Amores e dores

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- Eu te amo. - Digo.

Ela se aconchega em meus braços e fecha os olhos. Aquela sensação de formigamento nos atinge.

- Eu também te amo. - Ela sussurra.

Minhas asas cobre nossos corpos nús e suados, lá fora a chuva forte e trovões atordoando a cidade em plena madrugada.

- Lúcifer não vai aceitar isso, minha Ximena. - Penso alto.

A possibilidade de alguém machucá-la me atordoa a dias, se passaram algumas semanas desde que deserdei o submundo, está tudo quieto e calmo, tenho certeza que estão planejando algo.

- Vai dar tudo certo, Yekun.

- Não me chame assim, meu nome não é para a boca humana pronunciar. - Sem perceber me afasto dela.

- Já entendi, Rebelde. - Ela vira de costas para mim.

Aprecio suas curvas por alguns minutos.

- Venha aqui, minha Ximena.

Puxo seu corpo junto a mim e beijo seu pescoço fazendo-a se arrepiar, eu não resisto a ela.

Ela não diz nada, apenas me deixa amá-la de novo e de novo.

Quando termino de amá-la ela pega no sono.

Fico olhando seu corpo, cada centímetro, cada curva. Tenho ela núa para mim, ela é minha, só minha, como sempre desejei desde muito antes dela existir, assim como sempre fui dela muito antes de perceber que realmente era.

Penso que nossas almas estariam predestinadas a se encontrarem, destinadas a serem amantes, mesmo eu sendo um anjo caído, mesmo tendo um coração maldoso.

Agora somos um.

- Irmão? - Azazel aparece ao lado da cama me arrancando dos meus pensamentos.

Cubro o corpo de Ximena com minhas asas para escondê-la do olhar dele.

- O que quer, Azazel? - Pergunto irritado.

- Estou começando a entender sua relação com a humana, estive observando faz muito tempo, não acho certo o que o Mestre vai fazer com você, mas são as regras, dê adeus a suas asas! Irmão. - Ele me encara.

- Irmão, tente entender, me ajude, você não sabe o que eu sinto, nunca amou alguém como amo essa mulher.

- Um dia eu amei, mas escolhi ajudar um outro irmão que hoje se diz nosso mestre, Ele não irá me perdoar. - Ele olha suas mãos como se estivessse lembrando do dia de seu julgamento em que foi torturado e largado na terra como um descaso.

- Não, mas por que Ele permitiu que eu encontrasse ela? - Olho Ximena ao meu lado. - Se somos condenados á tortura eterna então por que Ele me deixou ser capaz de amar essa mulher mais que tudo? - Indago.

- Não sei, Yekun. Será que Ele me permitiria viver algo assim também? - Me diz com uma expressão triste e cansada. - Tenho que ir, meu irmão, me perdoe mas não posso impedir que o Mestre te castigue.

Ele abre suas asas prateadas como lâminas e voa para fora sumindo do meu campo de visão.

Ele não vai machucar minha Ximena, não vou permitir!

- O que faz acordado, meu Rebelde? - Ximena indaga.

- Só te observando, minha dama. - Abraço ela e aquela sensação de formigamento me atormenta. Sorrio para ela.

Adormecemos daquela mesma forma, nús e agarrados um ao outro, ximena deitada sobre meu peito e minhas asas a envolvendo como uma capa de penas pretas como a noite e tão formosas quanto a lua.

Os dias passam rápido, sigo ela o dia todo, cada vez fico mais tempo materializado neste mundo.

É o meu lar agora, jamais voltarei para o inferno, Ximena é o meu lar.

- Você está me ouvindo? - Ximena grita na minha frente e me arranca de meus pensamentos insanos. - Está tudo bem?

- Sim! Só tenho que resolver umas coisas...

Corro para o topo de um edifício e grito por ele: Miguel, o Arcanjo.

Como um raio ele atinge o solo, provocando um leve tremor ao chegar.

- Por favor, Arcanjo! - Peço sincero. - O mundo humano está em perigo, aquele filho da puta não vai ter misericórdia...

- Desculpe, mas não podemos ajudá-lo nessa loucura que está nos dizendo. - Miguel me olha convicto.

Ele é alto, de pele clara, cabelos negros e lisos, tem o corpo bem definido, asas brancas que emanam uma luz divina, está empunhando uma espada grande e poderosa da qual lhe confere virilidade e poder.

- Tente falar com Ele, Arcanjo. Por favor. Eu não viria aqui se não fosse importante, ele não pode tirar de mim minha dama, estou pedindo com sinceridade. Por favor. - Me ajoelho diante dele para demonstrar impotência.

- Certo. Tentarei levar sua causa até O Todo Poderoso. Mas você sabe que Ele não aceitará mais nenhum néphilin no meio de suas obras-primas, foi difícil observar os Caídos corrompendo-os. - Faz uma expressão triste. - Agora tenho que ir!

- Obrigado! - Falo e ele voa para o céu e some entre as nuvens.

Amante Do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora