1 mês depois
Eric
Entrei no carro apressado, estava dirigindo o mais rápido possível para ir buscar Cat na confeitaria de Olívia. Minha filha não tinha ido para a natação pois a professora estava doente e tinha passado a tarde com a mãe enquanto eu estava no plantão. Não, não se animem muito, nós não voltamos ainda.
Pode parecer ridículo, ironia do destino ou praga da minha mãe mesmo, mas estamos vivendo como ela disse que eu e Su viveríamos se eu soubesse da gravidez antes: numa espécie de guarda compartilhada que não tem dado muito certo. A Catarina coitada, já está doidinha com as constantes mudanças. Ela passa uns dias comigo no meu apartamento e sente falta da Livie, aí vai ficar com ela e depois sente minha falta e volta, estamos nesse arranjo maluco a pouco mais de 1 mês e eu posso garantir que nenhuma das partes está feliz.
Isso está acontecendo por teimosia da Livie, eu sei que eu errei, confesso, mas aquela ali não me deu uma chancezinha sequer de falar. Ela fala comigo apenas quando é estritamente necessário e apenas sobre nossa garotinha. Eu já tentei, pedi e implorei e ela não cede de jeito nenhum, tomara que ela mude de ideia logo porque se eu cansar de me arrastar, não tem ser humano no mundo que me faça voltar atrás, nem ela na posição de mulher da minha vida.
Estacionei apressado na rua já deserta, 19h. Estou fodido! Marquei com a Sra. Ranzinza de vir pegar a Catarina às 18h30, esses 30 minutos vai gerar um falatório até que meus ouvidos sangrem.
A plaquinha no vidro anunciava que a loja já estava fechada, mas as luzes acesas e a porta aberta diziam o contrário. Entrei e encontrei minhas duas meninas sentadas no balcão devorando um pedaço de torta qualquer.
— Antes tarde do que nunca! — anunciei minha chegada e as duas viraram para me ver, porém apenas a menor ficou feliz com a minha presença.
— Papai! — Cat correu para os meus braços e eu a peguei dando um beijo estalado na sua bochecha.
— "Antes tarde do que nunca" — Livie me imitou, revirando os olhos — tarde MESMO, hein. Vem cá, você não tem mais relógio? — e está aí, senhoras e senhores, o porquê de "Sra. Ranzinza" ser o novo apelido desta mulher. Lembram como ela era tão chata e ignorante quando nos conhecemos? Então, multiplica por 10 e temos a nova Livie, depois que terminamos ela se transformou nessa mulher estressada e amargurada. Pelo menos na minha frente.
— Vem cá, — repeti sua frase — você esqueceu que eu sou médico e que é minha obrigação salvar vidas independentemente do horário que eu marquei com a senhorita? — ela ia abrir a boca para retrucar, mas eu a interrompi: — Que bom que não esqueceu.
— Ai, Eric, vai se danar. Só espero que isso não se repita mais. — ela deu a volta no balcão e foi pegar suas coisas.
— Precisa de carona? — perguntei alto para que ela pudesse ouvir.
— Não, obrigada. — ela respondeu, estava uma graça com aquele vestido curto apertado e aqueles saltos, procurava incessantemente algo em sua bolsa.
— Você não vai a pé, vai? Você sabe o que aconteceu da última vez que... — e dessa vez eu fui interrompido:
— Não, eu não vou a pé. Já chamei um táxi. — ela saiu da confeitaria e eu a segui com Catarina no nosso encalço.
— Livie, não precisa, você pode muito bem vir com a gente. Eu não mordo, tá? — falei e suspirei. Será que eu pisei na bola tão feio assim que ela não pode ficar 20 minutos no mesmo carro que eu?
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Eu Vou Cuidar de Você (COMPLETA)
RomanceApós perder o único irmão e a cunhada em um trágico acidente de carro, Eric descobre ser o único tutor responsável pela sobrinha de apenas 4 anos, Cat. Solteiro e sem ter a quem recorrer, assume o papel de pai da garotinha, prendendo-se à uma vida q...