14-Pizza

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Se tem um assunto que eu vou odiar esse bimestre vai ser o de química, sobre 'funções orgânicas'. Coisa complicada! Uma hora e meia de aula sofrida. Assim que ele saiu veio o professor de português. Viva!

A MOÇA (para não dizer coisas piores) da Bruna não foi à aula. Graças! Mas, os meninos do futebol ainda conseguiram tirar a atenção do Victor de mim enquanto comíamos alguma coisa na lanchonete. Aproveitei para dar uma volta com a Sarah pela escola e perguntar como estava o relacionamento dela com o tal garoto. Ela disse que estavam indo bem, mas que de hora em hora estavam brigando. Apenas ri. Ela ainda não quis me contar quem era, disse que no tempo certo eu saberia.

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Depois do intervalo ainda tivemos mais uma aula de português. Antes de acabar, ele pediu:

-Formem trios e façam um trabalho que deixei na sala de fotocópia.

-Sala de quê professor? - perguntou um garoto na sala, o mesmo que disse que o professor de química havia chegado antes de 'nós todos'.

-Como ficou popularmente conhecido: a Xerox! - a campa soou. - Me entreguem na sexta que vem!

Os alunos começaram a sair.

-Nós três? - perguntou o Victor, com a mochila arrumada, chegando perto de mim e da Sarah.

-Por mim, sim! - disse a Sarah.

-Por mim também! - disse.

-Okay. Aonde vamos fazer? - perguntou o Victor.

-Pode ser lá em casa. Semana que vem eu vou estar na casa da minha mãe. É perto daqui e é bem maior que a casa do meu pai.

-Okay.

Fomos andando até o portão e nos despedimos. O pai dela chegou logo em seguida.

-Vamos? - disse o Victor.

-Vamos.

Andamos un pouquinho e ele disse:

-Uma perguntinha... Como nós vamos? - disse ele num sorriso de quem estava constrangido.

-Achei que tivesse pensado nisso!

-Não. Eu tava empolgado em te chamar para ir comigo que eu esqueci de pensar nisso.

Ri dele.

-Leso! Todos os ônibus passam lá perto. Só pegarmos qualquer um, descer e depois subirmos duas quadras.

-Hum... Então vamos?

-Vamos!

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O ônibus não demorou muito. Sentamos lado a lado. Como estava um pouco vazio, entrelaçamos nossos dedos e ficamos de mãos dadas a viagem toda. Algumas pessoas que entravam ficavam nos olhando com certa raiva, outros faziam comentários ruins e outros faziam caras fofas.

Descemos depois de 10 minutos. Enquanto andávamos até o shopping, ficamos comentando sobre a reação das pessoas. Algumas foram até engraçadas, mas outras nos incomodaram muito. A forma como o ser humano despreza pessoas que não seguem o "padrão" da sociedade é repugnante. Ficamos chateados sim com comentários que ouvimos, mas não seriam essas pessoas que estragaram nosso dia.

-Já sabe o que vai comprar para o seu pai? - perguntei.

-Não sei. Pensei em passearmos por aí e ver as lojas. Se tiver algo que eu sei que irá lhe agradar, paramos e eu compro.

O Garoto Da Casa Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora