Comportamento estranho

197 19 10
                                        

-Você não é nem louca de contar pra ela!

-Louca eu sou...-Sorri.-Mas não vou contar pra ela. Agora, vou fazer o almoço.

Levantei, e fiz macarrão instantâneo, já que nunca fui boa na cozinha.
-Macarrão instantâneo, Mel?

-Quer mais alguma coisa?

-Talvez caviar.

-Não sei preparar. Vai ser isso mesmo. Se quiser faço um ovo pra acompanhar.

-Não, tá ótimo assim.-Riu.

Fiz a comida, e coloquei na mesa.
-Acho que tem uma coca aqui pra acompanhar.

Peguei a coca e coloquei na mesa.
-Vá lá chamar Harper.-Disse Broo.

Subi as escadas.
Abri a porta, e Diana estava pintando.
-Essa sou eu, e essa é você, Clarissa.

Fiquei parada apreciando a brincadeira dela.
-Ah, seu olho é meio azul sim. É que eu não tinha um tão azul assim.
Clarissa... Eles sabem tudo de mim, e eles podem contar pros meus pais que eu jogo lixo debaixo do tapete por exemplo.

Que brincadeira mais estranha.
-Diana. Vamos comer.

-Ah, tá. Clarissa, pode dormir, já volto.

-Estava brincando de quê?

-Eu não tava brincando, tava pintando.

-Uhm... -Amigos imaginários. Deve ser.

Comemos nosso macarrão instantâneo acompanhado de coca-cola ( tão sofisticado... ).

-Papai e Halsey estão demorando.-Disse Brooklyn.

-Verdade... Ei, vocês já pensaram que  pai podia ser mãe, e mãe podia ser pai? Que Sol podia ser Lua e Lua podia ser Sol? Como seria se nós chamassemos assim? Seria normal? Homem mulher e mulher homem? E se fosse...

-Diana! Para de falar um pouco, e de pensar um pouco também.-Disse Brooklyn.-Vamos assistir um filme.

-Filme, filme! Eu quero aquele!-Apontou para o DVD do Frozen.
Brooklyn pegou, colocou no aparelho e se sentou no sofá.
Diana ficou deitada em um sofá.
Ela ficava se mexendo o tempo todo.
Ela não consegue ficar quieta, e perde a atenção das coisas muito rápido. Ela pensa e faz as coisas em excesso. Hiperativa.

Halsey muda de humor muito rápido, tem pensamentos suicidas, às vezes tem uma leve depressão, outras está parecendo que tem TOC, fica muito agitada. Não dorme muito, e quando dorme, dorme pra caramba. Bipolar.

Diana ficava piscando forte e rapidamente os olhos enquanto assistia o filme, e cochichava coisas, tão baixinho que nem conseguíamos ouvir. Algumas vezes ela só mexia a boca e apontava para as coisas, como se estivesse mostrando algo pra alguém.
Ela começava a rir do nada, olhando para o nada.
O tempo todo ela dava ataque de risos.

-Diana, assiste o filme. Agora é aquela parte que aquele boneco de neve estranho canta do verão, você não gosta?

-Aham... Clarissa,-começou a rir.-Assiste.

-Quem é Clarissa?-Perguntou pra mim em voz baixa.

-Deve ser uma amiga imaginária.

-Que estranho, ela não costumava ter amigas imaginárias.

-Vai ver ela está muito sozinha na escola, ou aqui mesmo, sei lá... As crianças inventam amigos imaginários quando são muito sozinhas.

-Talvez.

Quando o filme acabou, Diana finalmente dormiu.
Depois de vários dias acordada até madrugada, junto com Halsey costurando roupinhas pras bonecas dela, dormiu.

Halsey e meu pai chegaram.
-Diana está dormindo, finalmente. Queria que mais alguém conseguisse dormir.- Indireta bem direta para Halsey.

-Eu já disse que eu não consigo.-Subiu pro quarto chorando.

-Vocês sabem como Halsey é... Vou lá pra cima, fazer o que faço de costume. Tentar acalma-la.

-Talvez você devia tentar se acalmar primeiro.-Falou Brooklyn.Meu pai olhou de cara feia pra ele. -Só uma dica.

Ele continuou subindo as escadas.
Hoje fechamos um dia sem nenhum progresso.
Vou seguir a dica de sei lá quem, e focar mais em aproveitar o tempo aqui.

Quando estava dormindo, tive um sonho um tanto anormal. Quer dizer, anormal pra você, mas não pra mim. Cara, eu sou um anjo!

Estou na minha casa, entre as nuvens.
Não tem ninguém, apenas uma grande ventania e tudo é branco.
Sim, se parece bastante com minha casa.
-Mel, como foi seu dia?

-Bem cansativo. Ser humano é duro...

-Pois é. Grandes responsabilidades. Fique de olho na Diana. Não posso contar o que se passa com ela. Você tem que descobrir sozinha, e ajudá-la. As coisas na sua casa vão ficar mais complicadas.

-Mas Diana está bem. Ela só não para quieta.

-Apenas fique de olho.

-Tá legal...

Paaam, paaaaam, paaaaaam.
7 horas da manhã. Quem é que acorda às 7 horas da manhã no domingo? Ah, nós. Primeiro: fazer a lição.

Desci as escadas, já estavam todos lá.
Halsey estava com a mão na cabeça, olhando pra mesa, e tomando um remédio.
-Tudo bem, Halsey?

-Dor de cabeça, muito estresse. Diana está impossível hoje.

Sentei na mesa e Diana estava normal, para mim.
Sentei e comecei a fazer a lição.
Começou a ter um batuque irritante na mesa. Olhei pra Brooklyn, e não era ele, ele parecia se sentir incomodado também.
Olhei para Harper, ela estava batendo os dedos o tempo todo. E mexendo nos mesmos. Piscando os olhos tão rápido e forte que chegava a me dar agonia. A boca dela se movia como se ela estivesse falando alguma coisa, mas não estava.
Ela olhava para a porta, começava a sorrir, e dar risadas fracas.

-Para o que você está olhando, Diana? -Perguntei.

-Clarissa fez um desenho engraçado.-Começou a rir.-É da professora Butenfford, ela fez um bola com rostinhos.

-Ah, Clarissa...-Fingi ter entendido.

Diana ficou o tempo todo bufando, e olhando pra nós, como se estivesse querendo atenção.
-Dificuldades na lição? -Perguntou Brooklyn.

-Aham... Tá muito difícil!

Meu pai chegou.
-Deixa que eu te ajudo. O que você não entendeu?

-Nada.

-Diana, não é possível não entender nada.

-Mas eu não entendi nada!! -Gritou, o que fez todos os olhares da casa serem direcionados a ela.

-Não grite, Diana! Estou tentando ajudar.

-Mas não está ajudando!!-Ela cruzou os braços.

-Diana, pare de gritar, estou com dor de cabeça!-Gritou Halsey.

-Você mesma está gritando! Ninguém aqui me ajuda!-Ficou batendo os pés no chão e começou a chorar, ficou batendo as mãos na mesa também.

-Diana, o que deu em você? -Perguntou Brooklyn.

Deve ser isso que o anjo estava tentando me avisar. Mas, o que deu nela?

Ela começou a chorar mais alto, quer dizer, a gritar mais alto.
-Eu não quero fazer lição, eu não quero ir pra escola!

Começou a correr pela casa, e papai à pegou no colo, e segurou seus pequenos braços que estavam batendo nele, e puxando seus próprios cabelos.

Ele a levou pro quarto dela.
Escutamos gritos.
-Não me bata, Diana! Sou seu pai, exijo respeito!-Gritou.

Escutamos também Diana chorando mais alto. Provavelmente deve ter levado as "chineladas corretoras".
-Seu pai está certo em bater nela, essa garota está muito atrevida.

-Também não precisa bater.-Disse Brooklyn.

-Bateria se fosse qualquer um dos dois. Se falando ela não aprende, tem que corrigir à pauladas.-Foi para o seu quarto.










Angel Onde histórias criam vida. Descubra agora