17-Álcool

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-Sai daqui! - ouvi isso e depois um barulho de algo sendo atingido.

Umas risadas de criança e uns barulhos de gente correndo pela casa logo sumiram. Victor colocou o rosto para debaixo da cama e me olhou.

-Me desculpa se eles te acordaram!

-Tudo bem... - dei um sorriso.

Ele tirou o rosto e pôs os pés para fora. Depois pulou. Pegou seu celular e ficou olhando a tela.

-Você quer continuar dormindo ou quer vir comigo para um passeio? - perguntou ele, me olhando.

-Acho que vou continuar dormindo - falei.

Ele fez um cara triste e depois disse:

-Tá bem então...

Ele se virou e foi em direção a porta. Levantei da cama rapidamente e o abracei por trás.

-Eu tô brincando, besta!

Ele apertou meu braço e depois o soltei. Passamos pelos quartos e descemos as escadas. Grande parte das pessoas que estavam lá já tinham ido embora. Estavam apenas os que deviam ser os parentes do Victor. Chegamos perto deles e o Victor foi falar com o tio dele.

-Tio?

-Fala Victor - respondeu o senhor Marcos.

-Tá encilhado?

-Victor...! - começou a dizer o pai dele.

-Deixa ele Diego! - disse o senhor Marcos para seu irmão - O garoto gosta de cavalos. Qual o problema? - ele se virou para seu sobrinho e continuou: - Falta encilhar! A Sandra deve estar por lá!

-Tá bem!

Demos a volta na grande casa e fomos em direção ao que parecia e deveria ser um estábulo. De longe, consegui avistar a Sandra escovando os pêlos de um cavalo.

-Cadê o cavalo do tio? - perguntou Victor.

-Está lá no último!

-O outro está lá?

-Está! Só não pega o Scadufax!

-Dele eu passo longe!

Victor entrou no estábulo e eu fiquei perto da Sandra.

-Scadufax é o cavalo que foi dado ao Gandalf, d'O Senhor dos Anéis, não é? - perguntei a ela.

-Sim. O meu irmão ama O Senhor dos Anéis e ele quis colocar esse nome no cavalo dele.

Fiquei olhando ela escovar o cavalo e assim que terminou me encarou. Não falei nada, até que ela disse:

-Você já andou de cavalo?

-Não! - respondi.

-Já tocou em um pelo menos?

-Também não! - dei uma risadinha, envergonhado.

Sandra chegou perto de mim, segurou meu braço e me puxou. Hesitei por um momento, mas ela disse:

-Vem, ele não morde!

Aos poucos fui avançando e chegando minha mão perto. A crina era grossa, porém macia. Passei minha mão pelo pescoço e percebi que o animal era praticamente somente músculo. Fiz carinho nele e ele ficou me olhando com aqueles olhos escuros.

-Ele gostou de você! - disse Sandra.

-Ou... ele está estranhando - comentei.

-Eu tenho esse cavalo à bastante tempo. Sei quando ele gosta ou não de uma pessoa.

O Garoto Da Casa Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora