Amante Do Mal

Uma presença constante

XIMENA

Os dias foram passando rápido, cada vez eu me entendo menos com Adam, o aluguel está atrasadíssimo, as contas todas a pagar. E para piorar não se passou um dia sem que tivesse pesadelos com aquele homem. Ele fica me observando sempre que chego da boate, já estou me acostumando com sua presença, aliás, se ele é "da guarda" está aqui para me proteger, não é mesmo?

- Ximena! - Agora mesmo é ele mesmo me chamando. Parece que adora me chamar.

- Fale de uma vez, não fique me chamando e tentando me assustar que já me acostumei com sua presença. - Falei virando para o outro lado da cama.

- Que interessante, humana. - Sinto alguém se deitar do meu lado.

- Não fale assim, é bizarro! - Viro para ele e o encaro. - O que está fazendo aqui? Ja não fez merda na minha vida o suficiente?

- Você nem sabe o quanto! - Ele solta um meio sorriso malicioso e maligno. Tive a impressão de ver fogo em seus olhos.

- Ainda não me disse o que faz aqui. - Continuo encarando-o.

- Vim cuidar do meu prêmio. - Diz e aponta pra mim.

- Espere! Que histórinha é essa? São onze horas da manhã e você ja vem me atormentar com isso.

- Pergunte para sua ancestral de cinco gerações atrás, ela nem se importou com sua linhagem futura, mas não se preocupe, o lugar que ela está é para os mais cruéis. - Ele observa meu rosto.

- O que? Espere aí. O que quer dizer com isso? - Fico confusa.

- Ela fez um pacto, Ximena, e me deu você em troca de fama e luxo. - Ele não desvia o olhar.

- Mas que vagabunda! - Em um pulo levanto e pego uma toalha.

Ele me segue até a porta do banheiro.

- Ei! Espere aí! - Fecho a porta bem na frente dele.

- Não há como fugir de mim. você é minha. - Ele aparece bem atrás de mim.

- Eu só quero tomar um banho! - Atiro tudo que encontro nele.

- Pare! - Tudo parou de se mover somente nós dois continuamos a nos movimentar. - Humana maluca! - E sai deixando um rastro de coisas caindo e se quebrando ao chão, é tudo voltando ao normal.

Quando saí do banho pensei que não o veria ali, mas ele estava estirado na minha cama com aquelas asas gigantes cobrindo todo o seu corpo como um véu, não, na verdade pensei em um escudo.

- O que faz aqui? - Sinto até um certo alívio dele estar ali, mas me faço de durona.

- Não adianta fingir, humana. Eu posso ouvir o que você pensa, desde o dia em que nasceu. - Ele continua na cama.

- Espere, você me conhece desde que nasci?

- Na verdade desde que estava dentro de sua mãe. - Ele olha para mim sério.

- Conhece eles? - Estou ficando feliz com a conversa. - Me conte sobre eles! Me conte sobre o que eu não lembro, por favor! - Peço enquanto chego perto dele.

- Nunca! Não estou aqui para isso! - Se levanta irritado.

- Para que está aqui, então? - Vejo a tensão em seu corpo. - Diga logo!

- Logo verá, Ximena. - E some me deixando apenas uma brisa soprando em meu rosto.

- Desgraçado! - Começo a chorar.

Por que ele não quer me ajudar? Ele deveria estar do meu lado! E por que aquela vagabunda me ofereceu para ele? Eu nem sabia de sua existência, espero que tenha se arrependido amargamente!