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(Izabel): Foi um surto de raiva - ouvi a voz da minha mãe baixinho... tentei abrir os olhos, mas a luz do local fizeram eu desistir disso. Cocei os olhos, e tentei mais uma vez, então consegui enxergar. Não estava num lugar conhecido, parecia mais um hospital. Meu corpo doía, principalmente minhas mãos, as virei e ambas estavam extremamente machucadas, dava pra perceber apesar dos curativos. {Que merda!}, a última lembrança, mesmo sendo turva, que tinha era de mim esmurrando a cara de alguém. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
(Hector): Ela está acordando - os dois vieram até mim. Não pareciam estar bravos, mais pra assustados, preocupados comigo. (Izabel): Oi Nono (Helanor): Oi - fez-se um enorme rangido, quando me sentei naquela cama estranha de hospital - por que eu estou aqui? (Izabel): Você não lembra? (Helanor): Mais ou menos. A última coisa que lembro é estar brigando com as meninas (Izabel): Vocês não brigaram. Você - enfatizou a palavra - praticamente espancou as duas, te tiraram da cima delas com muito esforço, daí você apagou, até agora - fiquei calada, só observando os dois, meu pai agora não parecia estar preocupado, mas sim orgulhoso, quase via um sorrisinho no seu rosto. (Helanor): Tá tudo confuso na minha cabeça - {É oficial, Helanor. Você é surtada!} - eu vou ser expulsa? (Izabel): Não, as meninas que foram suspensas. Seus colegas relataram o quanto elas te humilhavam, e falaram que isso acontecia a muito tempo. Por que você não nos contou filha? É por isso que você odeia tanto a escola? (Helanor): Eu achei que vocês não se importassem - senti que minha mãe iria chorar então desconversei - É só coisa de escola, são todos uns inúteis, eu não ligo. Não sei o que me deu hoje, me perdoem. (Izabel): Eu me sinto tão mal de não ter percebido - sua voz saiu fraca e seus olhos estavam cheios de lágrimas, meu pai afagou seus braços dando apoio - (Helanor): Tá tudo bem - disse olhando nos seus olhos - eu prometo. Agora podemos ir pra casa? Ou vou ficar internara na ala psiquiátrica? - ri sozinha, eles ficaram sérios, {acho que humor negro hoje, não né?!}

(...)

(Hans): Caralhooooooo, chegou a lutadora de rua da família - os três estavam na sala, vidrados na porta, com certeza esperavam a hora que eu chegaria ali - (Helanor): Não fode - ele gargalhando me tirou do chão e jogou sobre um dos seus ombros - (Hans): E o cinturão vai para Helanor Valentin, destruidora das inimigas (Helanor): Zark! Manda o Hans me soltar! - mesmo rindo muito, gritei pelo Zark, que era o irmão mais velho e sempre me ajudava quando o Hans e o Max começavam a encher muito meu saco. (Zark): Larga ela - me tirou do ombro dele e deixou no chão. (Max): Agora fala como foi? Eu tava de boa na aula, aí todo mundo começou a falar que teve briga... Aí eu: massa. Quando me falaram que era você, fiquei louco, vi as meninas todas machucadas e você saindo apagada, achei que tinham te matado. (Hans): Ela desmaiou de emoção por que "pá, pá" - deu dois socos no ar - ela quebrou a cara da galera (Zark): Você acha isso bonito Hans? Como lutador devia descriminar essa atitude dela (Izabel): Concordo - gritou da cozinha. (Hans): Qual é, para de ser tão careta! Foi tipo a história daquele gordinho que bateu no magrinho que fazia bullying com ele, não foi uma briga sem motivo (Zark): Chegou nesse ponto porque guardou tudo pra si mesma, não gostei Helanor - olhou com reprovação, e saiu me deixando realmente mal. (Helanor): Não vou pedir desculpas a ninguém por ter me defendido uma única vez (Max): E você vai pra escola amanhã? Agora todo mundo é seu fã lá (Helanor): Não posso esperar!

(...)

Meu corpo doía ainda mais quando acordei no outro dia. Me arrastei até o banheiro, dessa vez sem nem olhar no espelho pra evitar sustos, e tomei um banho bem quente, na tentativa de relaxar os músculos que haviam sido muito exigidos no dia anterior. Não conseguia pensar no que tinha feito sem rir internamente, do tanto que eu era louca. Me troquei, e fui tomar meu café da manhã, dessa vez o Max já estava lá. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
(Helanor): Acordou cedo (Max): To ansioso pra ir pro colégio! Quero chegar com você, Nono, vou pegar um embalo na sua fama - suspirou olhando pro nada - por que fama nunca é demais - revirei os olhos e sentei na cadeira vaga ao seu lado. (Helanor): Cadê a mamãe? (Max): Todo mundo já foi pra academia. O Zark levantou as 5 da manhã, acho que ele tá puto com você (Helanor): Depois passa - disse isso mas o que meu irmão sentia ou achava sobre mim, importava muito. Depois de comer fomos pra escola, ao me aproximar vi vários olhares curiosos em mim, algumas pessoas me cumprimentavam, faziam brincadeiras. Uma atenção que não estava acostumada a receber. Acho que gostei menos ainda, segui pra minha sala, assim como nos outros dias, sentei no fundo da sala. Reparei e todos estavam me olhando, então como sempre coloquei os fones de ouvido e deitei a cabeça sobre a mesa. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Senti uma mão sobre meu ombro, o que me fez lembrar o dia de ontem e um pico de adrenalina percorreu meu corpo fazendo meu coração acelerar, olhei rápido, era meu professor. Tirei os fones de ouvido, esperei que falasse. (Professor): Tem alguém que quer conversar com você - olhou pra frente, e acompanhei seus olhos, quase não acreditei ao ver quem era.
Segurei pra não rir. Eram Luana e Karla, acompanhadas dos respectivos pais. "Helanor, estamos aqui para pedir desculpas pelas atitudes das nossas filhas com você, ficamos sabendo com detalhes de tudo e as repudiamos por isso. Inclusive as trouxemos aqui para te pedir perdão na frente da turma" disse o pai de alguma delas, provavelmente da Karla. (Luana): Me desculpe, Helanor, por ter te ofendido (Karla): Nós não vamos fazer isso de novo - aquilo ficava mais cômico por causa da cara roxa delas, e o pior, ou melhor, é que eu realmente não ligava pra elas, nem para as desculpas delas. (Helanor): Tudo bem. Elas só são duas patricinhas, que se acham melhor que os outros. Típico. Sempre tem alguém assim na escola. Coitadas, não tiveram nem criatividade pra variar. Elas não tem que pedir desculpas pra ninguém além de si mesmas - e a turma foi a loucura, risadas, gritinhos abafados. Dei um sorrisinho e sentei no meu lugar.

Depois que a aula acabou, esperei o Max e fomos pra academia. A lanchonete ficava de um lado, e a área dos treinos logo do outro. Quase todos que terminavam o treino, iam pra lanchonete. Um pelas comidinhas saudáveis, dois pelo charme e simpatia da minha mãe. Inclusive lá era o único lugar que eu de vez em quando dava um sorriso pra alguém que não fosse da minha família. (Helanor): Por que alguém se exercita na hora do almoço? A única coisa que eu consigo pensar é em comida agora (Max): Por isso que você é gords - gargalhei - (Helanor): Gords? Desde quando você é gay? (Max): É que você não é nem gorda, nem magra. É gords. (Helanor): Entendi, Max - disse e entrei na lanchonete, passei direto mas o Max ficou conversando com algum conhecido dele. (Izabel): Como foi a escola? - suspirei tentando conter o sorriso - (Helanor): Engraçada - passei por ela indo pra cozinha, pensei em pegar um salgado frito, mas optei por um sanduíche natural, {se controla, gords, frito não}. (Izabel): Depois que comer me ajuda aqui, ok? (Helanor): Ah não, mãe! Quero casa, to com preguiça, quero ficar deitada, comendo. (Izabel): Filha, não se desgasta nessa discussão. O verão chega e aqui fica lotado demais pra mim e pra Ana, ficarmos ralando sozinhas, você sabe. (Helanor): Arghhh, tudo bem mãe! - o dia estava bom demais pra discutir sobre algo que nunca vencia. Terminei de comer e fui até ela. (Izabel): Entrega esse suco na mesa 7 - peguei a bandeja, fui atenta equilibrando o suco pra que não derramasse uma gota, estava perto da mesa quando vi do canto do olho, as costas dele vindo na minha direção e batendo em mim com força fazendo tudo esparramar no chão.

p.s.: fui pra longe daqui Onde histórias criam vida. Descubra agora