Forgive My Sins

Capítulo V

Quando acordei, na manhã seguinte, minha cabeça estava dolorida e um cheiro delicioso de panquecas dominava meu olfato, levando minha barriga faminta a emitir sons assustadores.

Eu não me lembrava de ter ido para a cama, na noite anterior. Duas garrafas de vinho foram esvaziadas e várias abas de pesquisas foram abertas e fechadas enquanto eu esperava pela chegada de Jared.

Suas mensagens diziam que o trabalho era mais extenso do que havia imaginado, sendo que a primeira delas havia sido um pedido de desculpas por não ter podido me buscar na saída do bazar, o que tranqüilizei-o de que não havia sido grande problema. Eu precisara mesmo de um tempo sozinha para pensar melhor sobre os recentes acontecimentos em minha vida e sobre as reações que meu corpo negava a uns e entregava a outros.

A culpa por sentir tais sensações por um homem que não era meu noivo fez com que enviasse uma mensagem a Jared, perguntando-lhe o que ele gostaria de jantar. Eu queria agradar-lhe, precisava levá-lo a saber que eu apreciava tudo o que fazia por mim, que eu realmente desejava ser a garota merecedora de seu amor.

Frango a Kiev foi feito, com uma grande dose de dificuldade e várias pesquisas nos sites de culinária até que a ave ficasse razoavelmente apetitosa. Uma nova garrafa de vinho fora deixada para adequar-se à temperatura ambiente e Jared não aparecera.

O jantar esfriara, a garrafa de vinho fora bebida e, ainda assim, Jared não aparecera, limitando-se a mandar um novo pedido de desculpas dizendo que estaria em casa tão logo pudesse.

Eu não me lembrava como dormira. Minhas últimas lembranças da noite anterior eram sobre uma nova garrafa de vinho, branco desta vez, e mais abas de pesquisa. Grande parte do meu conhecimento se devia à internet. Muitas de minhas perguntas eram respondidas por aquela maravilhosa tecnologia moderna. Porém, nem mesmo a toda poderosa internet era capaz de produzir todas as respostas que eu necessitava.

Ela não era capaz de responder-me como eu fora me atrair pelo último homem que deveria mexer com meus sentimentos. Não me dizia como era possível me levar a sentir da maneira correta, a corresponder os sentimentos de Jared. Não me ensinava, nem mesmo com o mais básico dos tutoriais, a entender como o amor funcionava. A vertigem do vinho e o cansaço por fazer minha mente trabalhar com afinco na busca de uma conclusão me levaram ao sono sem que eu sequer percebesse.

Em algum momento da noite, Jared me colocara na cama, bem como havia coberto meu corpo daquela maneira protetora que só ele conseguia fazer. O carinho com que ele me tratava era extraordinário.

Abrindo os olhos, notei, na pequena mesinha ao lado da cama, uma pequena bandeja com panquecas de chocolate - minhas preferidas -, um copo de suco de laranja e uma maça, onde um pequeno post it amarelo estava colado.

Sorri, apreciando o gesto e segurei a fruta, retirando o papel amarelo e lendo o bilhete:

"Tive de voltar ao escritório, encontro você na sua primeira missa. Amo você, J"

Deixei a maça no mesmo lugar onde a havia encontrado e me joguei de volta na cama. Eu não acreditava que estivesse preparada para voltar à Igreja e assistir a uma missa inteira ao lado de Candice.

Menos ainda para assistir uma missa presidida pelo Padre O'Callaghan.

O homem havia estado em meus sonhos, retirando o colarinho clerical devagar, deixando que eu soubesse que a sua sedução era deliberada, fazendo com que, mesmo em um sonho, minha boca ficasse seca e necessitada da sua. Na minha fantasia, os botões de sua camisa preta eram abertos devagar, seus olhos azuis se escureciam, as pupilas dilatando, enquanto seu olhar estava fixo no meu. Não era apenas o seu corpo que provocava o meu, sua alma também instigava a minha. Suas mãos se estendiam para mim e eu me encontrava nua, pronta, disposta e disponível a qualquer ato que ele tivesse em mente. Desde toques castos até provocações libidinosas.