Epílogo Alternativo

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Abraçada a um coelho de pelúcia, Bree contava as caixas de sabonete dentro do carrinho. Desde que os números haviam sido ensinados, no jardim de infância, todas as coisas de nossa casa haviam sido contabilizadas, porém, apenas as que poderiam chegar até o número dez.

- Dez. – terminou de contar com a sua voz adoravelmente infantil e virou-se para mim com um sorriso radiante que fazia seus olhos verdes brilharem sob as luzes do supermercado. – Podemos levar o cereal do tigrinho?

Eu assenti e retirei a caixa das prateleiras, colocando-a dentro do carrinho de compras, para a felicidade de minha filha, que agora abraçava o coelho e a caixa de cereais ao mesmo tempo. Atrás de mim, chegando de outro corredor onde fora buscar algumas coisas, Colin sorriu, observando a nossa maior fonte de alegria se divertir com algo tão simples quanto uma caixa de cereais.

Ao lado de Colin, eu aprendera que as melhores coisas eram, na maior parte das vezes, as mais simples. Como sentar-me no jardim numa tarde de sol, beber chocolate quente diante da lareira, ver Bree sorrir ou me aninhar nos braços de Colin.

Não tínhamos muito, ainda que viver com as comissões do meu trabalho imobiliário nos permitisse algumas regalias, mas eu acreditava que tínhamos o suficiente para sermos felizes. E isso era o que mais importava.

Colin trabalhava num centro de apoio para órfãos e eu poderia jurar que ele amava o seu trabalho com todo o seu coração, ajudá-las a ver a vida sob uma perspectiva mais otimista, apesar de suas condições solitárias. Eu também poderia dizer que a pintura o ajudava e muito a amainar a perda de seu sacerdócio, apesar de ter a constante resposta de que ele estava feliz ao meu lado, fora da Igreja, eu sempre o via segurar o rosário de contas negras, saudosamente.

Éramos felizes, e isso era tudo o que importava.

Um carrinho virou o corredor, entrando no nosso e não pude evitar sorrir radiante para o casal que se aproximava. A mulher, com a sua proeminente barriga de seis meses de gestação, parecia reluzir em felicidade e seu esposo, parecia emanar o mesmo brilho.

Todas as minhas orações foram atendidas. Jared encontrara Misty, uma promotora recém transferida para Seatle que o encantou à primeira vista e, para a sorte de Jared, se encantara por ele na mesma medida, no mesmo exato instante.

Ambos tinham a mesma profissão, os mesmos gostos e Misty se dava muito bem com Candice, na medida do que era possível lidar com Candice Wales, porém, o mais importante, Misty amava Jared. O amava da forma mais completa, e era para ele tudo o que ele era para mim. Compreensiva, amiga, apaixonada.

E agora, a família deles estava para aumentar e eu jamais vira Jared tão feliz quanto me pareceu naquele momento.

Nos cumprimentamos com sorrisos e apertos de mãos e Misty deu um beijo ruidoso no rosto de Bree que riu alto, abraçando-a com carinho. Um comportamento que era natural para uma afilhada e sua madrinha.

Quando as amenidades terminaram e o casal já estava longe no corredor, deixando eu e Colin abraçados, observando a nossa pequena finalmente deixar a caixa de cereais e voltar a sua atenção apenas ao coelhinho, soube que tudo estava bem. Tudo estava corretamente bem.

Era um milagre.  

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