ELA SE FOI

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Acordo sobressaltado com o barulho de um canhão, esfrego os olhos e vejo o cordão de águia que dei a Peg quando tínhamos 9 anos franzo a  testa e digo em meio a um bocejo
-Porque você me devolveu isso, Peggy?
Me viro para ver seu rosto mas não a vejo, me olho em volta e nada começo a sentir o meu coração acelerar, ponho o colar no pescoço e pulo da árvore ignorando a dor em minha panturrilha e continuo a me olhar em volta mas dessa vez sem a folhagem me atrapalhando, não a vejo, começo a andar pelo perímetro já sentindo o pânico tomar conta de todo o meu corpo, começo a correr e continuo rodando o perímetro, as minhas mãos estão suadas e minha respiração ofegante o medo tomou conta de meu coração e algo molhado e salgado molha os meus lábios só agora percebo que estou chorando, soluços começam a sacudir o meu corpo, caio de joelhos e  sinto falta de ar, levo as mãos ao peito e começo a tentar acalmar o meu batimento cardíaco, me ponho de pé e grito com toda a força possível
-Peg! Cadê você?!
Escuto um barulho viro a minha cabeça em direção ao som cheio de expectativa é só vejo um coelho me observando e mexendo seu focinho de um lado para o outro, grito ainda mais alto
-Peg!! Não tem graça, aparece logo!
Viro a minha cabeça para todos os lados esperando encontra la 
-Por  favor!
Subo na árvore e ajeito tudo, coloco a mochila nas costas e desço novamente da árvore já começando a corre, ela deve ter ido para a droga daquela cachoeira ou algum  tributo deve estar por perto e ela teve que se esconder, corro por um bom tempo já que no pânico esqueci o caminho, até que ouço o barulho da cachoeira desvio das árvores e vejo a cachoeira me aproximo exitante e vou entrando chego mais perto e consigo ver fios de cabelo loiros pelo chão, sangue, marcas do que pareciam ser de garras na base da cachoeira e pelo chão, olho envolta e não consigo vela, o sol sumiu muito rápido tanto que eu não percebi sua ausência, o hino começa a tocar e me forço a subir em uma árvore, sinto o meu batimento cardíaco e observo a foto da garota do 1 e em seguida observo seus grandes olhos castanhos esverdeados cheios de medo aparecerem na foto, tudo ocorreu em uma fração de segundos mas para mim foram uma eternidade, observo cada detalhe de seu rosto a curva de seu nariz, o formato de seus lábios, a cor de seus cabelos e o jeito como as suas sobrancelhas arqueiam quando está com raiva, pior que a fome que passei com meus irmãos, a dor de minha familia observando eu me inscrever na colheita e logo ser sorteado, era uma dor lacerante estavo sentindo como se o meu coração estivesse sendo rasgado ao meio, começo a sentir tontura e não sinto nada do meu pescoço para baixo, antes que eu desmaie vejo a foto desfocada da garota do 12 aparecer no céu estrelado.
Sonho com a primeira vez em que a vi, lembro que Liese estava dormindo em meu colo e AJ estava reclamando de alguma coisa mas o estavo ignorando completamente  porque estavo com a atenção focada em uma menina linda ela usava botas velhas e um vestido verde esfarrapado com casaco masculino cinza, ela estava ocupada demais tentando puxar um bezerro para dentro do trem para me notar, pego a mão de meu irmão e me aproximo para a observar melhor e oferecer a minha ajuda mas antes que eu o possa fazer um pacificador agarra seu braço e a puxa brutalmente ele começa a grita com ela
-Oque você está fazendo aqui?
A suas bochechas antes coradas perderam toda a cor e é bem visível o pânico em seu olhar, ponho Liese no colo de meu irmãozinho e digo:
-Vai direto pra casa.
-Mas e você?
-Eu já vou, ok?
Ele tenta dizer algo mas eu o empurro delicadamente  e caminho tentando não chamar a atenção de ninguém, consigo ver que muitas pessoas estão olhando pelo canto dos olhos para aquela cena mas não fazem nada
-De qual distrito você é?
Ela morde os lábios e diz
-De-z
Wow ela é do dez, o pacificador vai mata la se eu não fizer alguma coisa, começo a corre o mais rápido que posso, jogo todo o meu peso contra o pacificador e agarro a mão da menina continuo correndo com a menina junto de mim, ouço tiros e corro mais rápido em direção ao armazém, entro e caio no chão a puxando comigo, ela arranca a sua mão da minha e me olha feio
-Quem é você?
Ela está ofegante assim como eu, paro um momento e retomo todo o oxigênio perdido observando suas bochechas agora rosadas por causa da correria e seu lábios entre abertos naquele momento senti vontade de beija lá antes era alho repulsivo a meu ver já com ela parecia algo bom e bonito, me seguro para não beija la e digo por fim
-Nosso nem para me agradece, sou o Jared, prazer.
Estendo para ela a mão e a mesma a aperta com uma força desnecessária
-Peg, prazer.
Hum... Peg que nome estranho
-Nome legal.
-Hum... obrigada.
Ficamos um tempo sem dizer nada, fico observando os seus incríveis olhos castanhos esverdeados eu nunca tinha visto olhos tão lindos quanto os dela, observei seus dedos longos e cuidadosos brincarem com uma das tranças em seu cabelo até que me sinto obrigado a quebrar o silêncio
-Se não escutei mal, você é do dez, não?
-Sim eu so e daí?
-Como é lá?
O irmão mais novo de minha mãe conseguiu fugir para o dez assim que fez 19 anos e desde então não se tem mais notícias dele, seria legal eu descobrir algo sobre ele,  minha mãe ficaria muito feliz e talvez ela não ia me deixar sem jantar essa noite, ouço tudo com muita atenção mas ela me diz que não conhece nenhum Clark Wills quem sabe ele mudou de nome? Nova casa, novo emprego, nome novo.
Peg é fascinante a sua voz é doce como mel, o seu sorriso aquece o meu peito ela era igualzinha as princesas das história que minha mãe contava toda noite a Liese, fiquei com medo de pergunta, quando teve que ir embora combinamos de nos encontrar novamente, ela sai andando e abraça um homem que julgo ser seu pai e segura a mão de um rapaz, ela entra no trem e me dirige uma última olhada, naquela noite fui dormi sem jantar não contei pra ninguém sobre a Peg mesmo com a insistência de minha familia, ansiava em encontra la denovo, todas as vezes que se seguiram era uma aventura nova, mostrava o pomar, a ajudei a descarregar e carregar os vagões depois íamos brincar as vezes ela ficava por dois dias ou três quando se tinha mais trabalho, sempre me perdia pensando em como ela era bela cheguei a pensar em a pedir em casamento quem sabe eu poderia ir morar no dez aonde os pacificadores são mais tranquilos, mas um dia ela não veio mais, fiquei arrasado pensei o pior, quando fizemos 12 anos ficou pior todo ano da colheita me preocupavo achando que ela fosse ser a proxima vitima uma vez cheguei a ve la por um breve instante na TV, ela estava segurando a mão de duas garotas e seu olhar vazava medo, mas nessa colheita por sorte ou azar do destino fomos escolhidos, quando a vi na TV ela estava com cara de brava igualzinha aquela menina que salvei do pacificador, fiquei feliz em ter a chance de a ver, de falar com ela novamente pelo menos uma vez e agora ela está morta, provavelmente deve ter gritado o meu nome, deve ter desejado que eu a ajudasse mas eu não o fiz, a culpa pesa em meus ombros e deixo minhas lágrimas lavarem meu rosto me ponho ereto e arrumo a mochila pego a águia que eu mesmo fiz e observo nossas iniciais em suas costa, beijo a letra "P" de seu nome e a ponho dentro da camiseta coloco a mochila nas costas e desço da árvore, agora só resta eu e o garoto do 2, eu sei oque a Peg gostaria que eu fizesse ela gostaria que eu lutasse até o fim e ficasse vivo assim eu cuidaria de sua família, é oque ela faria pela minha e eu sei bem o quanto ela os ama, é o mínimo que possa fazer em nome dela, começo a caminhar e me ponho a procura de meu adversário.

Jogos vorazes -Peg-Onde histórias criam vida. Descubra agora