O lado bom da vida

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O mu relógio de pulso marcou 7h00 da manhã e vou exatamente a hora que optei por levantar da cama, não tinha o porquê ficar deitada se eu não conseguiria dormir, passei a noite inteira acordada pensando na melhor maneira de contar ao Miguel o que aconteceu naquela boate, ensaiei algumas falas na minha cabeça mas já não me lembro de nenhuma, será na base do improviso. Estou triste por ter feito isso com o Miguel, ninguém merece ser traído mas eu preciso pensar que se eu cedi é por não está feliz, as histórias tem dois lados e cada um dos lados está certo em algo, preciso ver a situação englobando tudo e não só o lado de coitado do Miguel. A questão maior é que não ajuda nada meu pai ficar perguntando sobre o Miguel sabendo que fiz algo que não deveria, com certeza meu pai sabe que beijei o Pedro e o colocou nesse estágio como forma de me castigar por magoar meu namorado.

Ontem meus pais foram legais comigo, mesmo que agora eu esteja de castigo. Conversar com eles é relaxante pois como são mais velhos podem me acalmar, dessa forma eu sei que esses problemas irão passar ao decorrer do tempo, mas enquanto os problemas não somem, eu continuo aflita, eu preciso me descobrir e não sei por onde começar. Minha mãe disse que preciso me tornar uma mulher inteira mas o caminho até lá eu não sei qual é, eu sempre fui receosa e insegura, e baseado nas minhas escolhas, vejo que isso me torna a metade de uma mulher, como minha mãe mesma disse e preciso me encontrar de vez.

O melhor jeito de me encontrar é reparando os erros. Será que o Miguel sabe de algo? Quando vamos nos ver? Agora sem celular é complicado para marcamos, não sei se isso é bom ou ruim.
Quando se faz algo errado dizem que é impossível dormir já que a consciência pesa, e pude ver que isso é verdade, mas descobri sozinha que fica difícil até respirar e tudo pela culpa, é horrível sentir que está em suas mãos o poder de partir ao meio o coração de alguém. Talvez, se eu sumir não preciso explicar nada a ninguém. NÃO Catarina, você precisa ser mais madura, você o traiu porque quis então conte a verdade. 

Dou um longo suspiro e vou até o meu guarda-roupa. Retiro o pijama e coloco um short jeans e uma regata branca, penso em me maquiar para disfarça a feição de morta-viva mas a preguiça não permite.
Desço para cozinha para preparar um café, coisas quentes e fortes acalmam o coração, espero que sim. 

_ Mãe?_ A vejo sentada no balcão da cozinha com uma xícara branca na mão.

_ Bom dia,Catarina! Acordou cedo hoje, está bem?_ Minha mãe sinaliza para que eu sente ao seu lado. Em questão de segundos já estou sentada com uma xícara na mão.   

_ Não consegui dormir direito mas parece que você também não dormiu, no domingo sempre costuma acordar tarde. 

_ Estou com muitos problemas e não pude relaxar, assim como você. Mas há quanto tempo não ficamos sozinhas em._ Seus olhos estão cansados e tristes e isso me preocupa um pouco, espero que não seja algo sério, que seja só excesso de trabalho. 

_ Podemos conversar agora, você está mesmo bem?_Pergunto

_Estou bem sim, meu amor. É só cansaço mas logo vou poder relaxar pois eu e seu pai estamos planejando ir ao sítio mais pra frente._ Espero que não demore muito, assim ela pode esvaziar sua mente e com sorte eles me levam também.

_ Que ótimo mãe, mas cadê o papai?_ Indago.

_ Ele foi para agência hoje, é uma reunião para apresentar os estagiários e o Pedro é um deles, já soube disso, certo?

_Sim, infelizmente._ Resmungo.

_ Quero que se sinta sempre confortável para me contar as coisas, nem sempre estou tão disponível como seu pai para perceber tudo da sua vida mas isso não significa que não me importo, se abra mais comigo._ Ela diz em um tom suave e solidário.

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