada.
-Eu que deveria fazer as perguntas. -Disse me olhando duro. -O que você ouviu naquela tarde?
-Nada! Só vocês brigando e ela mandando você dar um beijo nela. -Disse desconfortável mordendo mais um pouco do bife. -Aliás... Que diabo de namoro é esse que a namorada manda você beijar ela? Se bem que o namoro de vocês é ímpar, considerando que ela te trai sempre que pode e...

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Um Soneto de Amor
RomanceAnnie é artista. Theo mecânico e guitarrista. Ela se esforça. Ele não está nem aí. Pelo acaso do destino tornam-se vizinhos, um a cada lado da cerca, assim como seus pensamentos e ações. Porém, às vezes, onde tem ódio, tem amor. Afinal, qual a me...