* dois dias depois*
Bem, nestes dois últimos dias não se tem passado nada de jeito: acordar, ver televisão, almoçar com o pai ou a Svetlana, ver mais televisão, ir buscar a Lauren à escola, jantar.
Enxaguar e repetir.
Ainda bem que hoje as coisas são um bocado mais diferentes. Levantei-me às 6h30 da manhã, pedi emprestado um vestido 'formal' e um blazer da Lauren, e uns sapatos altos à Svetlana ( tive de pedir-lhes, eu não nada dessas porcarias femininas), aluguei um carro - ai que adulta não é? - e meti-me a caminho do aeroporto de Heathrow para ir buscar o Sr. Park.
Park Yongsang é o tal amigo do pai que é dono de uma cadeia de cafés e restaurantes. O meu pai combinou com ele e comigo para eu o vir buscar ao aeroporto, assim "criava logo laços de patrão-empregada" ou algo assim. Foi ele que disse.
Por mim tudo bem. Desde que ele me dê um trabalho.
Mal eu chego ao aeroporto fico arrebatada com a sua grandeza. Não só em tamanho, mas só o facto de entrar num aeroporto cheio de gente, o som dos aviões, as hospedeiras a falarem pelo altifalante a avisarem os passageiros... Faz-me lembrar de quando eu vim para a Inglaterra com o meu pai.
Enfim...
Seguindo as placas vou até à área de chegada e sento-me lá ao pé numa daquelas cadeiras de plástico suuuper confortáveis (cof cof). Ligo o meu telemóvel, ponho os fones e espero por ele.
Mas não foi fácil. Apesar de (quase) ser a mesma língua, parecia que tinha entrado num planeta completamente diferente. Não conhecia ninguém, e foi muito difícil adaptar-me, ainda por cima com um pai que nunca está presente, e a tentar relacionar-me com uma madrasta que no início nem falava a mesma língua que nós.
O meu pai conheceu a Svetlana enquanto fazia uns negócios com uma empresa de capital de risco. Ela era uma repórter da televisão local, e entrevistou-o por causa do tal negócio, como uma pequena celebração da retoma das ligações entre a América e a Rússia (que nunca foram muito boas, por sinal).
Ao longo do tempo até nos demos mais ou menos bem, nunca houve grandes confianças mas também não é que estivéssemos sempre a discutir. Até que chega a chata da Lauren. Lauren Jane Conwell. Essa pirralha conseguiu dar uma volta de 180º à minha vida. Ainda me lembro como tudo aconteceu.
Um dia, para aí um mês ou dois depois da Svetlana ter vindo morar connosco, depois do jantar ela pediu para eu e o meu pai que nos sentássemos no sofá da sala, precisava de falar connosco. Disse-nos que teve uma filha (a Lauren) enquanto ainda estava no liceu, e a filha viveu com ela até entrar para o ciclo. Quando ela fez 10 anos, o seu pai biológico saiu da prisão e quis ficar com ela.
O 'plano original' era eles viverem todos juntos, mas depois de alguns episódios de violência doméstica decidiram separar-se.
Apesar da LJ ter ido viver com o pai, manteve o contacto com a mãe (obviamente) e quando soube que ela ia mudar-se para Nova Iorque quis ir também.
Dois anos e muitas peripécias depois, aqui estamos nós.
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E então, gostaram deste capítulo sem diálogo? Sou capaz de fazer mais no futuro, quem sabe :)
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Troublemaker
Teen FictionOlá, chamo-me Ann-Louise Whitemoore, mais conhecida por Lou e sou uma nova-iorquina de 19 anos, mas mudei-me para Londres há 1 mês. Provavelmente conhecem o meu último nome por causa do meu pai, Patrick S. Whitemoore. Ele é dono de uma grande empres...