(Helanor): Olha o que você fez, inútil (Gabriel): F-foi sem querer, eu não te vi (Helanor): É claro que não me viu! Quem anda de costas, por aí?! - minha mãe apareceu rápido, se colocando entre nós dois - (Izabel): Calma Helanor, foi sem querer, calma... (Gabriel): Bel, foi mal, eu estava distraído conversando com os meninos (Izabel): Tudo bem meu amor (Gabriel): Desculpa, Nono - revirei os olhos pra ele - (Helanor): Espero que um tubarão coma sua cabeça - sussurrei pra ele, que riu. Ajudei minha mãe pegar as sujeiras no chão, e voltei pra cozinha, ela me seguiu - ele é um babaquinha (Izabel): Não fala assim dele, ele é um menino muito bom. Sempre tenta ser seu amigo e você não abre brecha pra isso. (Helanor): Nada. Já não basta eu ter que ver a cara dele todo dia na escola, ele vai lá em casa, e vem aqui pra me irritar (Izabel): Meu Deus! Quanto estresse. Ele só vai em casa por causa do seu irmão, ok? Prepotentezinha - me deu um beijo na testa - chegando em casa nós vamos meditar um pouco, você tem que deixar toda essa negatividade sair (Helanor): Vai ser ótimo, todos meus problemas vão se solucionar - respondi sarcástica. Usei uma portinha nos fundos da lanchonete que dava pra academia, e me sentei lá num cantinho, as aulas já tinham terminado, só estavam meus irmãos e meu pai fazendo o que mais gostavam. (Hector): Vem cá, bravinha! (Helanor): Como você me viu? Estava escondidinha (Hector): Eu vejo tudo (Helanor): Fodão - subi no tatame e eles me olharam como se tivesse fazendo um absurdo, parei de andar institivamente - (Hector): Tira o tênis antes de entrar no tatame! (Hans): Isso é o básico, Helanor, que isso... (Helanor): Ops - voltei atrás e tirei o tênis fora do tatame e fui pra perto dos quatro. O Hans e o Zark, estavam sentados, com cara de cansados, pois tinham acabado de dar uma aula, enquanto o Max, cheio de energia como sempre, socava e chutava tudo que via pela frente - (Hector): Vem aqui - estendeu as palmas das duas mãos pra mim - usa a mão contrária pra bater na palma da minha mão, sem força porque o papai já tá velho, não aguenta pancada (Helanor): Aaaah pai! Não quero aprender a lutar (Hector): Você não precisa virar uma faixa preta, só precisa canalizar sua energia, se não uma hora você vai explodir (Hans): Tenta Nono - olhei pra ele com cara de tédio - (Zark): Ela só faz isso quando quer bater nas pessoas - meus olhos encontraram os dele, que ainda tinham um ar de reprovação. {Vou te mostrar, Zark}. Me coloquei na base de luta, perna direita pra trás, e com o mesmo braço, bati na palma esquerda do meu pai, ressonando um estalo do choque das duas mãos. Todos estavam me olhando meio admirados, fiquei esperando que alguém dissesse alguma coisa. (Hector): Eu tinha dito sem pancada - disse não como uma reclamação, e sim como um elogio - amanhã você vem treinar (Helanor): Não vou pai (Zark): Vai ter que obedecer seu mestre - me deu um sorriso - (Helanor): Sério, eu odeio vocês - na verdade não era nada disso, estava me sentindo animada por que eu parecia ter encontrado algo que tinha jeito pra fazer. Mesmo que não fosse convencional, considerado "coisa de homem", eu iria amanhã nesse treino.
Passei o resto do dia ali, entre pulinhos na academia, ajudas na lanchonete, e estudos mal-estudados. Em cada vez que abria meus livros, sentia o peso das provas finais chegando, sabia que seria figurinha confirmada por mais um ano em quase todas recuperações. Na verdade, acho que meus professores tinham até se acostumado comigo. Eles, assim como meus pais, me perguntavam o que eu fazia de tão importante pra nunca poder estudar. Nada, era a resposta. Acho que celular, internet, filmes e dormir não conta pra eles né?! Hmmm não. Eu estava no ápice da decadência adolescente. Não tinha amigos, e só nesse dia quis desistir da vida pelo menos uma centena de vezes. Minha família toda era coadjuvante na minha vida. Sempre tinham que driblar minhas constantes mudanças de humor, que tendiam para o mau humor, minha raiva excessiva por tudo, e minha paciência... Hmmm, não... Paciência não existe pra mim. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Já passavam das 9 da noite, quando eu distraída na frente da lanchonete, me deparei com o Gabriel vindo em minha direção. (Gabriel): Oi No - virei o rosto para o outro lado, com ar de desprezo - olha, me desculpa de novo por hoje vai. (Helanor): Desculpado, tchau (Gabriel): Queria fazer alguma coisa pra compensar isso (Helanor): Agora você está sendo estranho, vai fazer o que? Me levar pra tomar um sorvete (Gabriel): Você quer? (Helanor): Me dá um tiro que é melhor, aí eu não tenho que ficar ouvindo você falar bosta (Gabriel): Mas você é foda hein Helanor. To falando na moral, mesmo. (Helanor): Ah, Gabriel. Não tem ninguém pra você pegar por aí não? Uma ondinha pra você surfar? Me erra! - ele conseguia me irritar num grau que eu mesma não acreditava. Empurrei ele da minha frente e entrei rápido de volta na lanchonete.
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p.s.: fui pra longe daqui
FanfictionHelanor é a perfeita personificação da rebeldia, mas dizem as más línguas que é a rebeldia mais doce que já se viu e quem quer aproveitar cada segundo disso, é um certo Gabriel...