Catarina

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- Onde vamos? Estou com medo de ter me arrumado demais. _ Digo timidamente. Ele me abraça passando os dedos pelo meu braço.

- Está ótima para ocasião, mas vai sentir frio.

- Eu estou bem, relaxa.

- Já está gelada e moto venta muito. _ Moto? Será que ainda da tempo de correr? Minha cara de susto é motivo de piada pra ele.

- Eu prometo que vou devagar, se quiser que eu aumente o ritmo é só falar. _ Enquanto ele diz isso observo o movimento da sua língua que me faz ficar curiosa sobre como seria...

- Para de pensar isso, estou falando da moto. _ Ele diz gargalhando e me entregando sua jaqueta.
Evito olhar pra ele já que estou vermelha como um pimentão.

- Você vai morrer de frio, sem blusa.

- Tenho outra aqui. _ ele pega uma nova jaqueta preta.
Depois de uma certa ajuda pra subir na enorme moto, me agarro em sua cintura e fecho os olhos.

- Pode ir? _ Ele pergunta com uma preocupação na voz.

- Claro.

- Não me solta por nada. _ Pode ter certeza que não vou, a moto arranca e leva meu coração junto, tenho que parar de ser tão medrosa.

Depois desse momento de tortura, desço da moto cambaleando e praguejando mentalmente alguns palavrões.

- Tudo bem?_ Concordo com a cabeça e ele sorrir e me puxa pelo braço me levando para entrada de uma boate.

O lugar era gigante e o som alto fazia o chão tremer, não sou muito fã disso mas estava disposta a ver onde isso ia dar. As luzes deixava o Thaigo ainda mais bonito e ele sorria e parecia louco para ir dançar.

- Isso aqui é só um esquenta para o lugar final que vamos. _ Ele grita pra mim e me arrasta até o balcão, onde uma mulher morena muito bonita por sinal, serve os drinks.

- Apenas uma dose, tanto eu quanto você. _ Ele diz e pede algo que não sei o que é, a mulher coloca dois copinhos na nossa frente e fala pra mim.

- Você é novinha, não vai querer virar isso. _ Ela diz e joga uma cereja dentro do meu copo.

- Eu aguento. _ Digo e viro o copinho, desceu rasgando foi pior do que da primeira vez que bebi. Depois a garota sorri para o Thaigo que faz o mesmo que eu.

- Boa dança. _ Ela diz e agora entendo. Meu corpo ganhou uma energia nova e queria colocar pra fora, dessa vez eu que puxo o Thaigo e o levo para a pista.

Tocava dangerous woman e meu corpo estava junto ao do Thaigo, dançavamos com uma sintonia que eu não tinha nem com minhas parceiras de ballet, a cada batida da música eu sentia o toque dele em alguma parte do meu corpo, pescoço, cintura e até mesmo na minha coxa entre minha pele e a barra da meia.

- Ta como sorte hoje em Jesus. _ uma loira diz cumprimentando o Thaigo.

- Oi Ciça. _ ela a abraça e segura meu pulso, como se tivesse medo que eu fosse embora.

- Quem é a gata?

- Catarina essa é Ciça uma amiga, e Ciça essa é a Catarina. _ Ele diz e vamos andando para um lugar mais silêncioso na boate, em outras palavras, perto do banheiro.
Consegui olhar essa amiga dele melhor, ela era bem bonita, tatuada e magra, tinha cabelos loiros tão claros quanto o meu.

- Como ele conseguiu te trazer aqui? De duas uma, ele fica em casa ou sai com esquisitinhas mas hoje ele teve bom gosto. Me diz que podemos dividir Thaigo? _ Ela diz e meus olhos se arregalam. Ai caramba, como reagir a isso?

- Sai Ciça, vai caçar outro ou outra vai. _ eles se abraçam e ele olha pra mim, mas acho que disfarcei bem meu susto.

- Do jeito que falou no quarto, parecia ser o cara mas acho que não em.

- Vai do momento, com você posso ser o cara. _ Ele diz me levando até a saída da boate.
  Olhei as horas e ainda eram 21:00.

- O que foi?

- Eu te falei que aqui seria como esquenta, não é um lugar pra gente. Eu gosto de conversar com você. _ Meu sorriso é involuntário, mas minha curiosidade também, onde será que ele ai me levar?

- Está com fome? Aquela bebida me da uma puta fome.

- Pra ser sincera, to morrendo de fome também.

- Ah cara você é perfeita. _ ele diz e joga a cabeça pra trás de uma maneira muito fofa.

- Meninas são chatinhas quando você chama pra comer e fica fazendo charme, me diz que aguenta hamburguer e batata e ainda sobre espaço pra sobremessa._ Minha gargalhada preenche todo o lugar pois pessoas param pra me olhar.

- Eu posso tentar.

Conversamos por umas 2 horas, ficamos rindo, comendo e comentando sobre a vida dos outros na lanchonete tentando advinhar o que estavam pensando.

- Aquele ali que ta encarando, está se perguntando como eu tive chance de sair com você._ Ele aponta para um carinha atrás de mim.

- Dúvido.

- Vamos fazer o teste... Poxa mana, você é muito problemática além de bêbada me faz comprar isso tudo e não trouxe dinheiro. _ Ele grita e sai da mesa, indo a recepção e em seguida saindo da lanchonete. Que idiota, todos me olham agora, e em poucos segundos o garoto que estava me encarando senta na minha frente.

- Tudo bem com você garota?

- Eu não sei, você sabe como volto pra boate? Eu não sei como chegar até lá. _ Digo na minha melhor voz de bêbada e aponto para a boate do outro lado da rua.

- Não quer ir pra minha casa?_ O garoto diz e é levantado no mesmo instante, puxado pela camisa por Thaigo.

- Ela não é pra você, nem sóbria e nem bêbada. _ o garoto sai de cabeça baixa sem olhar pra mim de novo. Olho pro Thaigo e começo a rir, ele estava certo no fim das contas mas ainda era idiota, mas de um jeito convidativo para ver como é em todos momentos.

Saio cambaleando pelos cantos para o garoto não achar que mentimos.

- Você é uma ótima atriz.

- E você é um bocó, tadinho do garoto.

- Bocó? Isso era pra ser um xingamento? Mas fala sério, o cara tava tentando o impossível, você é linda e não só de rosto, acho que ninguém seria suficiente pra você.

DestinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora