Capítulo XXIV

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  Estávamos há pouco mais de meia hora na queda de água, á anos que eu não esvaziava tanto a minha mente e me ria com tanta frequência.
— Parece que isto é o nosso mundo, — Ela saiu da lagoa, e sentou-se nas pedras, ela vestiu a minha camisa e as suas cuecas. — parece que aqui nada de mal nos pode acontecer.
— Isso é muito lamexas, mas é verdade. — Saí da água e vesti os meus boxers, sentei-me ao seu lado.
— Estou com fome.
— Queres voltar para casa?
— Não, agora não.
— Então, vem comigo. — Levantei-me, vesti os meus calções e calcei os chinelos.
— Vamos aonde? — Perguntou curiosa.
— Tu fazes perguntas a mais, segue-me. Confia em mim, eu não te vou raptar. — Falei e acabei por me rir da situação.
— Outra vez, não dava muito jeito?! — Ela forçou um sorriso.
Segurei na sua mão e fui andando, passámos por um pequeno caminho e chegámos a uma casa de madeira, era pequena, na realidade foi eu que a construí. Abri a porta, e estava tudo cheio de pó, já não ia lá á muito tempo. Soltei a sua mão e entrei, tinha apenas duas divisões, uma era uma casa de banho minuscula; e a outra era a maior: tinha um sofá cama, uma televisão pequena que provavelmente já não funcionava e encostado á parede havia um fogão e um frigurifico pequeno. O frigorífico deve de estar vazio, e se tivesse alguma coisa de certeza que não estaria bom para comer. Abri o pequeno armário que ficava ao lado do fogão. Tinha uma lata de salsichas, alguns biscoitos,e algumas bebidas alcoólicas.
— Queres uma cerveja? — Perguntei e ela assentiu.
— Como é que encontraste este sítio?
— Foi eu que o construí.
— Tu?! — Perguntou surpresa.
— Sim eu, foi uma espécie de hobbie.
— Precisa de uma pintura, mas até está giro. — Ela olhava em seu redor.
— Se me quiseres ajudar a pintar. — Brinquei.
— Quando? Eu ajudo.
— Estás a falar a sério?
— Estou.
— Okay, eu vou comprar umas tintas, e depois aviso-te.
— Eu nunca te vi com tão bom humor. — Olhei para ela de relance.
Não respondi. Porque sinceramente eu também nunca me tinha visto assim, eu stresso sempre com tudo por tão pouca coisa. Lavei os copos que tinha guardado, e por incrível que pareça ainda tinha água, não era a tubagem certa, mas havia água e isso é que importa.
— Meu Deus, estás pronto para acampar. — Taylor brincou e eu sorri.  

Bebemos as cervejas, a Taylor parecia ter-se esquecido de toda a merda que fiz na vida dela e estávamos a conviver como se fossemos dois amigos.
— Qual é o teu sonho?
— Como assim?
— Qual Shawn, todas as pessoas têm um sonho, qual é o teu?
— Bom, — Parei para pensar. — quando eu era criança, eu dizia que ia ser médico.
— Então esse é o teu sonho?
— Eu não tenho sonhos Taylor. Isso era coisa de criança.
— Lógico que não, só tens 20 anos, muita vida pela frente.
— E tu, qual é o teu sonho?
— Ser educadora de infância. — Os olhos dela brilharam. Eu acabei por ficar com um sorriso traçado no rosto. — O que foi?
— Nada. — Balancei a cabeça, querendo voltar ao normal. — É melhor voltarmos.
— Melhor não é, mas infelizmente temos que ir mesmo.
— Infelizmente?
— Sim, infelizmente.
— Pensei que odiasses a minha companhia.
— Das poucas opções que tenho no que toca a companhia, és uma das menos más.
— Uau! — pus a mão no coração fingindo estar magoado com que ela acabara de dizer.
— Que dramático.
Ela despiu a minha camisa e entregou-ma, vesti a mesma, ela vestiu a sua roupa. Saímos da casa, fechei a porta, e voltamos por todo o caminho que fizemos, quando chegamos perto da herdade separamo-nos, disse-lhe para ir á frente, e fiquei um tempo sem fazer nada. Depois de uns trinta minutos entrei em casa, o meu pai tinha-me dado instruções para não levar aTaylor juntamente com as outras, não entendi muito bem o porquê disso, mas assim fiz. Perto da hora delas saírem ele ligou-me a dizer que não podi vir hoje, e que só viria amanhã. Estava cada vez mais difícil de esconder a gravidez da Catherine, ela vomitava pela casa, ou então desmaiava com a tensão arterial baixa.
— Shawn eu não aguento, deixa-me ficar em casa hoje. — Catherine tinha acabado uma das suas crises de vomito.
— Não posso Catherine, toma alguma coisa para o enjoo, eu já te estou a ajudar demais.
— Se fosse a Taylor, nem pensavas duas vezes, não é?!
— O que é que estás a querer dizer como isso?
— Nada Shawn, nada.
— Então baza daqui, desaparece da minha frente. 

Fiquei intrigado, será que ela viu alguma coisa? Mas não há nada que ela possa ter visto. Na casa de banho, será que ela viu? Enfim, foda-se, ela não tinha argumentos para falar, e o meu pai também não acreditaria nela.

  Estava na cozinha á procura de algo para comer, achei um macarrão com carbonara, que estava com um ótimo aspeto, de certeza que foi a Georgia que fez. Pus um pouco no prato, e aqueci no micoondas, abri uma garrafa de vinho. O microondas apitou, peguei no meu prato, e num copo, sentei-me à mesa, enchi o copo com vinho, era tão bom, tão bom que repeti. Ouvi alguns passos aproximarem-se da cozinha.

— Sobrou para mim? — Era uma voz feminina, que sim, eu já conhecia. Limitei-me apenas a dar um sorriso torto.

Ela aqueceu um pouco para ela e sentou-se á minha frente.
— Dás-me um pouco disso. — Ela estava se a referir ao vinho. Pus um pouco no seu copo e entreguei-lhe. — Não gosto de bebidas alcoólicas, mas este até é doce, não é mau de todo.
Els bebeu mais um pouco e estava ficando bem animadinha já.
— Melhor parares! — Tirei a garrafa de perto dela.
— Deixa-me. — A sua voz estava a ficar arrastada. — Que hoje eu preciso de apanhar uma bebedeira.— Ela cantou e logo a seguir começou a rr-sei, o que consequentemente me fez ri.
— Vamos dormir, anda. — Levantei-me da cadeira, e segurei-a pela mão.
Puxei a mesma, até ao quarto. Ela estava muito engraçada, falava principalmente de coisas sem sentido. Assim que chegamos ao seu quarto, ela tirou os short e atirou-se para a cama. Saí do quarto a rir, e fui para o meu, tirei os meus calções e a camisa, e deitei-me na cama, lembrei-me do dia de hoje, e por alguns minutos pensei que a vida fora disso tivesse ganho mais sentindo, que eu poderia ser melhor. Esses pensamentos nunca fizeram parte de mim, eu só pensava em como agradar o meu pai, e hoje penso no futuro que eu posso ter se deixar tudo isto. Os pensamentos são algo em que não mandamos, então deixei-me levar por eles, fiquei algum tempo a olhar para o teto, mas o sono conquistou-me e acabei por me render.  

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ESPERO QUE TENHAM GOSTADO !!!

NÃO PERCAM O PRÓXIMO CAPÍTULO ...

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