A Bela e a Fera

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_ Miguel?_ Sinto um frio na espinha e por um breve segundo achei que eu poderia desmaiar por essa sensação, imagino que eu esteja branca como uma folha de ofício.

_ Eu avisei que iria vir, princesa._ Miguel sorri. Droga, se o meu pai não tivesse pegado meu celular, eu não estaria surpresa agora.

_ Quer entrar?_Pergunto e ele entra já familiarizado com o lugar.

_Então, me conta Cat, como foi a festa?_ Miguel está diferente, sua postura ereta e seu ar convicto faz com que eu me estremeça, com certeza ele sabe de alguma coisa e está aqui para tirar satisfação. Sua presença me causa arrepio e náuseas, não sei se é culpa ou se estou com medo dele.

_ Boa._Respondo tentando me acalmar. Meu coração está acelerado e posso ouvir as batidas, estou tão nervosa, preciso falar agora antes que eu perca minha voz._ Mas precisamos conversar sobre algo que aconteceu. 

_ Conversar?_ Miguel bate a mão sobre um dos vaso de flores perto do sofá que cai e se desfaz no chão em estilhaços, e eu só espero que não seja as flores preferidas da minha mãe.
Agora eu sei o motivo por estar tão aflita, agora eu sei que tenho medo. Eu sabia que Miguel com ciúmes pensava em algo para quebrar, ele não sabe lidar com sua raiva e por essa razão, eu sempre evitava situações que pudesse irrita-lo.

_Sua amiga me contou que você se divertiu muito, princesa._Miguel se aproxima. Sua voz está desafiadora e seu corpo todo treme como se ele não tivesse controle sobre si mesmo, e isso me preocupa pois se ele não tem controle, como eu posso ter?

_O que disseram? Quem disse?_ Uso toda minha força para não permitir que minha voz falhe.

_ Nada que você não se lembre. Bom, espero que lembre, será muito chato se você tiver esquecido._ Sorri sarcástico.
É isso, o Miguel sabe do beijo e visivelmente não está lidando bem com a notícia, mas a forma que ele soube não me agrada e odeio pensar que foi a Carolina que contou. Eu já não estou nervosa e com medo de magoá-lo pois agora estou apavorada e com medo do que ele vai fazer com essa informação. Miguel não parece querer conversar e terminar de forma amigável.

_ Pedro, calma._ Digo tropeçando nas palavras e por má sorte percebo que troquei os nomes. 

_ Pedro? Ainda me chama pelo nome do imbecil?_ Ele acaba com a distância entre nós e em um gesto rápido agarra meu pescoço com tanta força, que me impede de gritar e de respirar. 
Não importa o quanto as mulheres gritam, a nossa voz nunca será ouvida. Ninguém vai se importar se o Miguel me agrediu, pois ao olhar toda história irão ver que eu o trai, então ele tem razão. O que ele está fazendo comigo agora me causa temor, meu corpo luta para me manter viva enquanto ele me enforca sem remoço, minha mente está sendo afetada pois eu cismo em achar que a culpa disso é minha, que eu me coloquei nessa situação.
Lágrimas de dor descem pelo meu rosto e minhas mãos tremem, tento tirar as mãos dele do meu pescoço mas minha força está reduzida e claramente não se compara com a força física dele. 

_ Mig... para...por... favor._ Súplico. Com brutalidade ele me solta me jogando no chão e com esse golpe acabo batendo a cabeça na quina da mesa de centro da sala e isso causa um corte na minha testa e consigo sentir o sangue escorrendo.
Com isso, eu só consigo pensar na péssima ideia que tive ao deixar o som do quarto ligado, ninguém vai ouvir nada e eu não sei o que vai acontecer comigo, e não sei se o Miguel vai querer fazer algo com as mulheres da casa. Meu único pedido agora, é que Miguel não faça na com minha mãe, principalmente por um erro meu.

DestinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora