CAPÍTULO 4.

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Uma semana já se passou desde o ocorrido. Continuo com a minha rotina. Minha mãe mal me olha na cara e evita totalmente de falar comigo. Prefiro assim, pois assim não preciso ouvi-lá.
Hoje não fui para o colégio, minha mãe saiu cedo e meu pai nem sinal de vida. Me levanto da cama e sinto uma tontura que me deixa assustada, me apoio na porta do banheiro até que a tontura passe. Ando até o banheiro, tomo meu banho e faço minhas higienes. Desço as escadas e a casa se encontra silenciosa. Agradeço por isso, chego a cozinha, preparo meu café da manhã.

Meu estômago ronca. Quando coloco a primeira colherada de cereal na boca. Meu estômago protesta e corro pro banheiro, me ajoelho em frente a privada e coloco tudo que comi pra fora. Passo alguns minutos ajoelhada, apoio minha cabeça em meus braços. Me levanto cambaleando e paro em frente a pia. Lavo minha boca e meu rosto,me olho no espelho. Meu rosto está pálido e minha pele fria. Entro no box e tomo um banho rápido, subo ao meu quarto e visto outra roupa. Um shorts leve de pano e uma blusa de manga curta. Desço as escadas e finalmente consigo comer meu cereal. Vou pra sala e me jogo no sofá, ligo a tv em um canal qualquer e começo a assistir.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Dado o horário do almoço, saio de casa e vou até um mercado próximo. Compro uma lasanha pronta e volto pra casa. Vou até a cozinha e coloco a lasanha no forno.
Após quinze minutos a lasanha fica pronta e volto pra cozinha.

Me sirvo e começo a almoçar, não demoro muito comendo. Volto pra sala e tento assistir algo, mas meu estômago embrulha, tento controlar mas novamente subo as escadas correndo. Entro com tudo no banheiro e caio de joelhos em frente a privada pela segunda vez no dia. Novamente coloco tudo o que acabei de comer pra fora. Mas que porcaria é essa? Será que além de eu ter sido abusada, eu estou grávida? Não! Isso não pode ser verdade! Desabo a chorar. Minha vida não pode ficar mais ferrada do que já tá. Coloco minhas mãos na cabeça. Eu estou completamente ferrada.

Lavo meu rosto e me levanto.
Troco de roupa e saio de casa. Caminho até uma farmácia.
Entro no local e caminho entre as prateleiras. Em uma das mais afastadas, encontro vários testes de gravidez. Pego três de marcas diferentes. Morrendo de vergonha vou até o caixa. Entrego pra senhora do caixa que me olha com pena, registra tudo e eu pago. Pego a sacola e corro pra casa. Subo as escadas e entro no meu quarto. Passo pelo cômodo até meu banheiro. Entro e tranco a porta, leio as instruções de cada um.
Faço um por um e espero cinco minutos.
Esses cinco minutos que pra mim pareceram cinco horas finalmente acabam e pego o primeiro teste pra ver o resultado. Olho pro teste nas minhas mãos e quase infarto. Nele mostra os tão temidos dois risquinhos vermelhos, me desespero e tento me acalmar, pode ser uma falha. Pego o segundo e o mesmo mostra, dois risquinhos vermelhos, com o coração acelerado e as mãos suando pego o terceiro e ultimo último teste. E para o meu medo, os três dão positivos. Lágrimas começam a descer em forma de correntes.

O que eu vou fazer da minha vida agora. Mais um motivo pra que a minha mãe me xingue e me chame de imprestável. Nesse momento ouço a porta principal abrir; corro pro quarto e tranco a porta, pego os testes e suas caixinhas e jogo todos dentro da minha mochila. Me jogo na cama e me cubro até a cabeça. Sei que é minha mãe.

- Agatha, você em casa?

- Estou no quarto. -respondo tentando controlar minhas lágrimas.

Ela não diz mais nada, o que pra mim isso é um alívio. Não tenho forças pra sair dessa cama e encarar a mulher que está no andar de baixo. Fecho meus olhos com força e acabo dormindo.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Acordo no outro dia me sentindo pior do que antes, vou ao banheiro e faço minhas higienes, tomo meu banho, me visto e saio do quarto. O dia amanheceu fresco o que é ótimo.
Desço as escadas e encontro a casa vazia, solto um suspiro de alívio.
Me sento no sofá e inúmeros pensamentos tomam conta da minha mente.

°Como vou criar uma criança se mal sei cuidar de mim?

°Eu não vou conseguir ser uma mãe pra ela.

° Essa criança é fruto de um estupro, como vou encará-la? Como vou amá-la?

° Quem sabe se eu fizer aborto. Tudo isso acabará...

Mas espera o que eu estou pensando? Ela é só uma criança! Não tem culpa de nada! Quem tem culpa foi quem abusou de mim e não ela. Involuntariamente passo minhas mãos pela minha barriga. Sei muito bem o que vou ter que enfrentar daqui pra frente e não será nada fácil.

Tento comer mas meu estômago protesta, tão pequeno assim e já está me dando trabalho. Dou um sorriso e consigo me alimentar.
Pego meu celular e minha carteira e saio porta a fora.
Ando até um parque no centro de Seattle.
Me sento em um banco e fico olhando algumas mães brincando com seus filhos. E instintivamente me imagino fazendo isso.
Passo horas ali e só volto pra casa quando começa a escurecer.

Entro em casa e minha mãe está cozinhando, adentro na cozinha com o intuito de beber um copo de água, mas o cheiro da comida invade meu nariz e meu estômago da milhares de voltas. Corro em direção as escadas. Ouço minha mãe dizer algo mas não entendo. Chego ao meu quarto e entro com tudo. Chego ao banheiro e só tenho tempo de levantar a tampa da privada e colocar tudo pra fora.

Passo um tempo ajoelhada até que consigo juntar algumas forças e me levantar, ando até a pia e lavo meu rosto e escovo meus dentes. Me viro pra porta e dou de cara com minha mãe me encarando.

- O que foi com você?

- Nada de mais mãe, passei mal. Foi algo que comi no parque, isso. -tento ser o mais convincente possível.

- Sei. -diz me encarando.- Vem comer.

Se vira e sai. Cambaleando alcanço a maçaneta da porta. Abro mais uma fraqueza invade meu corpo, minha mente gira e minha visão fica escura. A última coisa que vejo é o chão do corredor e nada mais.

Notas da autora:

E ae, mais um capítulo... Se deliciem, votem, comentem e divulguem pros migos.

Byyeeee....

Mãe Solteira -[PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora