Perseguida

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- Não precisava ter vindo hoje, Ximena, eu ja tinha te avisado que a novata começaria no balcão.

- Não se encomode, Adam. Vou trabalhar sim. - Tomei meu posto atrás dele.

Ele saiu resmungando e me deixou finalmente trabalhar.

A casa cheia de novo, muitos homens, e claro, dançarinas gostosas nos palcos.
Deixo a novata sozinha e vou ao banheiro.
Despreocupada e cantarolante me olho no espelho.
A outra porta do sanitário se abre e revela um homem de cabelos pretos, olhos escuros, talvez 1,90 de altura, de calça de couro preta, sem camisa e muito sexy.

- Está no banheiro errado, amigo. - Ele me encara pelo espelho. Me encosto na pia. - Uma das meninas te deixou aqui, é? - Insisto. - Não quis pagar? - Me viro para encará-lo. - Ou pagou pou... - Ele já não está mais lá. Olho pro espelho e ele não sumiu dali. Me viro de novo e não o vejo, olho o espelho e percebo que não tem nada ali no reflexo do espelho.

Saio correndo.

- Adam! - Contei tudo o que havia acontecido a ele.

- Você está cansada, Ximena. Vá para casa e descanse um pouco. - Ele me disse calmo. - Deve estar paranóica, isso sim!

Nem pude protestar, ele pegou meu casaco e me empurrou para fora da boate.

Vou para casa, antes que pudesse abrir a porta ouço barulhos ali dentro. Encosto a cabeça na porta e tento escutar, são sons estranhos, não parece passos, se assemelham a ruflares de asas.

- Ximena! - De repente alguém grita de dentro.

Destranco a porta rápido e entro.
Tudo escuro e sombrio, não lembrava de meu apartamento ser assim.
Nenhum som ou movimento, só o silêncio absoluto.
Uma silhueta surge dentro das sombras de um canto.

- Quem é você? - Tento ganhar tempo até encontrar alguma coisa pra me defender. - Como entrou aqui? - Vejo pelo canto do olho uma faca em cima da pia. - Vá embora! Eu não tenho nada de valor aqui! Se quer dinheiro eu tenho no meu bolso meu cachê de hoje, pegue e me deixe em paz! - A silhueta não emite nenhum som.

Corro e pego a faca com agilidade. Olho para observar a sombra e ela ainda está lá, quieta e imóvel, dentro da escuridão.

- Eu não tenho nada! - A sombra da um passo à frente, mas não consigo ver seu rosto. Então anda mais um pouco pra frente. - Meu Deus! - Deixo a faca cair quando tive a impressão de ver asas negras nas costas do homem, o mesmo que me fitava pelo espelho do banheiro. No mesmo instante ele some, desaparece como mágica.

Corro de volta para a boate contar para Adam.

- Como assim, Ximena? Impossível alguém sumir desse jeito, tem certeza? - Ele me olhava como se eu fosse maluca.

- Mas é claro! - Me irrito.

- Você já dormiu essa noite?

- Não.

- Já descansou?

- Não.

- Pronto, resolvido o mistério! - Me empurrava para fora de novo. - Está estressada demais e não deve vir trabalhar até parar de delirar, meus clientes podem ouvir uma dessas loucuras e vão pensar que você saiu de um hospício. Agora vá.

Fiz o que disse, não porque ele queria, mas por frustraçao em relação a ele que sempre fora como um irmão mais velho e agora duvida de mim.

Chego em casa e nem penso, tiro logo a roupa e deito na cama.
Adormeço assim que encosto a cabeça no travesseiro.
De longe escuto palavras formando uma frase.
- Vou atormentar sua vida, Ximena! Para sempre! - Talvez fosse por causa do pesadelo que estava por vir.

Amante Do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora