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Janeiro 2015
Depois de guardar minhas malas no carro sento relaxada no banco do passageiro, minha mãe dirigi apertando o volante com as duas mãos — é visível ver sua frustração depois da nossa conversa, digamos um pouco fora do normal —.
Somos bem amigas e tudo mais, mas, descordamos de muita coisa e apesar de ama-la, não gosto que ela tome decisões por mim, afinal, sou bem grandinha pra ter minhas próprias escolhas.
Devo admitir que bem lá no fundo quero facilitar e concordar, mas o resto de mim luta contra a sua decisão, não sou do tipo de que é contra tudo mas tem certo tipo de assuntos que não gosto de aceitar.
Tenho que dar pontos à mim mesma porquê já estou cheia desse negócio de decidirem o melhor por mim, eu já deveria estar acostumada, mas, viajando o tempo todo e mudando de cidade em cidade fica difícil.
Desde meus nove anos, eu e dona Melissa — minha mãe — só moramos mais ou menos seis meses em cada cidade até hoje. Já moramos em tanto lugar que já perdi as contas.
Bom, resumindo; estamos nos mudando de novo, para uma cidade que nem sei o nome mas que fica em uma área reservada como uma ilha no sul do país, não procurei saber mais nada além disso.
Por quê?
Porque como sempre ela tem uma ótima proposta de emprego. E como não recusar uma coisa dessa? Provavelmente, daqui há seis meses vamos partir pra outra cidade que dê a ela uma proposta melhor do que já recebeu e começar do zero.
Acho que já se passaram mais de três horas que estamos na estrada e não trocamos nenhum tipo palavra, ela não segura mais o volante com tanta força e eu já estou olhando a paisagem há tempo demais para evitar qualquer troca de desculpas entre nós.
Ela olha para mim como quisesse falar, abre a boca mas não diz nada. Depois de cinco horas dirigindo paramos em um hotel qualquer.
Acho que esse hotel deve ser o quarto em que entramos desde que saímos do aeroporto. Melissa foi na recepção fazer o check-in enquanto tento ler pela décima vez uma revista no Hall — Bom, na verdade tentando me distrair já que não consigo me livrar dos meus pensamentos monótonos —.
— Liv? — Chama-me Melissa balançando as chaves na frente. — Vem, já consegui um quarto!
Antes que me esqueça me chamo Olivia, Liv para os mais íntimos. E para os que não são, Olivia Martins.
Levanto indo direto paro o elevador, ela mexe em seu celular enquanto já faz quase três minutos que estamos dentro dessa caixa ouvindo essa música irritante e não chegamos ao quarto.
— Que andar fica nosso quarto? — Pergunto quebrando o meu silêncio.
— Fica no sexto andar. Tenha mais um pouco de paciência, Olivia! — Manda-me notando minha impaciência.
