A Escolha

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Enquanto Edmundo, Lúcia e Emily iam sair do navio em busca de ajuda, viram duas pessoas se aproximando de onde estavam.
-Olhem! Tem dois sujeitos vindo para cá! - Disse Lúcia.
- Me parecem familiar, vamos descer para ver quem são. - Disse Edmundo.
- Não acredito!  - Disse Lúcia.
- Pedro! - Exclamou Edmundo ao ver seu irmão mais velho.
- Susana! - Exclamou Lúcia sorrindo.
Lúcia abraçou sua irmã, que se emociona.
- O que os trouxeram até aqui? - Pergunta Edmundo.
- É uma longa história, irmão. - Disse Pedro. - Quem é ela? - Pergunta Pedro ao ver Emily.
- Essa é… - Começou Edmundo a apresentar, até ser interrompido.
- Sou Emily. - Disse a garota fazendo referência. - Ouvi muitas histórias de vocês, majestades.
- Obrigado. - Disse Pedro. - Sem formalidades, por favor. Afinal, você também é uma Filha de Eva.
- Meus reis, creio que será mais seguro vocês conversarem dentro do navio, vocês não vão querer que alguma das feiticeiras os vejam. - Sugeriu Haimdon.
- Obrigado, Haimdon, sempre tão leal e esperto. - Agradeceu Edmundo. - Esse grifo foi nosso grande aliado e amigo, foi quem nos protegeu durante esses dias aqui em Nárnia. - Apresentou Edmundo, o grifo ao seu irmão.
- Vamos, entrem! - Convidou Lúcia para entrarem no camarote de Caspian.
- Vão. Será mais seguro. - Disse Haimdon. - Ficarei aqui, vigiando e protegendo vocês.
Emily ficou do lado de fora do camarote. Edmundo ia fechar a porta e viu a garota sozinha do lado de fora.
- O que está fazendo aí sozinha? - Perguntou Edmundo.
- Bom, como é uma reunião de reis eu acho que minha presença não é muito importante no momento. - Disse Emily.
- Não seja boba, você é uma filha de Eva, entre, se preferir. - Disse Edmundo.
- Depois irei. - Disse Emily.
- Aonde vai? - Indaga Edmundo.
- Vou pegar algo para seus irmãos comerem, eles devem estar famintos, assim como nós ficamos antes de encontrar Haimdon. - Disse Emily.
- Tem razão. - Bom, obrigado pela preocupação… - Disse Edmundo.
- Não agradeça, eles são reis, irmãos do garoto chato que me salvou, é o mínimo que posso fazer. - Disse Emily indo em direção à cozinha.
- Ei! - Protestou Edmundo, mas a garota já havia ido embora, o garoto fica confuso com o agradecimento que a garota. - O quê? Garoto chato? - Perguntou ele a si mesmo entrando no camarote em que estavam seu irmãos.
- O que aconteceu com Susana? - Pergunta Edmundo ao ver sua irmã deitada na cama desacordada. - Está desmaiada? - Indagou o irmão em desespero.
- Calma Edmundo. Ela só está dormindo. - Disse Lúcia.
- Ela está abatida, o que aconteceu? - Perguntou Lúcia a Pedro.
- Vimos coisas ruins acontecerem, ainda mais pelo o que aconteceu com Caspian. - Disse Pedro apreensivo.
- Caspian? Ele veio com vocês? - Pergunta Edmundo.
- O que aconteceu com ele? - Pergunta Lúcia preocupada.
- Ele... se sacrificou por nós, para sairmos do submundo, a terra da Feiticeira Verde. - Disse Pedro.
- Não! Não pode ser! - Disse Lúcia chorando sendo abraçada por Edmundo que estava chocado com a notícia.
Alguém bateu na porta.
- Pode entrar. - Disse Pedro.
- Abra a porta para mim, por favor. - Disse Emily.
- Emily! Perdão, não sabia que estava com as mãos ocupadas. - Disse Pedro ao ver  a garota segurando um prato de prata com bastante comida e uma jarra com água.
- Obrigado pela gentileza. - Agradeceu Emily.
- Disponha, Grande Rei Pedro. - Disse Emily.
- Sem formalidades, por favor . - Disse Pedro.
- Susana, acorde. - Disse Lúcia.
- Ela parece estar fraca. - Disse Emily pegando um copo e enchendo-o de água.
Susana acorda assustada e exasperada.
- Calma, o que foi? - Pergunta Lúcia.
- Eu vi destruição em Nárnia, vi destruição do nosso mundo. - Disse Susana.
- Minha irmã, foi apenas um sonho. - Disse Pedro tentando acalmá-la.
- Beba, deve estar com sede. - Disse Emily dando um copo de água para Susana.
- Obrigada. - Agradeceu Susana.
- Coma, minha irmã. - Disse Pedro oferecendo comida.
- Não. Mais tarde irei comer. - Disse Susana.
-Mas… - Pedro ia protestar.
- Não insista Pedro, depois irei comer. Ainda estou um pouco tonta e enjoada. - Disse Susana deitando-se.
- Abra a boca. - Pediu Lúcia pingando uma gota de suco da flor de fogo na boca de sua irmã. - Logo estará melhor.
Os céus ficaram cobertos de nuvens cinzas, logo começou a chover.
Edmundo abriu a portinhola em que Haimdon pudesse entrar.
- Venha Haimdon, entre logo! - Disse Edmundo.
O grifo baixou-se para dentro do navio. Emily também estava lá.
- A chuva está forte. - Disse Emily.
- Como está a Rainha Susana? - Pergunta Haimdon.
- Está melhor agora, ela já se alimentou. - Disse Emily.
- Vou lá, devem estar esperando por mim. - Disse Edmundo. - Você vem? - Pergunta Edmundo a Emily.
- Não, ficarei aqui com Haimdon. - Disse Emily acariciando o grifo.
- Está bem. - Disse Edmundo abrindo a portinhola e indo para o camarote.
- Lúcia contou quem nós encontramos no castelo? - Pergunta Edmundo ao abrir a porta do camarote.
- Não, estava esperando você para contar, afinal, foi você quem havia encontrado ele primeiro. E também Susana estava desacordada, com certeza ela queria ouvir, agora que ela está melhor e todos nós estamos aqui, nada melhor que contar agora. - Explicou Lúcia.
- Será que devo contar? - Pergunta Edmundo num tom sarcástico.
- Não me faça levantar daqui para bater em você! - Ameaçou Susana.
- Está bem, eu conto. - Disse Edmundo. - Eu estava andando pelo castelo silenciosamente, pois não saberia o que encontrar, até que vi uma luz dourada, passos que iluminavam ao invés de deixar sombras, era Aslam, quando vi ele meu medo de achar algo perigoso havia passado, sentia uma segurança invadir meu peito, corri para abraçá-lo e quando notei já estava com uma armadura. Depois conversamos, ele disse que Nárnia precisa de nós, pois o inimigo não é uma feiticeira como antes, dessa vez são duas, mas não sabemos como e quais são seus planos, se irão trabalhar juntas ou separadas.
- O que mais ele disse? - Indaga Pedro.
- Ele me disse que devemos ir para Cair Paravel. - Respondeu Edmundo.
- Nárnia está ficando mais sombria e perigosa. - Disse Susana.
- Todos os seres estão correndo perigo a cada instante esse mal vai crescer. - Disse Pedro.
- Mas essa hora, com essa tempestade não podemos sair. Descansem vocês dois, principalmente você, Susana. - Avisou Edmundo.
- Obrigada pela preocupação, irmão. Mas estou bem, não se preocupem. - Disse Susana.
- Então iremos pela manhã. - Disse Pedro.
- Continuando… Eu e Aslam ouvimos um grito, era Lúcia, quando chegamos lá vimos Liliandil congelada, não petrificada, congelada. A Feiticeira Branca está mais forte do que nunca. - Disse Edmundo. - As pessoas e criaturas que estavam na casamento de Caspian ainda permaneciam lá, mas em estado de transe, então Aslam os colocou em um sono profundo, só despertarão quando tudo estiver bem.
- Temos que estar prontos a qualquer momento para qualquer coisa que possa acontecer. - Disse Pedro.
- E não foi só isso que ele nos contou. Aslam disse que a Feiticeira Verde pretendia nos levar até Charn. - Disse Edmundo.
- Charn? - Indagou Pedro.
- É o mundo de origem de Jadis. - Disse Lúcia.
- Isso não é nada bom. - Disse Susana. - Deve haver algo que ela queira de lá, por isso que ela tentou enviar vocês para tal lugar, mas seu plano deu errado e assim ela nos trouxe até aqui. - Disse Susana usando seu raciocínio lógico.
- Mas por quê ela mesma não vai até lá? - Questiona Lúcia.
- Ela deve temer algo. - Supôs Pedro. - Tem algo que Jadis disse fez a feiticeira verde ficar interessada.
- Uma coisa eu já sei, ela quer alguém para fazer algo por ela. Agora faz sentido ela ter tentado sequestrar Emily. - Disse Edmundo. - Se não fosse Haimdon ela já estaria nas mãos dela.
- A feiticeira verde estava montada em um enorme morcego. - Disse Lúcia.
- Vimos criaturas assim quando nos perdemos e acabamos parar no Reino daquela bruxa verde. - Disse Pedro.
- Mas antes disso quase fomos pego por um urso polar, e ainda vimos Jardim Congelando o deus do rio, temos que defendê-los. - Disse Susana.
- Concordo, mas já está ficando tarde e estou ficando com... - Disse Edmundo bocejando. - sono.
- Vou dormir também, boa noite. - Disse Pedro a suas irmãs.
- Boa noite. - Responderam Lúcia e Susana a seus irmãos.
- Ah Ed, diga a Emily para vir dormir conosco. - Disse Lúcia.
- Está bem. - Disse Edmundo ao fechar a porta.
- Você vem? - Perguntou Pedro.
- Não, ainda tenho que ir lá com Haimdon e Emily. - Disse Edmundo.
Já era noite, os reis passaram a maior parte do tempo discutindo seus planos e contando o que ocorreu durante seu trajeto. Edmundo viu Emily sozinha olhando para o céu.
- Apreciando as constelações. - Disse Edmundo.
- Ah, é você. - Disse Emily. - Vejo que tirou sua armadura.
- É, ela se torna inútil quando não há batalhas para lutar. Mas a guerra está chegando, temos que estar prontos para quando ela chegar. - Disse Edmundo.
- Você não tem medo? - Pergunta Emily.
- Aprendi que temos que enfrentar nossos medos, cedo ou tarde teremos que fazer isso, não importa o que aconteça. - Disse Edmundo.
- Não imaginava que diria isso, mas você tem razão. - Concordou Emily.
- Eu só não sei o porquê de estar aqui. As vezes eu só queria acordar para que tudo isso fosse embora. - Disse Emily.
- Eu te entendo. - Disse Edmundo.
- Me entende? - Pergunta Emily.
- Claro. Você deve estar se perguntando porque acontecer justo com você, mas não se preocupe, Aslam nos ajudará. - Disse Edmundo encorajando a garota.
- Como você tem certeza? - Pergunta Emily.
- Tenha fé, isso é o que importa. - Disse Edmundo. - Acredite que retornará ao seu lar, seu trabalho, sua família. - Disse Edmundo.
- Obrigada. - Agradeceu Emily.
- Pelo o quê? - Pergunta Edmundo.
- Por não ter desistido de mim quando fui sequestrada por aquela coisa. - Disse Emily.
- Aslam acreditou em mim que eu seria uma pessoa melhor, assim como meus irmãos, mesmo não merecendo eles me deram uma chance, o que carrego como cicatriz é a culpa por ter traído meus irmãos. - Disse Edmundo. - Mas por quê você se veste de homem? - Pergunta Edmundo rindo mudando de assunto.
- Você deve saber que o Mercado de Trabalho é um mundo onde as mulheres não são muito valorizadas, ainda mais porque poucas mulheres estão no ambiente de trabalho. - Explicou Emily. E também eu preciso, pois minha família é apenas minha mãe que está doente, meu pai nos abandonou assim que minha mãe ficou doente.
- Puxa! Desculpa por ter te atrapalhado naquela noite, se não fosse por mim você estaria... - Desculpou-se Edmundo.
- Eu o provoquei. Não há nada a se desculpar. - Disse Emily.
- Então estamos quites. - Concluiu Edmundo.
- O céu está lindo, não é? - Pergunta Emily admirando o céu.
- Concordo. - Disse Edmundo. - Bom… vou ver como Haimdon está. Boa noite.
- Boa noite. - Respondeu Emily.
- Ah, quase me esqueci. - Disse Edmundo. - Lúcia lhe convidou para dormir no camarote com elas.
- Depois eu vou. - Disse Emily.
- Boa noite, Emily Lesslaw. - Disse Edmundo.
- Como sabe meu sobrenome? - Pergunta a garota.
- Eu vi no seu crachá, no dia do incidente que nós trouxe até aqui. - Disse Edmundo.
- Boa noite.- Disse Emily irritada.
Edmundo desceu para Bombordo, onde o grifo estava.
- Majestade, o que traz o senhor até aqui? - Pergunta Haimdon.
- Vim ver como está meu caro amigo. - Disse Edmundo se aproximando do grifo.
- Estou ótimo. - Disse o grifo.
Os dois conversaram por horas até adormecerem. Emily foi para o camarote de Lúcia e Susana, ela dormiu, mas acabou acordando no meio da noite e consequentemente perdeu o sono. Assim, a garota saiu e para tomar um ar e foi em direção à popa, apreciando a paisagem, e sentindo o frio que ganha força à noite. Emily escuta passos atrás dela e diz:
- Não venha me irritar novamente, Edmundo. - Disse ela se virando.
- Não sou Edmundo, mas creio que ele fez alguma coisa que tenha o deixado irritada. - Disse o Grande Leão.
- Aslam? O que faz aqui? Pensei que estivesse ocupado... - Disse Emily sendo interrompida pelo leão.
- Sim, mas vejo que está assustada e com medo, com isso lhe darei uma chance de fazer sua escolha. - Disse o leão soprando no rosto da garota, fazendo ela fechar seus olhos.
- Onde estou? - Pergunta Emily ao ver que não está mais no navio.
Emily estava perto de um lago, havia muitas árvores próximas uma das outras que não dava para enxergar o céu, a luz ecoou das folhas verdes que refletiam nos lagos, o sol parecia ser mais intenso do que o nosso mundo ou de Nárnia. Emily estava tão calma com o ambiente em que estava que parecia que seus problemas desapareceram.
- Você está no Bosque entre Dois Mundos. - Disse Aslam. - Trouxe você aqui para fazer uma escolha.
Emily estava diante de um lago, logo percebera que esse lago dava para ver Cambridge, o lugar de onde mora. Vendo a sua casa uma vontade de retornar ao seu lar aumentou.
- O que são esses lagos? - Pergunta Emily.
- São passagens mágicas que levam à outros mundos. - Responde o leão.
- Você escolhe entre voltar para casa ou ajudar Nárnia. - Disse Aslam. - Mas suas escolhas causarão consequências. Se você decidir retornar à sua casa não se recordará de nada de sua ida ao meu mundo.
- E se eu decidir ajudar? - Pergunta Emily.
- Qualquer desejo que fará à mim eu realizarei. - Prometeu Aslam.
Emily estava em dúvida, pois queria voltar para casa, mas ao mesmo tempo estava gostando de estar em Nárnia, mas seu medo era o seu inimigo, até que a garota lembra do conselho de Edmundo, que ela deve enfrentar seus medos, cedo ou tarde. Logo percebeu que sua falta de fé era o que tornara seu medo mais forte e assim tomou sua decisão. Pois é a chance de provar que tem coragem e que acredita em si mesma.
- Já tomei minha decisão. - Disse Emily. - Irei ajudar sem interesses, mas para provar a mim mesma que sou capaz de tal tarefa. - Disse Emily convicta.
- Eu tenho uma missão para você. - Disse Aslam caminhando em direção à outro lago. Passando por um lago em que se via o navio em que estava a alguns instantes, era Nárnia.
- Aonde irei? - Pergunta Emily ao perceber que sua tarefa não será em Nárnia.
- Você irá à Charn, terra de origem de uma antiga inimiga de Nárnia. Creio que já deve ter escutado seu nome. - Disse Aslam.
- Jadis. Estou certa? - Pergunta Emily confusa. A garota pensou: "Mas se esse é o Bosque entre Dois Mundos por quê há lagos que levam à  outros mundos?" perguntou a si mesma.
- Sim. A Feiticeira Branca. - Disse Aslam.
- E qual é será a minha missão? - Pergunta Emily.
- Sua missão é encontrar um livro e destruí-lo. - Disse Aslam.
- Como é esse livro? - Pergunta Emily.
- Você saberá quando encontrá-lo. - Disse Aslam.
- Como chegarei lá? - Perguntou Emily.
- Mergulhando no lago. - Disse o Grande Leão.
- Me deseje sorte. - Disse Emily pulando no lago.
- Você não precisa. - Disse Aslam. - A fé é que você precisa.
O leão olhou para uma folha que estava na árvore próxima ao lago que leva à Nárnia, e soprou o fazendo cair a folha com algo escrito nela e caiu no lago, sendo engolida pela lagoa. O leão saltou na lagoa desaparecendo-se do bosque, Aslam estava no porto de Nárnia, olhando para o Peregrino da Alvorada, a âncora foi puxada automaticamente, sozinha, como se alguém fizesse isso manualmente, as cordas se soltaram da madeira que estava presa, o leão soprou e o navio zarpou em direção ao leste.

Hey, o que estão achando da estória? Bom, os próximos capítulos prometem, isso eu posso ter certeza.
E agradeço a vocês que comentam, votam na minha estória,  e aos que estão pacientemente acompanhando! E sim, leio todos os comentários, e gosto muito que tenham adorado o enredo.

Um abraço e avante!!!

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